Luís Montenegro enumerou diferenças entre a governação do AD e os executivos do PS.
Luís Montenegro enumerou diferenças entre a governação do AD e os executivos do PS.Hugo Delgado / Lusa

Luís Montenegro: "Não somos descendentes nem de pântanos, nem de bancarrotas, nem de empobrecimentos"

Líder reeleito do PSD dirigiu-se aos congressistas reunidos em Braga com um balanço do mandato anterior muito centrado nos últimos meses do Governo de que é primeiro-ministro. Marcou diferenças em relação ao PS e, no final, deixou farpas a Pedro Nuno Santos.
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O líder reeleito do PSD, Luís Montenegro, terminou a sua primeira intervenção no 42.º Congresso do partido, que está a decorrer neste fim-de-semana em Braga, com a garantia de que muito separa a sua governação dos anteriores executivos socialistas. E, além de comparar a atuação em áreas como a saúde e a política final, deixou farpas a Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, que na quinta-feira, ao anunciar a viabilização da proposta de Orçamento do Estado para 2025, disse que o Governo está "isolado" e "mais dependente do que nunca" do principal partido da oposição.

"Ainda há quem diga que nós estamos isolados. Não. Estamos é cada mais próximos daqueles que interessam, que são os portugueses, as portuguesas, as famílias, as empresas e as instituições", disse Luís Montenegro, muito aplaudido pelos congressistas, acrescentando que esse "registo de proximidade" tem o condão de "deixar alguns um pouco desorientados".

Numa referência implícita aos últimos três primeiros-ministro socialistas, António Guterres, José Sócrates e Antóno Costa, o líder reeleito do PSD disse que "não somos descendentes nem de pântanos, nem de bancarrotas, nem de empobrecimentos". E a isso contrapôs o "sentido de Estado de Francisco Pinto Balsemão, o transformismo de Aníbal Cavaco Silva, o patriotismo de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, a coragem de Pedro Passos Coelho e os valores sociais-democratas de Francisco Sá Carneiro".

Afirmando que "as pessoas estão fartas de intrigas, de truques e de malabarismos", no que terá sido a passagem do seu discurso mais próxima de abordar as acusações que André Ventura lhe fez nos últimos dias, Luís Montenegro falou de uma política que envolve "ouvir, refletir, pensar, e depois decidir, com responsabilidade, coragem e sentido de justiça", reconhecendo que "não acertamos sempre, mas também não andamos aos ziguezagues".

Ao referir-se ao que fez nos últimos meses, o também primeiro-ministro repetiu diversas vezes que "nós não somos iguais àqueles que estiveram aqui antes de nós", evitando quase sempre referir-se ao PS - que reúne na segunda-feira a Comissão Política Nacional para confirmar a abstenção nas votações da proposta de Orçamento do Estado para 2025, tanto na generalidade como na globalidade -, mas estabelecendo diferenças nas várias áreas de governação. 

O IRS Jovem foi incluído numa série de "decisões estratégicas para potenciar, reter e valorizar o talento e o capital humano em Portugal", ao ponto de o líder social-democrata se referir aos elogios e ao interesse que terá recebido de vários homólogos de Estados-membros da União Europeia, no final da reunião do Conselho Europeu na passada quinta-feira. Antes, referindo-se aos problemas na saúde, disse que, "ao contrário do que acontecia há seis meses, nenhum doente oncológico espera mais do que o tempo recomendado por uma cirurgia", realçando tratar-se de uma questão de vida ou morte.

"Estamos a fazer diferente e estamos a fazer a diferença", disse o líder reeleito do PSD, referindo-se ainda ao aumento do Complemento Solidário para Idosos, que subiu de 550 para 600 euros, indo passar para 630, ou a atualização dos escalões do IRS para o dobro da inflação esperada, bem como a isenção de impostos e contribuições nos prémios por desempenho e produtividade.

No que toca à imigração, "onde herdámos uma bagunça e um completo descontrolo", Montenegro disse que o Governo da AD tem procurado um reforço na regulação e sentido de responsabilidade "para salvaguardar a dignidade das pessoas", procurando imigrantes integrados, rodeados das suas famílias e com empregos. "Não queremos um país fechado à chave, mas também não queremos um país com as portas escancaradas", disse, retomando expressões que utilizou durante a campanha eleitoral para as legislativas.

Reeleito numas eleições diretas em que não enfrentou nenhum adversário, obtendo 97,45% dos votos dos militantes sociais-democratas, Luís Montenegro iniciara a sua primeira intervenção no 42.º Congresso do PSD com o anúncio de que o eurodeputado Sebastião Bugalho e a a deputada Ana Gabriela Cabilhas se filiaram no partido. Essa aposta em "dois jovens do melhor que Portugal tem" serviu para que enunciasse as vitórias eleitorais conseguidas ao longo do seu primeiro mandato de liderança partidária e defendesse que a mesma lógica conduza a vitórias nas eleições autárquicas do próximo ano.

Montenegro defendeu a aplicação de princípios como "pôr de lado os interesses e vaidades pessoais, abrir candidaturas à sociedade, ouvir e sentir o pulsar das comunidades e apresentar equipas, candidatos e projetos credíveis" para atingir os objetivos eleitorais do PSD. Na moção de estratégia com que se apresentou à reeleição, estabeleceu como objetivos a retoma da liderança social-democrata na Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), apresentando como condições para o atingir uma espécie de decálogo constituiído por "preparação, humildade, trabalho, persistência, resistência, abertura, proximidade, espírito de equipa, competência e olhos postos no futuro".

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