O presidente do PSD e primeiro-ministro afirmou na segunda-feira que o Governo ainda espera alcançar um acordo com os sindicatos e associações representativas das forças de segurança e que a seguir quer negociar com as Forças Armadas..Luís Montenegro, que falava num hotel de Lisboa, perante o Conselho Nacional do PSD, referiu-se às negociações sobre as condições salariais das forças de segurança e declarou: "Ainda tenho a esperança que [esse acordo] possa ser alcançado, assim os sindicatos e as associações socioprofissionais façam a sua ponderação e reflexão finais".."Estamos a pensar, naturalmente, depois desta situação resolvida, promover outras negociações com outros setores da Administração Pública. Nós não temos capacidade para ir a todos ao mesmo tempo, mas temos que ir estabelecendo prioridades", acrescentou Montenegro na véspera de nova reunião entre a ministra da Administração Interna e os sindicatos da PSP e associações da GNR..O presidente do PSD e primeiro-ministro indicou as prioridades do Governo: "Educação, justiça -- porque também chegámos a um acordo com os oficiais de justiça --, forças de segurança, e Forças Armadas, que é o passo seguinte".."Ao mesmo tempo que fazemos, eu diria, uma constante e permanente negociação com todos os profissionais da área da saúde", completou..Luís Montenegro considerou que "os portugueses percebem" estas prioridades, "porque elas correspondem aos compromissos eleitorais" que a AD (PSD/CDS-PP/PPM) assumiu na campanha para as legislativas antecipadas de 10 de março..Relativamente às forças de segurança, o primeiro-ministro disse há uma semana que o Governo não iria colocar "nem mais um cêntimo" na proposta que fez, reivindicando já ter feito "um esforço medonho" e recusando "trazer de volta a instabilidade financeira"..Nesta segunda-feira, enquadrou este processo negocial como "a reparação de uma injustiça que o Governo anterior criou e de uma disparidade que é muito, muito elevada entre os suplementos de missão da Polícia Judiciária, por um lado, e das forças de segurança, pelo outro".."Eu prometi que começava as negociações nos primeiros dias da governação, e assim fizemos. Eu prometi e assumi, olhos nos olhos, a pouco mais de um mês das eleições, na sede do PSD, à volta de uma mesa onde estavam todos os representantes sindicais e associativos que hoje se sentam à mesa com o Governo, eu disse-lhes: eu não assumo um quantitativo convosco, o que eu assumo é uma negociação, o que eu assumo é que faremos o máximo esforço possível", referiu, recebendo palmas..A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, volta esta terça-feira a reunir-se com os sindicatos da PSP e associações da GNR. .Governo propõe um aumento de 300 euros no suplemento de risco da PSP e GNR, valor que seria pago de forma faseada até 2026, passando o suplemento fixo dos atuais 100 para 400 euros, além de se manter a vertente variável de 20% do ordenado base..Segundo esta proposta do Governo, os 300 euros de aumento seriam pagos por três vezes, sendo 200 euros este ano e os restantes no início de 2025 e 2026, com um aumento de 50 euros em cada ano..Como contraposta, a plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR, que inicialmente pediu 600 euros de aumento, propõe agora um aumento de 400 euros pago em três vezes: 200 euros este ano, 100 euros em 2025 e outros 100 em 2026..No entanto, esta proposta da plataforma não foi subscrita por dois sindicatos da PSP que integram aquela estrutura, designadamente o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP) e do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol)..Estes sindicatos defendem o fim do atual suplemento de risco e serviço nas forças de segurança, propondo um suplemento de missão para os polícias indexado a 19,67% do ordenado do diretor nacional da PSP, valor idêntico ao atribuído aos elementos da Polícia Judiciária..A reunião de hoje no MAI será feita de modo diferente das anteriores, uma vez que se trata de uma reunião suplementar. Os sindicatos da PSP vão ser recebidos individualmente pela ministra, à exceção do SPP, Sinapol e da Associação Sindical Autónoma de Polícia, cuja reunião é em conjunto por terem uma proposta semelhante..Tal como tem acontecido em reuniões anteriores, as associações da GNR vão ter o encontro com Margarida Blasco em conjunto por não terem direito a negociação suplementar..Armando Ferreira, presidente do Sinapol, disse à Lusa que o seu sindicato "não vai fazer acordos com a proposta do Governo"..Já o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), que subscreve a proposta da plataforma, afirmou à Lusa que os 400 euros de aumento no suplemento de risco são "como uma linha vermelha", mas a associação estará presente na reunião para ouvir aquilo que o Governo tem para dizer aos sindicatos.."Estamos disponíveis para ouvir mais uma vez o Governo, queremos resolver este processo", disse Paulo Santos, sublinhando que o Governo deve dar o aumento de 300 euros aos polícias caso não chegue a acordo com os sindicatos, pois "só assim demonstra estar de boa-fé"..Também Bruno Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia e porta-voz da plataforma, considerou que o Governo devia dar os 300 euros de aumento na ausência de acordo: "ausência de acordo não tem de dar ausência de medida", disse à Lusa..Bruno Pereira confessou não esperar nada da reunião, mas sublinhou que Margarida Blasco deverá apresentar propostas completares aos polícias..O porta-voz da plataforma disse ainda que o valor mínimo exigido pelos sindicatos da PSP e associaçoes da GNR é 400 euros de aumento, apesar de ser "longe do ideal"..O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, disse à Lusa que, apesar das declarações do primeiro-ministro, ainda há alguma expectativa na reunião, caso contrário a associação não estaria presente..O atual suplemento de risco e serviço nas forças de segurança é composto por uma componente variável de 20% do ordenado base e de uma componente fixa de 100 euros..Ainda na reunião, o Conselho Nacional do PSD, órgão partidário máximo entre congressos, aprovou a realização de diretas para a liderança do partido em 6 de setembro, seguidas de Congresso entre 21 e 22 de setembro, em Braga..Luís Montenegro, que lidera o PSD desde 2022, lembrou que "há muitos meses, muitos mesmo" anunciou que seria recandidato nas próximas diretas..Na sua intervenção, falou de passagem sobre as eleições autárquicas de 2025, em que o espera que o PSD volte a liderar a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP): "É o nosso objetivo para essas eleições, do ponto de vista global"..No plano interno, o presidente do PSD penitenciou-se por não ter tido "tanta participação nas ações partidárias" como desejaria desde que assumiu as funções de primeiro-ministro.."É por uma boa razão, mas em todo o caso nós tentaremos brevemente recolocar o partido a fazer o seu trabalho, porque sempre entendi, continuo a entender, uma coisa é o partido outra coisa é o Governo. Nós temos de ter uma estrutura partidária que trate das tarefas que lhe cabem, independentemente daquilo que cada um de nós estiver a fazer, hoje alguns no Governo, nos governos regionais, nas autarquias locais", acrescentou