Montenegro acusa PS de pôr "pessoas ao serviço do Estado"

Os jornalistas questionaram ainda o presidente do PSD sobre o processo da eutanásia, e o líder do PSD garantiu que esta semana falará sobre o tema.
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O líder social-democrata, Luís Montenegro, considerou este domingo que a característica da governação socialista de ter "as pessoas ao serviço do Estado" é o contrário da visão política de Francisco Sá Carneiro que esteve na génese do PSD.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes e o vice-presidente do CDS-PP Telmo Correia foram algumas das figuras políticas que estiveram hoje na missa em memória de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, na Basílica da Estrela, em Lisboa, no dia em que passam 42 anos da sua morte num desastre de aviação.

"Este é sempre um dia muito especial, onde nós temos uma ocasião de evocarmos o nosso fundador e o nosso inspirador Francisco Sá Carneiro, alguém que nos guiou do ponto de vista doutrinário, ideológico para uma conceção da atividade política na qual o Estado está ao serviço das pessoas e não o contrário, as pessoas ao serviço do Estado, que é uma característica que tem marcado muito a governação do PS em Portugal nos últimos anos", disse aos jornalistas o líder do PSD à saída da missa.

Na conceção de Sá Carneiro, de acordo com Montenegro, "as pessoas devem ter a liberdade de escolher o seu futuro, de escolher aquilo que querem fazer com as suas vidas e o Estado deve sempre retribuir mais e dar mais aos cidadãos do que aquilo que lhes pede".

"Essa era a essência personalista e humanista da visão política de Francisco Sá Carneiro, esteve na génese do PSD e que nesta altura nós revisitamos para nos inspirarmos, para nos prepararmos para poder dar ao país um Governo novo, um caminho novo, uma ambição nova para deixarmos de estar nesta rota de pobreza que infelizmente tem marcado os últimos anos em Portugal", afirmou.

Pelo CDS-PP, Telmo Correia considerou que recordar e evocar a memória de Sá Carneiro e Amaro da Costa "é importante porque muitos dos jovens e das novas gerações não conhecem" quem foram estas duas "figuras centrais".

"Sem eles, o país provavelmente não teria saído da forma como saiu da ameaça socialista, da ameaça de ser um regime fechado, até ditatorial. Poucos anos antes, nós estávamos perante uma ameaça de sermos uma ditadura comunista e a vitória da AD é que permitiu e abriu o caminho para um país democrático e para uma sociedade liberal", enfatizou.

Mais de quatro décadas depois e "já não sei quantas comissões de inquérito parlamentares depois", Telmo Correia lamentou que a morte de ambos e dos seus acompanhantes que seguiam no avião "seja uma história que nunca foi até hoje completamente contada".

"O país sonhado e desejado por Sá Carneiro e Amaro da Costa não foi cumprido e portanto eles morreram já há muitos anos, a sua memória permanece, mas o seu sonho e a ambição de um país mais democrático, mais liberal, com mais iniciativa, com mais riqueza, está longe de se cumprir", lamentou.

Montenegro criticou ainda o aumento do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), considerando que esta é uma "medida injusta" e que tem tido um "duplo efeito fiscal".

"Desde que se iniciou esta espiral de aumento do preço dos combustíveis que relembrámos que o governo do PS uma das primeiras medidas que tomou quando iniciou funções há sete anos foi aumentar o ISP", criticou em declarações proferidas à saída da Basílica da Estrela.

Para o líder do PSD, esta é "uma medida injusta, uma medida que atinge todos por igual, uma medida que atinge não só o cidadão comum como a própria dinâmica empresarial da economia".

"Ao longo do último ano, o que tem acontecido é que os sucessivos aumentos do ISP têm um duplo efeito fiscal: é esse imposto que sobe e é o IVA que sobe sobre o preço que inclui esse imposto", referiu.

O PSD, de acordo com o seu líder, teve "ocasião muitas vezes de instar o governo a tomar medidas no sentido de diminuir o ISP" e de "propor a diminuição do IVA dos combustíveis como da energia".

"Infelizmente o caminho do governo tem sido sempre este e tal como dizia há pouco, Francisco Sá Carneiro, quando definiu a matriz social-democrata do PSD tinha como grande finalidade que o Estado servisse os cidadãos e que o Estado desse aos cidadãos mais do que lhes pede. Ora, é exatamente o contrário do que faz hoje o PS", comparou.

Na análise de Montenegro, o PS "tira aos cidadãos a maior parte da riqueza que eles criam, tira às empresas a maior parte da riqueza que elas criam e oferece em contrapartida o abandono pelos serviços públicos essenciais, como hoje infelizmente os portugueses sentem na saúde, na educação, no acesso à cultura, ao desporto".

Os jornalistas questionaram ainda o presidente do PSD sobre o processo da eutanásia, e o líder do PSD garantiu que esta semana falará sobre o tema. Questionado sobre o facto de ter chegado a defender o referendo, Montenegro disse apenas que não é de "mudar de convicções", mas nada mais adiantou.

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