José Luís Carneiro: "O carisma vê-se nos resultados eleitorais. Venci eleições com 50, 66 e 71%"

Ministro da Administração Interna rejeitou a ideia de que Pedro Nuno Santos é necessariamente mais carismático e puxou dos galões, lembrando os tempos de autarca em Baião.
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José Luís Carneiro rejeitou esta quarta-feira, em entrevista à CNN Portugal, a ideia de que Pedro Nuno Santos é necessariamente mais carismático e puxou dos galões, lembrando os tempos de autarca em Baião.

"O carisma é importante mas vê-se nas eleições resultados eleitorais. Venci eleições com 50,88%, 66,84% e 71,41", afirmou o candidato à liderança do Partido Socialista, que diz que o que o move não é um sonho em ser primeiro-ministro mas o serviço público.

"Disponibilizei-me para servir o PS e o país. Sempre assumi as minhas funções públicas numa ótica de serviço público, ao Estado e aos meus concidadãos. A questão não se colocava. Tendo em consideração a minha experiência de vida e política, pude demonstrar que estive ao lado dos portugueses enquanto secretário de Estado das comunidades. Ajudei a libertar dois jovens que estavam numa cadeia na Venezuela. Nessa altura senti o que é serviço público", afirmou o ministro da Administração Interna, que viu no abraço caloroso que recentemente recebeu de António Costa uma "expressão de lealdade e fraternidade".

Ainda sobre Costa, Carneiro deixou elogios ao primeiro-ministro. "Em momentos excecionais do nosso país, tivemos na liderança do país um homem sereno e capaz que garantiu a salvaguarda das famílias e das empresas. Temos uma relação de lealdade e amizade", vincou.

Disponível para debater com Pedro Nuno Santos e Daniel Adrião, os outros candidatos às eleições diretas de 15 e 16 de dezembro para o cargo de secretário-geral do PS, o ministro diz que sente ter as "melhores condições para conquistar o centro político, que é o que faz ganhar as eleições". "Todos os candidatos gostam de ter o apoio dos presidentes das federações e das concelhias, mas os militantes do PS são livres", vincou, deixando no ar que a candidatura de Pedro Nuno Santos já estava a ser preparada muito antes da demissão de Costa: "Há quem me diga que já deu a sua palavra há dois ou três anos..."

Apesar das diferenças, garantiu que após as eleições interna os candidatos à liderança do PS vão "trabalhar juntos para afinar propostas para o país".

Sobre uma eventual viabilização de um governo minoritário do PSD ou de uma reedição da geringonça, José Luís Carneiro remete uma decisão para depois das eleições, recordando o que António Costa fez em 2015. "Quando António Costa avançou para a geringonça, ouviu os órgãos do partido. Depois dos resultados eleitorais, vamos ouvir os órgãos do partido. A decisão nunca será só minha. Consultarei o meu partido. Na altura, Costa quis ver garantidos compromissos da NATO e da UE", salientou, garantindo que se candidata "para ganhar".

"Estou convencido que vou ganhar as eleições. O Chega tem colocado em causa os valores democráticos. Os outros partidos não. Não estão todos no mesmo saco. O meu adversário será o PSD. Estou convencido de que vamos ganhar as eleições e ser o primeiro-ministro. No momento de decidir, estaremos dos lados dos democratas, humanistas e europeístas. Tudo o que tem a ver com a política social (saúde, habitação, educação, mobilidade) construímos soluções à nossa esquerda, mas há matérias, que têm a ver com as funções de soberanias, que têm de ser dialogadas com o centro-direita. Eu não demonizo o nosso centro político e social, o centro moderado é essencial ao equilíbrio do país. PS sempre foi o partido que melhor interpretou princípios de liberdade e igualdade. Os portugueses sabem que eu tenho provas dadas", prosseguiu.

"O nosso principal competidor é o PS mas os partidos à esquerda também são competidores. É possível o PS conquistar novamente uma ampla maioria e autonomia política. Todos conhecem a minha capacidade de diálogo de criar consensos. Uma das reformas eleitorais que fiz, no recenseamento dos portugueses nos estrangeiro, tiveram apoio dos partidos à esquerda e do PSD. É uma decisão que se colocará após as eleições", acrescentou, desvendando que a sua moção de estratégia inclui uma cooperação entre SNS e IPSS.

Acerca da privatização da TAP, promete respeitar as "decisões que estão tomadas por parte do Conselho de Ministros" e diz que "manter o hub de Lisboa é fundamental, essa é a sua função estratégica".

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