Por unanimidade. Paulo Raimundo eleito novo secretário-geral do PCP
O dirigente Paulo Raimundo foi eleito secretário-geral do PCP por unanimidade, anunciou este sábado a direção comunista. O anúncio foi feito por Margarida Botelho, do Secretariado do Comité Central comunista: "O Comité Central elegeu Paulo Raimundo como secretário-geral do PCP. A proposta foi aprovada por unanimidade. O camarada Paulo Raimundo entendeu não votar."
Paulo Raimundo, de 46 anos, é o quarto secretário-geral do PCP em democracia, sucedendo a Jerónimo de Sousa, que abandonou o cargo por razões de saúde ao fim de 18 anos.
O novo secretário-geral do partido é um de cinco dirigentes que pertence em simultâneo ao Comité Central, Comissão Política e Secretariado. Funcionário do partido desde 2004, Paulo Raimundo é descrito pelo PCP como um operário.
Nascido em 1976, Paulo Raimundo aderiu à JCP em 1991, e ao PCP em 1994, passando a funcionário dez anos depois, iniciando uma ascensão rápida aos organismos diretivos. Apenas dois anos depois de se filiar, foi eleito para o CC, em 1996.
Em 2000, subiu à Comissão Política, em 2016 foi eleito para o Secretariado. Em 2020, é eleito para estes dois órgãos, ao lado de nomes como Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e José Capucho.
Paulo Raimundo nasceu em Cascais, no distrito de Lisboa, filho de pais naturais de Beja que se fixaram em Setúbal. De acordo com os dados biográficos divulgados pelo PCP, frequentou a Escola Primária do Faralhão, na freguesia do Sado, Setúbal, e passou a infância "entre a vivência "de rua" e acompanhar a mãe nos trabalhos na agricultura, nas limpezas e nas obras".
Exerceu a atividade de padeiro e carpinteiro por algum tempo - o PCP não indica quanto - e tornou-se funcionário aos 19 anos. Fez o 5.º e 6.º anos pela telescola, e frequentou a Escola Secundária da Bela Vista, onde, no 10.º ano, integrou as listas para a associação de estudantes. Acabou o 12.º ano à noite como trabalhador-estudante e não frequentou o ensino superior.
A história democrática do PCP foi escrita até hoje com três secretários-gerais, desde o histórico Álvaro Cunhal, o discípulo de Moscovo que viveu na clandestinidade e revitalizou um cargo que esteve 25 anos desocupado, até ao operário Jerónimo de Sousa, adepto da sabedoria popular e que em 2015 apresentou a António Costa um acordo à esquerda para "afastar a direita do poder".
Paulo Raimundo, um quadro proeminente dentro do partido, apesar de desconhecido na esfera mediática, vai agora escrever o próximo capítulo.