Os cabeças de lista do Chega, António Tânger Corrêa, da AD, Sebastião Bugalho, do PS, Marta Temido, e da CDU, João Oliveira
Os cabeças de lista do Chega, António Tânger Corrêa, da AD, Sebastião Bugalho, do PS, Marta Temido, e da CDU, João OliveiraPedro Pina / RTP

Guerra na Ucrânia e avanço da extrema-direita aquecem debate sobre eleições europeias

O avanço da extrema-direita foi um dos temas que fez aquecer o debate entre AD, PS, Chega e CDU. Imigração e a guerra na Europa fizeram parte dos pontos altos na troca de argumentos, com o candidato comunista a dizer que "enviar armas para a Ucrânia significa fazer dos ucranianos carne para canhão".
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João Oliveira recusou declarações belicistas. O candidato da CDU defendeu que a Ucrânia precisa é de um cessar-fogo e que é necessário um caminho para a paz e não enviar armas. 

"Enviar armas para a Ucrânia significa continuar a fazer dos ucranianos carne para canhão", defendeu o cabeça de lista da CDU. Também defendeu um "cessar-fogo imediato" para o conflito no Médio Oriente.

Candidato da AD contestou a posição de João Oliveira, falando nos riscos das "intenções" do candidato da CDU. 

"Não podemos impor a paz. Tem de ser a Ucrânia a impor as suas próprias condições", defendeu Marta Temido, do PS. 

Tânger Corrêa, do Chega, disse concordar com Marta Temido e defendeu uma "solução negociada" entre as duas partes, reiterando que o partido apoia a Ucrânia. 

"Não abdicamos de fazer parte da discussão do alargamento da UE e, obviamente, eu teria todo o gosto de fazer parte da discussão no Parlamento europeu", assim como a restante equipa da Aliança Democrática, disse Sebastião Bugalho, quando questionado sobre as comissões europeias.

Marta Temido destacou as áreas da habitação e dos jovens como uma prioridade.

O candidato da AD perguntou se Temido votaria contra a elevação da habitação a direito fundamental. "Vocês é que não votaram", respondeu a candidata socialista. Sebastião Bugalho reagiu ao falar de “inverdades” e voltou a fazer a mesma pergunta. “O que é que isso resolve?”, questionou Temido.

João Oliveira, da CDU, criticou as posições da AD, que acusou de votar ao lado do PS, no que se refere, por exemplo, a salários mínimos, que, segundo disse, nivelam por baixo.

Candidato comunista destacou a comissão do emprego e dos assustos sociais como sendo prioritária no Parlamento europeu para resolver os problemas dos cidadãos. 

"Luta anti-corrupção, imigração e agricultura e pescas" são as prioridades do Chega no Parlamento europeu, disse Tânger Corrêa, que defendeu uma reformulação da política agrícola comum.

Candidato do Chega manifestou-se também contra o pacto das migrações. Disse ainda que existem vários casos de corrupção e que querem combater a corrupção. 

"Não queremos uma imigração de portas abertas", afirmou ainda, rejeitando as acusações de João Oliveira de que é contra os imigrantes.  

"Eu não tenho dúvidas que os portugueses acreditam na Europa, mas a Europa tem de corresponder às expectativas", disse Sebastião Bugalho, da AD, referindo como prioridades as políticas sobre a habitação e as que dizem respeito aos jovens. 

Tânger Corrêa, do Chega, disse que a "Europa foi feita e pensada para ser um espaço de paz, prosperidade, inclusivo, mas a começar pelos seus cidadãos".

"Não se admite que haja 20 a 40% dos portugueses no limiar da pobreza. A Europa solidária tem de ser a Europa solidária para com os seus cidadãos em primeiro lugar", afirmou o candidato do Chega, criticando a imigração de portas escancaradas.  

João Oliveira, da CDU, defendeu que "deve haver solidariedade, acolhimento e integração de imigrantes".

"Portugal não tem capacidades ilimitadas, mas deve fazer um investimento nas condições que são necessárias para acolher e integrar os imigrantes, assegurando que são iguais em direitos em relação aos outros cidadãos", defendeu o cabeça de lista da CDU.      

"Tenho todo o respeito pelo almirante Gouveia e Melo, mas devo dizer que afirmações sobre o futuro da vida dos jovens portugueses, numa democracia, devem ser feitas por democratas eleitos pelos portugueses e não pelo Chefe do Estado-Maior da Armada", defendeu Sebastião Bugalho, da AD, sobre as declarações de Gouveia e Melo ao DN.

Marta Temido, do PS, entende que a "eventual ideia de envio de tropas para o terreno é admitir a escalada" para uma guerra mundial. "Há que utilizar grande prudência", disse, referindo que o partido continua ao lado da Ucrânia.

Candidato do Chega disse que se tratou de uma declaração de intenções do almirante Gouveia e Melo, tendo lamentando que Portugal está vulnerável em termos de Defesa. Tânger Corrêa falou na possibilidade de parceiras público-privadas no que se refere ao investimento na indústria de Defesa.  

"Há uma sã convivência da UE com a extrema-direita", defendeu João Oliveira, candidato da CDU, referindo os casos de Itália e Hungria.

"O único combate que é extremamente eficaz contra a extrema-direita é o aprofundamento da democracia", considerou o cabeça de lista comunista.

Marta Temido falou numa "Europa que avança e numa Europa que retrocede". A candidata do PS referiu que a Europa está sob "ataque" no que se refere a valores europeus.  

"Os socialistas europeus e a extrema mais à direita no Parlamento europeu votaram 37% das vezes juntos no último mandato", acusou o candidato da AD, dirigindo-se a Marta Temido.  João Oliveira, da CDU, disse que é preciso inverter as políticas europeias que são feitas, no âmbito do combate à extrema-direita. 

Expulsar um país da UE só num caso limite, defendeu Sebastião Bugalho, da AD, questionado sobre os valores europeus.

"A Europa tem de estar unida para enfrentar a ameaça de uma invasão", disse o cabeça de lista da AD, referindo que é necessário "defender a democracia" e o Estado de direito.

 Sobre o avanço da extrema-direita na Europa, Marta Temido disse que a defesa do Estado de direito é "fundamental". A candidata do PS disse, no entanto, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen "não sabe em que lado vai ficar". Temido criticou a possibilidade levantada por Von der Leyen de parcerias com determinadas forças políticas associadas à extrema-direita.

Sebastião Bugalho condenou o que Marta Temido disse sobre a posição de Von der Leyen. "O que está em causa é que há dois partidos de extrema-direita no Parlamento europeu", reforçou Marta Temido.

Tânger Corrêa disse que "caracterizar o Chega como um partido de extrema-direita é errado". "É um partido conservador, seguramente. É um partido que não é favor de Putin. Somos a favor da Ucrânia", disse o candidato do Chega.

"Nós não apoiamos Von der Leyen por causa de casos de corrupção", disse Tânger Corrêa, sem se comprometer sobre que família política o Chega vai fazer parte no Parlamento Europeu.

Sobre a sondagem divulgada pela RTP, que dá um empate técnico entre AD e PS, a candidata socialista, Marta Temido, prefere não tecer comentários. 

Acreditamos "que temos a melhor equipa possível. Estou satisfeito com a sondagem", disse Sebastião Bugalho, da AD. "Mas estou mais entusiasmado como o nosso programa do que com sondagens", acrescentou.

"Sondagens são sondagens", afirmou António Tânger Corrêa, do Chega. Já o candidato da CDU disse que "sondagens há muitas" e que o necessário é convencer os portugueses a votar na CDU nestas europeias.  "Farei o melhor que posso", disse João Oliveira. "É preciso mais força para defender quem trabalha", destacou.

Está a começar, na RTP1/RTP3, o quinto debate televisivo que junta Sebastião Bugalho (AD), Marta Temido (PS), António Tânger Correia (Chega) e João Oliveira (CDU).

Estes são os protagonistas do debate a quatro, moderado por Carlos Daniel, sobre as eleições europeias, marcadas para 9 de junho. 

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