Ficou deserto o concurso para o "inovador" e "disruptivo" navio da Marinha

Gouveia e Melo ficou sem candidatos para a construção de um dos seus projetos revolucionários: uma plataforma naval "multifunções" e "multipropósito" criado para projetar múltiplas capacidades, essencialmente robóticas, e sistemas não-tripulados (drones aéreos, terrestres e submarinos) - um gigante porta-drones do mar.

Ficou deserto o concurso para a construção de um novo navio da Marinha, designado "multifunções" ou "multipropósito", uma pioneira plataforma naval com capacidade de projetar múltiplas capacidades, essencialmente robóticas e sistemas não-tripulados (drones aéreos, terrestres e submarinos).

"O concurso limitado por prévia qualificação para o navio "multipropósito" teve início no dia 20 de junho de 2022. Apresentaram-se à fase de qualificação dois candidatos, sendo que um foi qualificado mas não chegou, contudo, a apresentar proposta", confirmou ao DN fonte oficial do gabinete do Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA).

Este era um dos projetos "disruptivos" e "inovadores" que o CEMA Almirante Gouveia e Melo tinha lançado, aproveitando as verbas disponíveis para estas capacidades do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Está aprovado para este projeto um financiamento de 100 milhões de euros.

Mas a Marinha não desiste. Segundo o já referido porta-voz, "o projeto contemplava este possível cenário e por isso estão previstas opções jurídicas que serão exploradas no sentido de prosseguir este importante projeto com vista à sua concretização".

Numa recente apresentação deste navio na Confraria Marítima / Liga Naval Portuguesa, o Diretor de Navios da da Armada, contra-almirante Jorge Pires, tinha classificado este projeto como "muito ambicioso, um dos mais estruturantes e desafiantes da Marinha", revelando na altura que era aguardada a proposta do único candidato que tinha ficado qualificado.

É um navio científico, que será uma espécie de base em alto-mar, dotado de laboratórios científicos, alojamento para 90 pessoas em permanência e outras 100 se necessário, por exemplo numa situação de evacuação de emergência, rampas para embarque e desembarque de viaturas, heliporto, pistas para drones aéreos, uma baia para os drones submarinos e lanchas, gruas diversas para içar material de investigação - uma "plataforma de projeção de capacidades", como precisou Jorge Pires.

Sustenta a Marinha que este "navio contribuirá para o conhecimento, preservação e exploração sustentada do oceano, para o apoio direto a populações em resposta a crises e para o reforço da capacidade operacional e científica do país, em particular para o mapeamento e proteção dos recursos vivos e não vivos mas, também, para a vigilância e fiscalização marítima, a busca e salvamento marítimo e a resposta a acidentes marítimos, recorrendo, maioritariamente, a Veículos Não Tripulados (VENT) para a execução das suas tarefas.

Na sua candidatura ao PRR, a Marinha sublinhou que "este navio, idealizado sob um novo conceito de operação, não tem requisitos militares e não é armado. As suas principais funções são a monitorização ambiental, nomeadamente no combate à poluição marítima, a fiscalização da pesca, a preservação dos recursos, o desenvolvimento do conhecimento e da investigação no âmbito hidrográfico e científico".

Segundo esse texto, "todos os seus drones não possuem armamento e os sensores utilizados servem para monitorizar, vigiar e controlar os espaços marítimos sob jurisdição nacional".

O navio, foi salientado, "servirá ainda para o eventual transporte e evacuação de cidadãos em caso de necessidade. Com o conceito de duplo uso, e tratando-se de um navio tecnologicamente inovador e disruptivo, irá permitir testar soluções tecnológicas na área robotizada, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologia nacional".

Na mencionada apresentação o Diretor de navios afiançou que este projeto representa um "estímulo para toda a comunidade ligada ao mar, indústria e academia", com "desafios muito interessantes e oportunidades tremendas", assinalando que era intenção da Marinha "envolver ao máximo a indústria nacional". "Não devemos, como país, desperdiçar esta oportunidade", concluiu.

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