Marcelo convida Ramos-Horta a participar na Web Summit
No último dia de visita a Timor-Leste, Marcelo foi recebido por Ramos Horta, que tomou posse como presidente da República na última quinta-feira. Numa palestra improvisada a estudantes, apresentou-se como um "velhinho em boa forma", que é acima de tudo professor.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou hoje que convidou o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, para se deslocar a Portugal ainda este ano, para participar na Web Summit e num fórum empresarial.
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No último dia daquela que é a sua primeira vista oficial a Timor-Leste, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido por Ramos-Horta no Palácio Presidencial, em Díli, e no fim do encontro os dois chefes de Estado fizeram declarações à comunicação social.
"Reafirmei o convite ao querido amigo José Ramos-Horta para ir a Portugal ainda este ano e, se possível, participar na Web Summit, na cimeira digital, e estar connosco algum tempo, até para se poder realizar um fórum empresarial sobre o que pode haver de cooperação acrescida entre os dois países irmãos nesse domínio", disse o Presidente português.
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Antes, Ramos-Horta - que tomou posse na quinta-feira à noite como Presidente da República Democrática de Timor-Leste, pela segunda vez - disse ter pedido a Marcelo Rebelo de Sousa "para pensar nas oportunidades que virão com a futura próxima adesão de Timor à ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]".
"Gostaríamos de ter aqui investidores portugueses em Timor, pensando nesse grande mercado de 700 milhões de pessoas, quatro triliões de dólares. Seria uma grande oportunidade, para nós, Timor, e também para os empresários portugueses", acrescentou Ramos-Horta.
O antigo Presidente timorense Xanana Gusmão também esteve com Marcelo Rebelo de Sousa e Ramos-Horta hoje no Palácio Presidencial. Quando o chefe de Estado português chegou, os três trocaram algumas palavras em tom descontraído, rodeados pela comunicação social, antes de se reunirem.
Xanana Gusmão virou-se para Marcelo Rebelo de Sousa e disse-lhe, divertido: "Quero apresentar o Presidente da República de Timor-Leste".
"É uma honra e um prazer. Olha que coincidência encontrarmo-nos os três aqui. O mundo é pequeno, e o centro do mundo chama-se Timor-Leste", respondeu o chefe de Estado português, rindo-se.
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a gravata do "comandante" Xanana Gusmão e Ramos-Horta observou: "Está todo bonito".
Um professor "velhinho em boa forma"
Antes deste encontro o Presidente da República vistou a Universidade Nacional de Timor Lorosa'e, em Díli, onde que foi saudado por centenas de alunos, e onde defendeu uma maior cooperação entre as instituições do ensino superior dos dois países.
"Temos de ir mais longe em termos da colaboração entre universidades portuguesas e esta universidade. E aí não depende do Governo. Os governos podem ajudar, podem apoiar, embaixadas, mas têm de ser as universidades a vestir a camisola", afirmou o chefe de Estado, durante uma visita
No Centro de Língua Portuguesa da universidade, o chefe de Estado pediu aos jornalistas ao seu redor "para se sentarem no chão" de modo a poder ver os alunos e iniciou uma palestra improvisada, apresentando-se como "velhinho em boa forma" que é acima de tudo professor.
"Vão fazer muitas coisas ao longo da vida. Então o que é que é importante para se prepararem para isso?", interrogou, dirigindo-se aos jovens universitários.
Em seguida, deixou uma série de conselhos: "Aprender a resolver problemas de uma forma equilibrada, com a cabeça, com o coração e com a vontade", adotar e seguir uma "escala de valores" própria, ter "organização, método" e "escolher o que é principal e às vezes sacrificar o que é secundário".
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que "têm de se conhecer bem", devem "todos os dias trabalhar um bocadinho" e encorajou-os a viver "cada dia como se fosse o único" e "com paixão", observando: "Há pessoas que conseguem viver uma vida inteira sem se apaixonarem por nada, deve ser uma chatice enorme".
O professor catedrático de Direito jubilado sugeriu aos alunos desta área que "nunca descolem da realidade" e apontou ainda como fundamental o "equilíbrio emocional" e "saber comunicar".
A este propósito, referiu que nos seus tempos de estudante "era tímido, ninguém acredita", e perdia discussões porque "era muito lento, ninguém diria".
"Isso corrige-se. Às vezes dá ficar com o excesso, rápido de mais, extrovertido de mais", comentou, rindo-se.