Moedas diz que contrato para exploração publicitária em Lisboa previa "2.500 m2 de grandes formatos"

Moedas diz que contrato para exploração publicitária em Lisboa previa "2.500 m2 de grandes formatos"

"Eu fiquei com isto [o contrato] nas mãos e nós não podíamos parar a cidade de Lisboa e não termos paragens de autocarros", justificou o autarca lisboeta
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O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse esta terça-feira que, no anterior mandato municipal, sob presidência do PS, o contrato de concessão para instalação e exploração publicitária na cidade previa "2.500 metros quadrados de grandes formatos".

"Mandámos parar a instalação destes grandes formatos, mas é bom não esquecer que no mandato anterior este contrato aprovava - no anexo três - 2.500 metros quadrados de grandes formatos", afirmou Carlos Moedas na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, para prestação de contas do trabalho do executivo entre julho e agosto.

Questionado pelo deputado municipal do PEV José Sobreda Antunes sobre a "proliferação dos painéis publicitários" e os alertas do perigo em termos de segurança rodoviária, considerando que "este executivo é meramente reativo", o presidente da câmara informou que foi pedido um parecer ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) para a instalação dos painéis publicitários de grande formato no âmbito do contrato de concessão à JCDecaux para a instalação e exploração publicitária em Lisboa.

"Eu fiquei com isto [o contrato] nas mãos e nós não podíamos parar a cidade de Lisboa e não termos paragens de autocarros. Tínhamos de avançar, portanto eu avancei porque sou um municipalista, porque senão não tinha avançado", declarou o social-democrata, reiterando que ficou "refém" de opções do anterior executivo municipal.

Antes destas intervenções, o deputado municipal do PS Silvino Correia criticou a forma "displicente e insensata como a colocação na cidade dos novos painéis publicitários está a acontecer", realçando o alerta do Automóvel Clube de Portugal (ACP)sobre os perigos que representam para a segurança de quem conduz na cidade.

"É caso para dizer, entre a ironia e o desespero, que no lugar de um verdadeiro plano de mobilidade esta foi a única forma que o executivo da câmara municipal encontrou para interferir na vida de quem circula de carro na cidade de Lisboa", expôs o socialista.

Também a deputada independente Daniela Serralha, do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), lamentou o "exercício de retórica" de Carlos Moedas na governação da cidade e a tardia decisão de suspender o contrato de concessão à JCDecaux.

Moedas saiu da sala após críticas do BE

A este propósito, a deputada municipal do BE Maria Escaja criticou o presidente da câmara por "culpar reiteradamente o anterior executivo" quando o contrato com a JCDecaux foi assinado no atual mandato e anunciou que vai pedir uma auditoria: "Carlos Moedas mente [...]. Porque é que não assume as responsabilidades?"

Em defesa da honra, Carlos Moedas decidiu sair da sala para voltar apenas após as intervenções do BE e, na sequência desta ação e da discussão entre deputados do PSD e do BE, a reunião da assembleia foi interrompida durante alguns minutos.

Da bancada do PSD, o deputado Carlos Reis considerou que "há que ter vergonha", lembrando que a maioria dos deputados estava nesta casa no mandato anterior quando o contrato começou a ser discutido, tendo existido "várias vicissitudes jurídicas".

"Se calhar não convém para o prestígio desta assembleia, para o prestígio da câmara municipal e para o prestígio de todos nós falar muito a fundo e escarafunchar muito a fundo sobre esta matéria", avisou o social-democrata, reforçando que o contrato foi aprovado pelos órgãos municipais e reconhecendo que "tem aspetos maus".

A instalação de até 125 painéis de publicidade digital de grande formato em Lisboa fez o ACP apresentar uma providência cautelar contra a Câmara de Lisboa e as empresas JCDecaux e MOP - Multimédia Outdoors Portugal, por considerar que a sua localização e dimensão são "claramente atentatórias da segurança rodoviária".

Posteriormente, a Câmara de Lisboa pediu à JCDecaux para suspender a colocação de mais painéis de grande formato e indicou que vai negociar com a empresa soluções para os que já foram instalados.

Apesar de o processo se ter iniciado no anterior executivo municipal, o contrato de concessão à JCDecaux para a instalação e exploração publicitária em Lisboa foi aprovado pela atual câmara, em setembro de 2022, tendo um prazo de 15 anos, com a empresa a pagar à autarquia "a remuneração anual de 8,3 milhões de euros" como contrapartida.

Esse contrato inclui "900 mupis, dos quais pelo menos 10% devem ser de natureza digital"; 2.000 abrigos; 75 sanitários públicos; 40 mupis amovíveis, para publicidade institucional; "um número de painéis digitais de grande formato não superior a 125 e que, no seu conjunto, compreenda uma área total de faces publicitárias entre 2.500 m2 [metros quadrados] e 3.000 m2; e 20 mupis de natureza digital e cinco painéis digitais (4x3 metros), a utilizar exclusivamente como equipamento informativo municipal".

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