Nuno Melo quer "o melhor do portismo" mas ter "marca própria"

Candidato à liderança do CDS considera que a liderança de Paulo Portas constituiu um dos "ciclos mais felizes da vida" do partido, mas diz que quer imprimir a sua própria marca.
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O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo diz que, se for eleito, quer poder contar com "o melhor do portismo" mas ter a sua "marca própria", não querendo ser "herdeiro de nada".

"Eu tenho noção que foi com Paulo Portas que o partido foi por duas vezes ao Governo, elegeu mais de 20 deputados, que teve resultados incríveis", salientou, considerando que a liderança do antigo vice-primeiro-ministro constituiu um dos "ciclos mais felizes da vida do CDS".

Em entrevista à agência Lusa, a propósito do 29.º Congresso do CDS-PP, em 02 e 03 de abril, em Guimarães, Nuno Melo foi questionado sobre o facto de, na anterior reunião magna, ter admitido que o partido estava saturado do "portismo" e respondeu que, na altura, os centristas queriam "uma mudança", o que resultou na eleição de Francisco Rodrigues dos Santos como presidente.

No entanto, ressalvou, "um partido é uma realidade dinâmica que tem que ser capaz de trazer novas pessoas", e o candidato quer "o melhor do portismo, a par do melhor daquilo que não teve nada que ver com o portismo".

"Mas com uma marca própria, essa marca será minha, como é evidente", salientou, indicando que não tenciona "ser herdeiro de nada" mas "um construtor de futuro".

O eurodeputado referiu que tem falado com Paulo Portas e com o também ex-líder Manuel Monteiro e que tenciona ter ao seu lado "alguns dos melhores que o CDS hoje tem e renovar profundamente o CDS com homens e mulheres que estão disponíveis e que também terão a sua oportunidade".

Mas, acrescenta, ainda não fez convites "para um único lugar".

Quanto a um possível regresso ao partido dos ex-dirigentes Adolfo Mesquita Nunes e António Pires de Lima, que se desfiliaram em desacordo com a direção de Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo defendeu que "o CDS não tem como dispensar nenhum dos talentos com que sempre contou".

"É um exercício quase de falta de senso achar-se que quando um país reconhece, como reconhece, pessoas como o Adolfo Mesquita Nunes ou o António Pires de Lima, o CDS está bem com elas fora. Isto é tão irracional e tão absurdo", criticou.

O candidato quer que o CDS volte "a ser lido na sociedade como um partido de quadros com qualidade" nas mais diversas áreas, sejam militantes ou independentes e para a sua moção de estratégia global ("Tempo de Construir") criou grupo programáticos que vão continuar depois do congresso para produzir "boas propostas".

Nesses grupos, conta com várias figuras do partido associadas aos tempos de Paulo Portas na liderança do CDS-PP, como Pedro Mota Soares, Paulo Núncio, Cecília Meireles, Diogo Feio ou Nuno Magalhães, mas também com independentes, entre as quais o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Pestana, José Theotónio, ou a professora catedrática Isabel Freitas.

No que toca ao congresso, Nuno Melo apresenta-se "completamente disponível, livre e sem truques".

"Poderia ter feito muita coisa, podia ter pedido a várias pessoas que apresentassem várias moções para terem mais tempo falando e depois desistindo em catadupa, numa coisa cénica mas antiga que já se sabe como acaba, a favor da minha moção. Eu não faço nada disso", apontou.

Na entrevista à Lusa, o eurodeputado e líder distrital admitiu igualmente que, caso perca o congresso, "nunca mais" voltará a ser candidato à presidência do CDS-PP.

Para Nuno Melo, eleger nas eleições europeias, às quais o partido deve concorrer sozinho, é "o primeiro desafio" do próximo líder e mostrou-se confiante num "bom resultado".

Em entrevista à agência Lusa no âmbito do 29.º Congresso, marcado para 02 e 03 de abril, em Guimarães (distrito de Braga), o único eurodeputado eleito pelo CDS-PP considera que "o primeiro desafio" do partido será "manter a representação parlamentar" nas próximas eleições europeias, em 2024.

Nuno Melo considera que o partido deve concorrer sozinho e disse acreditar "profundamente" que será possível "ter um bom resultado".

"O CDS tem de fazer uma prova de vida e tem que mostrar que vale por si muito mais do que também pode fazer com os outros. O CDS neste momento governa muitas autarquias e os governos regionais em coligação, mas isso não invalida que o CDS tenha que fazer essa prova de vida, afirmando-se perante o eleitorado como um partido digno desse nome", defendeu.

Para Nuno Melo, "um partido só é digno desse nome quando não vai desesperadamente agarrado ao braço amigo".

Questionado quanto ao cenário de o CDS-PP perder a representação também no Parlamento Europeu, o candidato, que já foi vice-presidente na liderança de Assunção Cristas, considerou que "não era bom para o partido".

"Eu acredito profundamente que assim não vai ser, mas qualquer conclusão que tivesse de ser tirada era tirada por mim, a começar. Eu não sou daqueles que encontram fora as razões justificativas dos nossos desaires", garantiu.

Depois, os esforços estarão concentrados nas eleições legislativas que em princípio se disputam daqui a quatro anos, e Nuno Melo mostrou confiança no regresso do CDS-PP à Assembleia da República, devendo "reconquistar" o espaço entre PSD e Chega.

Para se distanciar de Chega e Iniciativa Liberal, o CDS-PP deverá falar de si e mostrar aos eleitores "a marca do CDS" através de "ideias nítidas", para evitar "comparações", concluiu.

Nuno Melo quer que a sociedade entenda o CDS-PP como um "partido útil" que é "humanista, personalista, democrata-cristão, aberto a correntes conservadoras e liberais" e não "uma folha de história que repetidamente invoca os seus pergaminhos do passado".

Se for eleito líder, Nuno Melo quer concentrar-se em "unir o partido, trazer ao partido muito daquilo que tem faltado, falar a pensar no futuro", o que passa por "reconciliar o CDS com o seu passado e projetar" o partido.

E advogou que o CDS-PP "tem que voltar a ser uma casa onde todas as ditas tendências se sintam naturalmente bem", nomeadamente "conservadores, democratas-cristãos e liberais".

O candidato, que indica na sua moção querer um partido de "centro-direita moderno", quer "transformar o CDS do ponto de vista da modernidade naquilo que é hoje o Partido Popular Europeu", beneficiando das "novas formas de fazer política", desde a comunicação ao funcionamento.

A nível financeiro, o candidato à liderança defendeu que os militantes devem pagar quotas e admitiu que haverá "certamente medidas, muitas delas duras, que têm de ser tomadas".

Questionado se poderão passar pelo despedimento de funcionários ou pela saída da sede nacional, Melo disse estar preocupado com as pessoas "muito mais que qualquer edifício, por muito emblemático que seja".

Quanto aos maus resultados dos últimos anos, que culminaram no afastamento do parlamento nas legislativas de janeiro, o candidato à presidência do CDS-PP recusou "estar a apontar dedos, a pedir cabeças", preferindo falar do futuro.

Nuno Melo, 56 anos, foi deputado e líder parlamentar do CDS-PP. É deputado ao Parlamento Europeu desde 2009.

O 29.ª Congresso do CDS-PP vai decorrer nos dias 02 e 03 de abril, em Guimarães (distrito de Braga).

Na reunião magna vai ser eleito o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido na sequência do resultado nas eleições legislativas de 30 de janeiro (1,6%), o pior da história do partido e que ditou a perda de representação no parlamento.

Além de Nuno Melo (que apresenta a moção de estratégia global "Tempo de Construir), são também candidatos à liderança do partido (para um mandato de dois anos) os vogais da Comissão Política Nacional Miguel Mattos Chaves e Nuno Correia da Silva.

Nuno Melo, 56 anos, foi deputado e líder parlamentar do CDS-PP e é deputado ao Parlamento Europeu desde 2009.

O 29.ª Congresso do CDS-PP vai decorrer nos dias 02 e 03 de abril, em Guimarães (distrito de Braga).

Na reunião magna vai ser eleito o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido na sequência do resultado nas eleições legislativas de 30 de janeiro, o pior da sua história e que ditou a perda de representação no parlamento.

Além de Nuno Melo (que apresenta a moção de estratégia global "Tempo de Construir), são também candidatos à liderança do CDS (para um mandato de dois anos) os vogais da Comissão Política Nacional Miguel Mattos Chaves e Nuno Correia da Silva.

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