"Os Açores nunca colocaram em causa a sua alma lusa mas podiam fazê-lo por Portugal se tornar comunista"
No seu livro A Grande Guerra nos Açores recorda o ataque do submarino alemão, o U-155, anteriormente submarino-cargueiro Deutschland, a Ponta Delgada. É óbvio que isso é no contexto da Primeira Guerra Mundial, na qual Portugal era beligerante mas muitas vezes me interrogo como é que estas ilhas, tão estratégicas no meio do Atlântico, conseguiram continuar a ser portuguesas até hoje, ou seja, mesmo sendo cobiçadas ao longo dos séculos por outras potências. Como se explica?
Basicamente porque Portugal esteve sempre de acordo, ou conivente, com a potência marítima da época. Nos primórdios, o domínio dos mares era nosso, seguindo-se Espanha até à derrota da Armada Invencível. Durante esse período e ao longo do século seguinte [XVII], as ilhas padeceram de um forte assédio protestante até chegarmos ao domínio pela velha aliada Inglaterra que apenas perderá o "título" de Rainha dos Mares no século XX, definitivamente a partir da Segunda Guerra Mundial. Coube esse papel a outra nação amiga, os Estados Unidos, que irão desenvolver bases no arquipélago, mesmo que inicialmente temporárias, retribuindo a Portugal com o convite para integrar a NATO, o que poderá ser encarado como um reconhecimento ao fascismo português.
Essa proteção da potência marítima é importante para Portugal historicamente e não só nas ilhas. Falando da defesa dos Açores, se tivesse que identificar a maior ameaça externa que o arquipélago sofreu, o maior risco para a soberania nacional, qual seria?
Pensando em situações de extrema gravidade, diria por ordem crescente: a Guerra da Restauração, em que as ilhas aguardavam o regresso das tropas espanholas, gerando o maior ciclo de fortificação militar abaluartada do país por quilómetro de costa; a Primeira Guerra Mundial, bem demonstrado no ataque a Ponta Delgada de 4 de julho de 1917, gerando um pedido de indemnização no Tratado de Versalhes e estabelecimento de uma base aeronaval americana nessa cidade; e por fim, a possível concretização do plano americano Rainbow 5 visando anexar os Açores a 22 de junho de 1941, considerada a sua maior operação militar antes de entrarem no conflito.
Chegou a haver risco de os alemães ou os americanos tentarem mesmo a tomada dos Açores?
Sim, mas de forma mais grave na Segunda Guerra Mundial, dada a possibilidade de se desenrolar a Operação Felix. Sabe-se que dos três planos nazis para controlar o Atlântico e invadir os Estados Unidos, dois tinham nos Açores áreas de projeção de forças. A Alemanha chegou mesmo a desenvolver um bombardeiro especificamente para atacar os Estados Unidos a partir das ilhas, sem grande sucesso.
E não foram executadas nem essas invasões alemãs nem a anexacãao de antecipação americana, porquê? Sabe-se?
A que maior perigo apresentou foi a operação americana. Mas uma vez que os serviços secretos britânicos tiveram conhecimento de que nesse dia a Alemanha iria abrir a frente soviética, terão alertado os americanos para uma possível desestabilização, caso avançassem e fazendo perigar importantes segredos relacionados com a espionagem ou descodificação Enigma. Por sua vez, os alemães privilegiaram o projeto do Exército, dada a falta imediata de carburantes e borracha, adiando a operação na Península Ibérica e no Atlântico para o ano seguinte. Subsiste a dúvida se os americanos conseguiriam tomar as nove ilhas, sendo plausível que teríamos sido "cilindrados", dada a reorganização do incompleto dispositivo militar nas ilhas, minimamente capaz seis meses depois. Em 1942 tínhamos 26 500 soldados expedicionários que se juntaram aos 4500 açorianos, protegendo com infraestruturas militares as três principais ilhas. Falamos do período mais curto da história dos Açores com maior empenho económico e militar de defesa dado que, caso a Operação Felix fosse desencadeada, o Estado Português mudar-se-ia para Ponta Delgada.
Fala-se da ideia americana de usar nos Açores, se necessário, tropas luso-americanas e brasileiras, certo? Para evitar combates?
Sim. Luso-americanos pela emigração e brasileiros pela afinidade. Os brasileiros seriam os primeiros.
De facto, o Brasil enviou um corpo expedicionário para a Europa durante a Segunda Guerra Mundial, mas acabou a combater em Itália...
Correto. Em Santa Catarina, em 2010, numa das visitas aos "pés dos castelos", encontrei um idoso que afirmou ter passado o período do conflito a aguardar uma ordem de embarque rumo a uma operação secreta, algures na Europa, e que não era na Itália. Sem que o fosse, chegamos à conclusão de que seria provavelmente aos Açores, cancelada em virtude da Operação Barbarossa.
Mas essa preparação era para evitar uma suposta invasão alemã?
Afirmativo. Trata-se de uma estratégia de negação uma vez que os alemães tinham tropas terrestres junto aos Pirenéus, aguardando ordens para atravessar a Península Ibérica rumo a Gibraltar, decorrendo com grande eficácia a Batalha do Atlântico, também nas áreas envolventes às ilhas. Não podendo controlar fisicamente o território, essa potência pretendia atuar na zona de influência, negando o acesso e a progressão firme a outra que, entretanto, passou a disputar esse espaço de profundidade atlântica. Simultaneamente, salvaguarda-se a passagem dos comboios logísticos que mantêm a economia e os países amigos em guerra. Se essa influência ou domínio ocorrer pela diplomacia, tanto melhor, mas todos os cenários são traçados pelos beligerantes, inclusive os ingleses - para quem a questão era logisticamente fundamental. Por parte do Estado Novo, ordena-se uma luta contra qualquer potência não autorizada até ao último homem. O colapso da frente soviética, o desembarque aliado no Norte de África e o desenvolvimento dos porta-aviões de escolta no Atlântico, entre outros importantes aspetos, possibilitaram um volte-face no conflito, retirando tensão sobre o arquipélago e reorganizando o pensamento político português face aos beligerantes, ponto de partida para entendimentos diplomáticos que irão desembocar em apoio ao nível de infraestruturas aéreas e portuárias em Faial, Terceira, São Miguel e Santa Maria. Mantendo esta importância durante a Guerra Fria, hoje não será de admirar a redução do contingente norte-americano nas Lajes, em simbiose com o desenvolvimento tecnológico, mas por mais pequeno que seja, só o facto de os americanos permanecerem na Terceira é um sinal de negação para que outros se estabeleçam nesta parte do Atlântico.
Impede que alguém venha. ..
Exatamente, ao negar-se a ocupação concorrencial desse espaço.
Já vamos a essa parte. Quando fala dessa possível invasão americana era previsível que, apesar de tudo, houvesse um sentimento de resistência nacional nos Açores. Ou seja, o que lhe pergunto é: Portugal sempre teve cuidado no povoamento dos Açores e, tirando alguns flamengos que vieram, procurou que a colonização fosse feita com continentais, ou seja não foi propriamente uma colonização aberta a todos.
Em moldes gerais sim, tornando-se necessário entender como foi feito o povoamento. Deu-se sob o pulso da nobreza e do clero, normalmente filhos segundos de importantes famílias, que são usualmente portadores do "espírito lusitano" quando não interfere com os seus interesses, não admitindo - e com poderes para tal - que se pense de forma diferente. Nem o povo, profundamente analfabeto e miserável, fazia da identidade ou da política uma questão prioritária. Na senda dos antepassados, procurava a melhoria das condições de vida em total obediência às ordens privilegiadas. Ao longo da história dos Açores, situações anómalas permitem perceber ainda melhor a influência das elites, nomeadamente em contextos de guerra civil. Quais são, qual o alcance da sua influência ou rede de contactos etc., e são desafios fascinantes para a historiografia das ilhas, nacional e mesmo internacional.
Fala, no fundo, das ligações das elites a determinados países.
Era uma realidade nos Açores, crescendo desde muito cedo para ambas as margens do Atlântico embora com maior incidência nas Américas e na Europa, bem demonstrada na riqueza e na diversidade dos nossos jardins botânicos. No século XX, será mesmo alvo de preocupação pelo governo central por alturas das guerras mundiais, solicitando-se às autoridades de confiança, os governadores civis e militares, se os açorianos estavam abertos a mensagens externas, inclusive via emigração. No final da Primeira Guerra Mundial, quando uma comissão de notáveis oferece o arquipélago para ser uma estrela na bandeira dos Estados Unidos, o governo central preocupava-se em entender a influência das tropas americanas junto dos açorianos. O mesmo acontecerá na Segunda Guerra Mundial, mas de forma mais controlada pelo Estado Novo, desenvolvendo precocemente uma censura militar nas ilhas visando apreender a ação de uma expedita quinta coluna cuja espionagem era altamente eficaz. Durante este período (primeira metade do século XX), o governo central estará igualmente empenhado em controlar a instabilidade interna e as elites, influenciadas pelos agitadores monárquicos ou deportados políticos cuja ação se fará mais sentir junto dos populares.
O período mais complicado desse possível independentismo açoriano ou de uma anexação por outra potência foi no período revolucionário pós-25 de Abril de 1974?
O fenómeno independentista torna-se mais forte e notório em 1975, dividindo opiniões entre uma autonomia ou a independência. Trata-se de uma situação a analisar com cuidado até mesmo porque muitos intervenientes estão vivos, gerando debates que usualmente baralham mais do que esclarecem. É um facto que existe uma certa camuflagem ou mesmo um pacto de silêncio, difícil de quebrar. Cabe ao historiador esperar pelo tempo histórico certo e recolher o máximo de informação, salvaguardando os arquivos. Novamente, caímos no papel das elites num movimento que remonta ao final do século XIX (I Autonomia), condicionado de tal forma à política nacional que na II Autonomia, já em ditadura militar, é reorganizado de modo a aceitar de forma geral que António Oliveira Salazar aumente as responsabilidades, limitando as verbas. As elites açorianas acompanham o sentimento generalizado de saturação e confusão política, económica e social advinda da I República e anterior, normalmente agravado pelo isolamento e custo dos transportes aliado a uma clara perceção política advinda de motins ou destruição de cadeias de comando dependente dos governadores, o último, uma consequência da emblemática manifestação de 6 de junho de 1975 em Ponta Delgada.
Mas quando chegamos a 1975 esse movimento é mais independentista ou é mais a favor de uma anexação pelos Estados Unidos no quadro de um eventual o regime comunista em Portugal, no quadro da Guerra Fria?
Começo por salientar que não sou a pessoa mais apta para abordar essa questão, podendo contudo opinar. Posso falar na perspetiva do investigador que na sua reforma irá trabalhar esse assunto. Nas pesquisas encontrei pelo menos 12 movimentos, apesar de na prática ser apenas o de maior dimensão - e preocupação - a Frente de Libertação dos Açores, supostamente um movimento com apoio interno e externo (emigração nos Estados Unidos). Regressamos ao discurso das elites e do comum dos mortais, divergentes quando abordados na minha leitura.
Mas diga-me o que sabe. Não acha que esteve em cima da mesa mesmo a hipótese de uma independência?
Acredito que sim, caso o país optasse pela via soviética. Penso ser seguro afirmar que, pelo facto de nem o povo nem as elites dos Açores quererem seguir a via do comunismo, os Açores podiam ter-se desconectado do todo nacional enveredando por uma outra solução. Qual, é ainda motivo de debate.
Nove ilhas. Estariam de acordo?
Apesar de ser um tema que fomentaria muito debate ao tempo, acredito que sim, mas entramos nos "ses" da história. Na Autonomia de 1895 só Terceira e São Miguel alinharam, seguindo-se as restantes mais tarde.
Não era uma rejeição de Portugal em 1975, era uma rejeição do comunismo em Portugal?
Sim, do comunismo em Portugal, não da pátria, embora existam obviamente exceções. Os Açores nunca colocaram em causa a sua alma lusa mas podiam fazê-lo por Portugal se tornar comunista. Aliás, fomos Portugal em várias épocas e principais intervenientes nas Lutas Liberais, ajudando D. Pedro IV a repor a Carta Constitucional. Os Açores ao longo da história foram atacados e saqueados por serem portugueses mas nunca se colocou em causa o sentimento patriótico. E atente-se que em ilhas não há por onde fugir, estando o socorro no mínimo, em outra ilha.
Ataques de piratas, sobretudo.
Pirataria e corso. Dado o regime de ventos e a centralidade atlântica, vinham argelinos, holandeses, franceses e ingleses, entre mais. Em embarcações de madeira movidas a vento, procuravam, para além de saque, comida. Cereal ou laranjas frescas no meio do Atlântico tornavam-se assim apelativas a um ensaio às defesas de terra que, em falta, podiam gerar saques em que se levava tudo, desde gentes para escravatura ou preenchimento de tripulações ao erário público e enxergas. Branquinhos, católicos, gentes de rei inimigo mas com água e comida fresca, um ataque a terra era sempre apelativo caso o esperado saque no mar não acontecesse .
Chegou a haver, então, até incursões dos piratas argelinos para o mercado de escravos de Argel?
Sim, sim.
Para vir buscar gente cá?
Levavam, para depois vender. Santa Maria começa por ter problemas logo em finais do século XV, conhecendo-se o rapto de mulheres e crianças para os mercados de escravatura no norte de África. Dadas as características do nosso povo, eram dos mais valiosos.
Tudo isso os Açores sofreram.
Sofreram, sofreram.
Saltemos para o presente. A autonomia que resulta da Constituição de 1976. Acalma toda essa tensão independentista que vinha do PREC?
Sem dúvida. Resolvida paulatinamente a tensão no continente e entendida, "a ferros", a especificidade insular, o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, longe de ser um documento perfeito, tem vindo a ser refinado numa relação que se espera profícua entre os governos regionais e o central. O nosso isolamento e dispersão por nove ilhas, bem no coração do difícil Atlântico Norte, assim o exige, assim como quase 600 anos de história dos quais 500 liderados por personalidades sem qualquer tipo de contacto ou vivência entre nós. Relembro que em plena II Autonomia, e Segunda Guerra Mundial, camponeses açorianos corriam risco de prisão porque negavam a estrada apontada em guias de marcha militar, entre São Miguel e Terceira. Da mesma forma, clubes de futebol que na década de 1980 se recusavam a jogar nos Açores por questões de tempo, clima ou mera discriminação. Recentemente, e numa peça televisiva, um turista continental dizia-se muito satisfeito por estar na ilha dos Açores. São pérolas de um passado que ainda é estranhamente presente, inclusive nas relações entre o poder central e os regionais. Como qualquer nação civilizada, o Estado Português deverá respeitar a identidade e a especificidade de quem vive no local, principalmente se em ultraperiferia, auscultando e defendendo a descentralização de matérias que lhes digam diretamente respeito. Se entendemos que essa identidade não é respeitada; que não somos consultados sobre assuntos que interferem no nosso quotidiano, então a história diz-nos que os açorianos estão abertos a ouvir outras opiniões. Vale tanto no passado como no presente e no futuro, numa espécie de reinterpretação do Contrato Social de Rousseau, agora entre os povos autonómicos e o poder central. Hoje, por exemplo, Portugal negoceia o mar e o ar dos Açores junto dos seus parceiros internacionais, dada a profundidade atlântica que temos. Não podemos nem devemos estar ausentes do processo, mesmo sendo o mar dos Açores um mar de Portugal. Somos nós que aqui vivemos e perdemos com a exploração dos recursos ou, em caso de emergência, sofremos represálias pelo domínio do Atlântico. Já aconteceu no passado e é certo que acontecerá no futuro.
O valor estratégico dos Açores mantém-se e, tal como foram alvo de combates e de ataques no passado, é possível que as ilhas voltem a ser disputadas?
Sim. Os Açores continuam a ser uma área de interesse para muitas nações. Importantes pontos de apoio internacional, têm a ênfase no mar e no ar enquanto zona de passagem e de grande interesse logístico. Num futuro, que começa a construir-se hoje, também nos minérios do subsolo da coluna de água. Independentemente de se tocar ou não as ilhas na travessia atlântica, as rotas de passagem a sul ou a norte continuam a constituir um importante fluxo comercial entre as Américas e a Europa, Mediterrâneo e norte de África, que deve estar sempre sob domínio amigo.
Além dos Estados Unidos, país aliado de Portugal que não abdica de ter presença nos Açores, mesmo que reduza a presença militar nas Lajes, a outra nação que mais ambiciosa neste momento pode dizer-se que é a China, com alguns interesses como falar no centro de investigação, promover visitas estratégicas ou até escalas de voo da liderança chinesa?
Respondo-lhe com uma das minhas mais recentes pesquisas, um documento NATO da década de 1960 que equaciona o domínio soviético no arquipélago. Neste cenário, foi-lhe colocado o símbolo da foice e o martelo, irradiando das ilhas duas setas direcionadas para a Europa e para a América do Norte. Passado o tempo e melhorada a tecnologia, dada a nova corrida ao armamento, penso ser um conceito extremamente válido.
Está a falar da então União Soviética?
Sim, da União Soviética durante a Guerra Fria. A União Soviética colapsou mas atualmente existe um conjunto de países com visões contrárias à ocidental, que devem ser alvo de uma redobrada atenção. Tal como ao tempo, continuamos sob vigilância embora já não só com recurso a aeronaves de grande altitude ou submarinos, acrescentando-se a guerra eletrónica.
No fundo o que está a dizer é que, seja perante a antiga grande potência União Soviética, hoje Rússia, seja perante a potência emergente China, os Estados Unidos vão ter a quem dar um sinal muito claro de que os Açores são a sua área de influência?
O meridiano da defesa atlântica dos EUA continua a atravessar os Açores, nem que numa estratégia de negação. Esse projeto foi já equacionado em finais da Primeira Guerra Mundial, constando na documentação oficial, mas secreta, da Segunda Guerra Mundial. Ocorrendo o facto da moderna globalização atenuar as fronteiras físicas, se falarmos em ataques convencionais, os Açores continuam a ser o mesmo ponto de apoio, e fronteira, do passado, aliado a zona de projeção de forças para a Europa, Mediterrâneo e norte de África, tal como foram durante a Guerra Fria.
A defesa dos Estados Unidos passa pelos Açores obrigatoriamente?
A nível convencional sim, pelo centro do Atlântico Norte. Fomos e continuamos a ser o centro da civilização ocidental, um conceito que apesar de genérico agrega por laços culturais e interesses comuns a antiga comunidade outrora de metrópoles e colónias. Em paz somos ultraperiferia, mas o nosso mar (e ar) é uma importante via logística, a mais rápida, entre os dois continentes, podendo mesmo interagir com uma linha mais avançada, caso dos canais de Suez e do Panamá. Ir à volta é, logisticamente, uma possibilidade que poderá acarretar em si a derrota em caso de conflito. Basta acompanhar o deslocamento das atuais forças navais, nomeadamente a americana, nos périplos pelos oceanos para entender que, em condições normais, as rotas mais rápidas continuam a passar no mar dos Açores, um mar português e NATO. As ilhas ainda continuam a servir como bases navais e aéreas no acesso às rotas entre os três continentes, mantendo também um interessante papel ao nível das comunicações. Em suma, as antigas teorias do almirante Alfred Thayer Mahan ainda constituem um bom ponto de partida para os domínios dos oceanos e a importância dos Açores.
leonidio.ferreira@dn.pt