O ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida
O ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro AlmeidaRodrigo Antunes / Lusa

Estado vai financiar a 100% reconstrução de casas destruídas pelos fogos até 150 mil euros

No total, serão disponibilizados 100 milhões de euros para dar liquidez às comissões de coordenação e desenvolvimento regional, de forma a suportar as despesas mais imediatas até ao final do ano.
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O Estado vai financiar a 100% a reconstrução de casas até 150 mil euros e 85% do valor excedente afetadas pelos incêndios deste mês, anunciou esta quinta-feira o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.Castro Almeida salientou que as casas afetadas são, na sua maioria, pequenas e em ambiente rural, e a "esmagadora maioria" terá custos de reedificação inferiores aos 150 mil euros.

A reconstrução e reabilitação das habitações ficará a cargo do proprietário ou do município, optando o Governo PSD por não delegar essa tarefa nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) por considerar que a sua vocação "não é serem empreiteiros", explicou.

A reconstrução e reabilitação das habitações ficará a cargo do proprietário ou do município, optando o Governo PSD por não delegar essa tarefa nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) por considerar que a sua vocação "não é serem empreiteiros", explicou.

Castro Almeida revelou que o levantamento dos danos causados pelos incêndios, que está a cargo dos municípios em articulação com as CCDR, está em curso em 69 municípios e 291 freguesias.

"Na próxima semana teremos cerca de 90% dos levantamentos concluídos", estimou.

Ainda de acordo com o ministro, ainda não é possível precisar o número de casas e fábricas afetadas pelos fogos, mas será "superior a 50 e bastante inferior a 100"

Para as empresas, o governante anunciou também a criação de uma linha de apoio à tesouraria e apoio à reposição da produção (edifícios, matérias primas e maquinaria).

Quanto aos detalhes sobre o nível do apoio, o ministro disse que tal "é mais difícil de concretizar", já que "há regras europeias da concorrência que limitam os auxílios de Estado e vamos ter de cumprir".

Ainda assim, assegurou que dentro dos limites legais vão "dar o apoio possível aos empresários e empresas que queiram reconstruir o seu caminho".

Entre as medidas anunciadas esta quinta-feira destaca-se também um "mecanismo diferenciado de 'lay-off' simplificado" para as empresas afetadas, que prevê a "redução ou suspensão de contratos de trabalho", bem como um "regime de exceção nas Medidas Ativas de Emprego para favorecer pessoas que foram vítimas deste incêndio", indicou o ministro.

Destacou ainda medidas como ações de formação profissional para desempregados e a "prorrogação do prazo de cumprimento de obrigações fiscais de pessoas singulares e coletivas, que não consigam cumprir por causa dos incêndios".

Para os agricultores, haverá um subsídio para compensar prejuízos agrícolas até 6 mil euros e apoio à capacidade produtiva agrícola para a substituição ou reparação de animais, máquinas e equipamentos agrícolas e armazéns agrícolas.

Castro Almeida apontou que "muitos agricultores que fazem agricultura de subsistência não têm documentos, nem de compras nem de vendas, têm as sementes que recolhem no seu próprio campo e depois vendem no mercado mais próximo".

O ministro disse que esta é uma forma de resolver o problema de muitos agricultores que não teriam como sobreviver nos tempos mais próximos.

Manuel Castro Almeida adiantou que, da avaliação que tem estado a ser feita no terreno, os danos provocados pelos incêndios na agricultura "são maiores do que a maioria das pessoas pensa", ao contrário dos danos na indústria e na habitação, que são menores do que se esperava.

O governante anunciou também apoios à recuperação florestal, para a estabilização e recuperação de áreas afetadas, e para a substituição ou reparação de máquinas, equipamentos florestais, armazéns florestais e outras construções de apoio à atividade das florestas.

No total, serão disponibilizados 100 milhões de euros para dar liquidez às comissões de coordenação e desenvolvimento regional, de forma a suportar as despesas mais imediatas até ao final do ano.

O plano para a floresta será apresentado em três meses.

Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios que atingiram na passada semana, sobretudo, as regiões Norte e Centro de Portugal.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos nos fogos.

Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.

Antes, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou um conjunto de medidas para reforçar a segurança e o controlo de fronteiras, nomeadamente um novo sistema de saída e entrada de Portugal desde fora do espaço Schengen, com recolha dos dados biométricos, a criação de Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP e um novo regime de retorno e afastamento de cidadãos em situação ilegal.

Paralelamente, as agressões a profissionais como professores ou médicos ou a forças de segurança terão uma moldura penal agravada, segundo diplomas esta quinta-feira aprovados em Conselho de Ministros.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, explicou no final da reunião que foram aprovados um conjunto de diplomas em matéria de segurança , com novas "regras sobre crimes de agressão contra certos funcionários públicos e pessoas em funções de autoridade e serviços públicos críticos".

Estão englobadas as agressões contra as forças de segurança, guardas prisionais, professores e pessoal não docente das escolas, profissionais de saúde e bombeiros.

Além do agravamento da moldura penal, disse o ministro, está contemplada a isenção de custas e tornar parte desses crimes em crime público, dispensando nomeadamente a queixa da vítima.

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