Pedro Nuno Santos critica "incapacidade de fazer escolhas" dos governos anteriores
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, encerrou o 24.º Congresso do PS, realizado neste fim-de-semana, com a garantia de que na sua liderança, enquanto primeiro-ministro, procurará "vencer o desafio da transformação estrutural" da economia portuguesa.
"Só com uma economia mais sofisticada, diversificada e complexa podemos produzir com maior valor acrescentado, pagar melhores salários e gerar as receitas para financiar um Estado Social avançado", disse Pedro Nuno Santos, retomando um discurso iniciado desde o lançamento da sua candidatura à sucessão de António Costa.
No seu discurso, o novo líder do PS admitiu que "a incapacidade de fazer escolhas levou a que sucessivos programas de incentivos se pulverizassem em apoios para todas as gavetas, de forma a assegurar que ninguém se queixava". E foi ainda mais claro na crítica implícita a anteriores governos, muitos dos quais socialistas, ao acrescentar que "os sucessivos programas de incentivos em Portugal foram dos que sistematicamente apresentaram menos seletividade na União Europeia".
Depois de os congressistas terem assistido a um vídeo de homenagem às cinco décadas de história do PS, com imagens de Mário Soares, Jorge Sampaio e António Costa e de si próprio, Pedro Nuno Santos começou o discurso com referências aos 50 anos do 25 de Abril. Mas deixando claro que sobre a sua equipa "recai a enorme responsabilidade de escrever um novo capítulo no livro da governação do PS e do desenvolvimento do nosso país".
Garantindo que "nenhum partido neste país tem maior determinação do que o PS para responder aos desafios que se colocam para o futuro", o novo secretário-geral atacou a direita por "organizar o mundo em função de uma competição geradora de poucos vencedores e muitos vencidos".
"A ambição de um país desenvolvido, dinâmico e criativo, de empresários e de trabalhadores, de produtores que não esquecem as gerações vindouras, onde ninguém é de facto esquecido, onde todos se sentem cidadãos de pleno direito, onde ninguém é invisível, descartável ou visto como um fardo", disse Pedro Nuno Santos, ao valores das "expectativas e ambições legítimas do que queremos para o nosso país".
Críticas à direita
Para o final do discurso, depois de ter apontado diversas medidas que pretende implementar num futuro governo saído das legislativas de 10 de março, nomeadamente com a definição de um novo indexantes de atualização das rendas baseado na atualização dos salários e uma reforma das fontes de financiamento do sistema da Segurança Social para que não dependa apenas de contribuições pagas pelo trabalho, Pedro Nuno Santos voltou a fazer mira à direita
"A direita transformou a principal função de um político - tomar decisões - numa coisa negativa, errrada, indesejada. Mas é compreensível: para a direita, decidir representa um pesadelo", disse o novo líder socialista, defendendo-se também dos recorrentes ataques feitos por Luís Montenegro à sua atuação enquanto ministro das Infraestruturas na TAP e no dossier da localização do novo aeroporto de Lisboa.
Apontando "inexperiência e impreparação governativca" à direita, que neste domingo vai assinar o acordo de coligação da Aliança Democrática, juntando PSD, CDS-PP e PPM, Pedro Nuno Santos disse que é por isso que os seus adversários eleitorais "terão de estudar a solução para a alta velocidade" e "terão de criar um novo grupo de trabalho para estudar a localização de um aeroporto essencial para o desenvolvimento e adequada internacionalização do país".
Ao que apresentou como a indecisão da direita, o secretário-geral do PS repetiu a palavra "avançar" no encerramento do seu discurso. "Avançar é resolver os problemas e responder às legítimas ambições dos portugueses; avançar é modernizar o país, qualificar o emprego e tornar a economia mais sofisticada e mais diversificada; avançar é aumentar rendimentos e garantir justiça a quem trabalha e trabalhou toda uma vida; avançar é olhar os jovens nos olhos e dizer-lhes que o país tem futuro para eles", disse.
"Estabilidade não é inércia, não é paralisia, não é indcisão. É, antes, a capacidade de uma nova liderança manter um ritmo disciplinado e em coerência com o passado e com os nossos valores, sem surpresas e sem ruturas", concluiu.