Luís Montenegro prometeu perseguir “sem perdão” incendiários.
Luís Montenegro prometeu perseguir “sem perdão” incendiários.Tiago Petinga / Lusa

“Interesses que sobrevoam” os incêndios? Ninguém confirma e afirmação divide Governo

Primeiro-ministro promete mão pesada com incendiários. Mas a PJ e a GNR não corroboram a sua tese.
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Luís Montenegro, primeiro-ministro, prometeu perseguir “sem perdão” os incendiários, indo atrás “dos responsáveis por estas atrocidades”. E acrescentou ainda: “Não vamos largar estes criminosos. Há interesses que sobrevoam estas ocorrências e que nós tudo vamos fazer para identificar e levar às mãos da justiça.”

Mas que interesses são estes? O primeiro-ministro não explicou. E, entretanto, já foi desmentido por dois dos seus ministros. Primeiro, foi Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, a não identificar interesses suspeitos e, depois, foi o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, a ir na mesma direção. Segundo o Expresso, a própria Polícia Judiciária (PJ) e a GNR - que estão na equipa constituída pelo Governo para destrinçar os incêndios - também não corroboram a tese do primeiro-ministro. As mesmas fontes vão mais longe: “Não temos prova de haver incendiários que tenham cometido estes crimes por interesses económicos escondidos.”

A oposição também deixou críticas. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou que os socialistas estão disponíveis para consensos para alterar a lei se o PSD quiser, mas  pediu calma a apurar responsabilidades. Esse “não é o caminho certo para fazer”. “A investigação criminal e os tribunais não são competência do executivo”, apontou.

O Chega voltou a pedir que os incendiários sejam “encarcerados” durante a época de incêndios. Após ouvir o primeiro-ministro, o deputado Pedro Frazão defendeu que tal punição deve ser o caminho a seguir.

À esquerda, o BE preferiu perguntar: “Porque é que são sempre as mesmas áreas a arder, porque é que Portugal é o país com mais área total de eucalipto na Europa?” Já o PCP pediu “serenidade”. “Não é pelo caráter mais violento ou mais ou menos contundente das palavras do primeiro-ministro que a situação se resolve”, apontou António Filipe. 

O Livre, pela voz de Rui Tavares, referiu que “não se apagam fogos a incendiar a opinião pública, e isso é o que algumas opiniões já têm feito”. Pelo lado do PAN, foi a deputada única e porta-voz, Inês de Sousa Real, a falar. Não se referindo diretamente às palavras do primeiro-ministro, afirmou que “parece algo negacionista não reconhecer que, para além do fogo posto, há um problema de ordenamento do território que tem de ser resolvido”. 

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