O reeleito presidente do PSD-Madeira pretende continuar no Governo sem novas eleições.
O reeleito presidente do PSD-Madeira pretende continuar no Governo sem novas eleições.Helder Santos / ASpress / Global Imagens

Miguel Albuquerque quer travar eleições antecipadas

Líder do PSD-M diz estar a negociar com CDS e PAN uma “maioria” que evite novo confronto eleitoral. PAN nega negociações. PR vai ouvir, amanhã, Conselho de Estado e partidos.
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A “única solução”, a “inevitável”, dizem os socialistas madeirenses, é que perante um Governo em gestão “fraco, frágil e sem legitimidade” e um “arguido” líder social-democrata que se demitiu de presidente do Governo Regional, haja eleições antecipadas.

É “imperativo”, sustentam, que Marcelo Rebelo de Sousa, até por “coerência”, não tenha “dois pesos e duas medidas” [referência à decisão do Presidente da República que convocou eleições antecipadas após a demissão de António Costa] e se decida por eleições regionais antecipadas - as segundas na história política da Madeira, caso se confirmem, desde que em fevereiro de 2007 Alberto João Jardim se demitiu em protesto contra a aprovação da Lei das Finanças Regionais pelo Governo de Sócrates.

Se no PS-Madeira não existem dúvidas, no PSD há uma “incerteza”, nas palavras de um dirigente, perante a “imprevisibilidade” dos “resultados” de novas eleições “que as sondagens já revelam”.

Daí que Miguel Albuquerque diga estar em negociações com CDS e PAN para apresentar ao PR um “quadro parlamentar de maioria que nos permita aprovar o Programa do Governo [Regional] e o Orçamento o mais rapidamente possível”.

“A maioria está legitimada (...), o candidato a presidente é o mesmo”, argumenta. E é mesmo a mesma maioria? “Possivelmente, sim. Neste momento, estamos ainda a fechar o quadro negocial”, diz.

Porém, Mónica Freitas, líder do PAN-M, garante ao DN não estar em “nenhum quadro negocial” com Albuquerque, assegurando ainda que a decisão do seu partido dependerá de Marcelo.

“Se a opção for eleições, vamos para eleições. Se o Presidente pedir estabilidade iremos avaliar com responsabilidade o Orçamento  do PSD e as propostas que apresentarem”, afirma.

E se, havendo eleições, Albuquerque “voltar a perder as regionais, ganhando sem maioria absoluta?”, questiona um dirigente do PSD-M.

Pergunta e responde: “Cai de vez” e “só nos resta escolher outro líder”.

A explicação é simples: é que nas duas últimas eleições regionais Miguel Albuquerque precisou do CDS [em 2019] e do PAN [em 2023] para continuar a ser Governo e “nada garante”, agora, que esses apoios se repitam se o PSD “continuar como está”, até porque “dificilmente” o cenário de uma “maioria como as de Alberto João Jardim poderá acontecer”.

E porquê o anonimato? Este dirigente argumenta não querer entrar na “lista” dos que, por terem apoiado Manuel António Correia - que foi a eleições internas com Albuquerque e perdeu -, estão sob “pressão para saírem dos cargos públicos” que ocupam no Governo regional por falta de “confiança política”.

Porém, não é só no PSD-M que as lutas internas pelo poder se mantêm acesas. No PS-M, surgiu o movimento Autonomia 24, liderado por Carlos Pereira, ex-líder do PS-M, que diz não ser uma “afronta” à liderança de Paulo Cafôfo, mas que juntou descontentes [entre eles, por exemplo, Miguel Silva Gouveia, ex-presidente da Câmara do Funchal, e Liliana Rodrigues, ex-eurodeputada], que contestam a liderança do atual líder.

Uma divisão que coincidiu com a crise interna no PSD-M e Governo madeirense e nas vésperas de Marcelo decidir se marca ou não eleições antecipadas.

A “afronta”, diz fonte do PS-M, ganhou volume após a exclusão de Carlos Pereira da lista de candidatos a deputados à Assembleia da República e mais ainda depois da “divergência pública” entre Paulo Cafôfo e Miguel Silva Gouveia  - um “meteu água na fervura”, o outro “foi com demasiada sede ao pote” - após a operação do MP que resultou na detenção de Pedro Calado, na altura presidente da Câmara do Funchal, e de dois empresários e na constituição de Albuquerque como arguido.

Sendo praticamente certa a marcação de eleições antecipadas - a explicação está na convocação obrigatória do Conselho de Estado e na audição dos partidos -, a dúvida está na data: final de maio (a 19 ou 26) ou 9 de junho, no mesmo dia das Europeias, “evitando mais gastos financeiros” e “um desinteresse que resultasse em abstenção” pela proximidade de dois atos eleitorais?

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