Moreira da Silva marca o terreno. "Não" ao Chega e "consigo unir" o PSD

O antigo ministro do Ambiente apresentou a sua candidatura à liderança do partido com muitas farpas ao "amigo", mas opositor, Luís Montenegro. Prometeu reformar o PSD e o país.
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Escolheu o Parque florestal de Monsanto e trouxe apenas a família mais próxima. Um discurso de 17 páginas, cheio de ideias e a promessa de reformar o PSD e o país. Foi assim que Jorge Moreira da Silva se apresentou ontem como candidato à liderança do partido. E quis vincar bem as diferenças em relação ao "amigo", mas opositor, Luís Montenegro, a quem lançou muitas farpas. A começar pela ideia de que é mais capaz de unir o PSD porque "nunca andei a dividir". Garante que será capaz de aproveitar "todos os talentos" mesmo dos que não o apoiem nesta corrida.

Sem nunca ter mencionado o nome de Montenegro no seu vasto discurso, Moreira da Silva voltou lá ao recusar a ideia do antigo líder parlamentar social-democrata, com quem se defrontará em direitas a 28 de maio, de que "o PSD é a casa comum de todos os não socialistas". Há não socialista a quem rejeita abrir a porta. "Nunca, jamais, em tempo algum", disse sobre a possibilidade de algum entendimento com o Chega.

Moreira da Silva lamentou "a ambiguidade" do partido na relação àquela força durante a liderança de Rui Rio. "O PSD não pode negociar com forças populistas, racistas e xenófobas", frisou. Considerou mesmo que foi esta ambiguidade que levou o eleitorado de centro a não escolher o PSD nas últimas legislativas e o de direita a votar "enganado" no partido de André Ventura por pensar que após a ida às urnas poderia existir um entendimento entre as duas forças políticas.

Seguiu-se um verdadeiro programa eleitoral, com os olhos postos no país, já a apontar para uma moção global que apresentará ao congresso de junho do partido - se for eleito líder - e que será coordenado por si próprio (ao contrário de Montenegro que entregou essa competência a Joaquim Miranda, que estava com Rio). "O líder tem de ter autonomia programática e não subcontratar ideias". Mais uma farpa de quem se recusa a ter uma abordagem de "soudbites" da política por respeito aos militantes".

A quem promete "aumentar significativamente o número de militantes. "Seremos o partido favorito dos jovens", aditou. Já na fase de perguntas dos jornalistas rejeitou a ideia de ser um herdeiro do passismo - foi primeiro vice-presidente da direção de Passos Coelho e seu ministro do Ambiente - e de não ter apoios no partido. Jorge Moreira da Silva assegurou mesmo que há eleitores do PSD que lhe garantiram que se filiarão no partido caso vença as diretas. "Peço que se filiem já ganhe eu ou Luís Montenegro", apelou.

Da oposição que fará, acena com um governo sombra à inglesa, com ministros e secretários de Estado para fazerem marcação direta aos ministros do Governo de António Costa. "Ficam os ministros e os secretários de Estado do governo socialista a saber que, a partir de agora, terão uma marcação direta por parte dos ministros sombra do PSD. e fica António Costa a saber que terá em mim um adversário enérgico. Não lhe daremos descanso, em nome do mandato que os portugueses nos conferiram", assegurou.

Não considerou um problema, caso venha a ser eleito líder, não ter mandato no Parlamento. Não só pelo facto de ir criar o tal governo sombra como pela articulação que terá com a bancada parlamentar. Sobre o que fará com a presidência do grupo parlamentar, que está na mão de Paulo Mota Pinto, assegurou que tem uma "opinião muito positiva" do seu trabalho, mas não se quis comprometer com o futuro.

Reforçando a ideia de que o nosso modelo de desenvolvimento não é sustentável e que o PS tem empobrecido o país, o também antigo líder da JSD comprometeu-se com "uma vaga de reformas", incluindo a do sistema político.

"O sistema partidário português padece de sonambulismo, servindo de pasto ao fogo do populismo e da descrença. Portugal foi ficando para trás nos indicadores económicos e sociais e é do PS a principal responsabilidade pela situação em que Portugal se encontra - liderou o governo durante 14 dos últimos 20 anos", afirmou.

Jorge Moreira da Silva apontou para quatro metas, 17 objetivos e 13 missões. "Quero colocar Portugal, até 2030, no top 3 do ranking do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (hoje estamos na 27ª posição), no top 3 do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (hoje estamos na 38ª posição), no top 3 do Índice de Bem-Estar da OCDE (hoje estamos na 31.ª posição)".
Entre os vários desafios enumerou a modernização do Estado, o combate à corrupção, o combate às desigualdades sociais, às alterações climáticas e o às desigualdades sociais e o aumento da competitividade.

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