Montenegro faz a estreia sem estado de graça à vista

Montenegro faz a estreia sem estado de graça à vista

Primeiro debate quinzenal da legislatura vem numa altura em que primeiro-ministro procura retomar a iniciativa política.
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O primeiro debate quinzenal desta legislatura, agendado para as 15:00 desta quarta-feira, vem numa altura em que o primeiro-ministro Luís Montenegro procura retomar a iniciativa política, após uma série de reveses para o seu Governo, decorrentes de convergências de voto entre o PS e o Chega que anularam qualquer hipótese de estado de graça após o fim de um ciclo de mais de oito anos de governação socialista. O anúncio da escolha do Campo de Tiro de Alcochete como localização do novo aeroporto de Lisboa, feito nesta terça-feira, está a ser visto como a proverbial segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão, mas a força dos números continua a prejudicar a Aliança Democrática, que tem garantido o apoio de apenas 80 deputados na Assembleia da República.  

E, se é verdade que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disse nesta terça-feira que um futuro governo socialista “nunca porá em causa” a solução de Alcochete, o ponto principal da frase do líder da oposição - com tantos deputados no grupo parlamentar socialista (78) quantos os eleitos pelos sociais-democratas - é a referência à chegada ao poder que antevê num futuro que não será necessariamente distante. Apesar da enorme deslocação do eleitorado para o lado contrário do espetro político, levando a que a legislatura tenha arrancado com 138 parlamentares de quatro partidos de centro-direita e direita, o horizonte do Governo de Luís Montenegro permanece condicionado pela ameaça de chumbo do Orçamento do Estado para 2025, cuja votação não está suficientemente distante para que não se comece a perfilar no horizonte.

Apesar da dramatização desse momento, com o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, a admitir, em entrevista ao Público, o risco de eleições legislativas antecipadas se a oposição não aprovar o próximo Orçamento do Estado, tal eventualidade foi desvalorizada por Marcelo Rebelo de Sousa. Na véspera de ser objeto de um debate de urgência devido às suas declarações sobre reparações financeiras às ex-colónias portuguesas, estando o Chega empenhado num inédito processo de aprovação parlamentar de processo criminal a um Presidente da República, acusando-o de traição à pátria, Marcelo afastou o cenário de dissolução da Assembleia da República. “Muita água vai correr debaixo da ponte e acho que não está a correr nesse sentido, mas noutro”, disse, à Rádio Observador.

Protagonista do primeiro debate parlamentar do dia, André Ventura também comandará a bancada do Chega no debate com Luís Montenegro, dividindo o tempo com a deputada Rita Matias sem que se altere o registo de apontar incapacidade de governar ao líder social-democrata que recusa qualquer entendimento com o seu partido. E também o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, deverá fazer um retrato cinzento do Governo, que poderá contar com uma boa avaliação do líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio.

Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e o porta-voz do Livre, Rui Tavares, serão não menos do que críticos com o arranque do Governo. Tal como a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real. 

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