Marcelo. Portugal não pode perder "ocasião única e irrepetível"

Presidente da República quer Portugal a entrar "nos primeiros" no novo ciclo económico e avisa que esta não pode ser mais uma oportunidade perdida. Medina despede-se da presidência da Câmara de Lisboa com um alerta contra populismos e radicalismos.
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Marcelo Rebelo de Sousa defendeu esta terça-feira, na cerimónia comemorativa dos 111 anos da implantação da República, que Portugal tem de ser um país mais justo, mais inclusivo, e que não pode perder a oportunidade trazida pelo financiamento europeu, que tem de ser usado com "rigor" e "transparência". Perante uma oportunidade que pode não se repetir, o país não pode voltar a ficar para trás, avisa o Presidente da República.

Marcelo dedicou as primeiras palavras do discurso nos Paços do Concelho, em Lisboa, à evocação de Jorge Sampaio, deixando depois um agradecimento "em termos nacionais" a Fernando Medina, o líder cessante da Câmara de Lisboa, acompanhado de um voto de felicidades ao sucessor, Carlos Moedas.

"Se queremos que o 5 de Outubro tenha algum sentido para todos nós há que fazer dele uma data viva, não uma memória sem futuro ou um ritual sem alma", defendeu o Presidente da República. E fazer da implantação da República uma "data viva", em 2021, quer dizer um "um Portugal mais inclusivo, que finalmente entre a tempo num novo ciclo económico, do clima, energia, ciência, tecnologia". E um país "mais atento ao povo, à sua soberania, aos direitos sociais".

"Se queremos um 5 de Outubro como data viva, então criemos um Portugal mais inclusivo, até porque o Portugal que somos nunca vencerá os desafios da entrada a tempo no novo ciclo económico com dois milhões de pobres e alguns mais em risco de pobreza", sublinhou Marcelo.

Para isso, é preciso que Portugal consiga "entrar nos primeiros", e não no meio nem nos últimos, do novo ciclo económico que se abre depois da pandemia. Um ciclo em que o país disporá de "meios de financiamento adicionais, a serem usados com rigor, eficácia e transparência", avisou o chefe de Estado", alertando que esta não pode ser mais uma oportunidade perdida. "Falhar a entrada a tempo é perder, sem apelo nem agravo, uma oportunidade que pode não voltar mais"​​​​​​, advertiu o Presidente da República.

Portugal tem "nos próximos anos uma ocasião única e irrepetível de reconstruir destinos, refazer esperanças, renovar sonhos" - "A pensar em todos os portugueses, e desde logo nos que mais desesperam e, neles, nos mais jovens, que são quem mais sofrem se essa ocasião passar ao nosso lado sem a assumirmos, não a podemos perder, não a vamos perder".

No seu último discurso como presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina sublinhou a importância dos "valores republicanos" e das comemorações anuais do 5 de outubro.

"Há 111 anos, na varanda desta câmara, foi proclamada a República", lembrou o autarca cessante, defendendo que assinalar esta data não é apenas "evocar um tempo passado e a sua História", mas que esta data deve ser também uma "lição" para "combater o que contribui para a erosão da democracia e para a quebra de confiança dos cidadãos nas instituições".

Foi o mote para um discurso de alerta contra o populismo, contra as "vozes muito minoritárias" que, ainda assim, conseguem "uma projeção desproporcionada" e "aproveitam as fragilidades das democracias" para contestar abertamente os seus valores. "Se estas preocupações são válidas para todos os tempos, são-no especialmente para o nosso, um tempo complexo e contraditório. Valores civilizacionais que nos habituámos a dar como garantidos e incontestáveis são hoje perigosamente, estridentemente, postos em causa nas democracias e também na nossa".

"Não há radicalismo nem populismo que sejam bons para a democracia", diz Medina nos Paços do Concelho, em Lisboa - "Exige-se aos democratas que não cedam à chantagem demagógica e ao ar do tempo caindo na armadilha de responder ao populismo com populismo".

No discurso de despedida como presidente da câmara da capital, Medina - que convidou Carlos Moedas a estar presente na cerimónia - destacou "o sinal que Lisboa dá" ao juntar o presidente cessante e o presidente eleito: "Reafirma a democracia e os seus princípios fundamentais, valorizando o que deve ser comum a todos os que a servem e que tem de estar acima das divergências políticas e dos estados de espírito pessoais".

Já Carlos Moedas realçou a "dignidade" na transição de poder na autarquia. "É muito importante estar aqui, é importante que as transições sejam feitas com toda esta dignidade que estamos a fazer entre o presidente da câmara e o presidente eleito. É importante para todos nós e para democracia", afirmou à entrada para a cerimónia.

O convite dirigido ao presidente eleito da Câmara Municipal de Lisboa também foi sublinhado, esta terça-feira, por Rui Rio. Numa mensagem publicada na rede social Twitter, o presidente social-democrata destaca o que diz ser um "gesto de grande dignidade e de muito oportuna pedagogia".

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