Paulo Raimundo, o líder do PCP, ao centro, acompanhado por centenas de pessoas na baixa de Lisboa.
Paulo Raimundo, o líder do PCP, ao centro, acompanhado por centenas de pessoas na baixa de Lisboa.Álvaro Isidoro / Global Imagens

De cravos na mão e ao som da gaita, CDU faz prova de vida

Antigos líderes comunistas Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas juntaram-se no Rossio ao atual secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que, por entre um mar de gente, garantiu que o partido está a crescer. “Dúvidas houvesse, está aqui a demonstração”, apontou.
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Não faltou cor nas ruas de Lisboa, este domingo, enquanto apoiantes, militantes, simpatizantes, amigos ou curiosos desfilaram ao lado do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. Um comício esperava aquele mar de gente no Rossio, com uma surpresa: os antigos líderes comunistas ainda vivos, Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, apareceram para apoiar o seu sucessor.

Uma gaita de fole e dois tambores acompanharam as largas centenas de pessoas que desfilaram entre a Praça do Município e o Rossio, num périplo que se limitou à Rua do Ouro. Bandeiras na mão e uma tarja a apelar à valorização do trabalho e dos trabalhadores acompanharam as palavras de luta “pelo direito à habitação, CDU é solução”. Ou “CDU vamos votar, SNS [Serviço Nacional de Saúde] a melhorar”.

Apesar do número de pessoas, não foi difícil parar a comitiva várias vezes durante o trajeto. Fosse para Paulo Raimundo falar com jornalistas ou para cumprimentar quem dele se aproximava, aquela onda abrandou ou deteve-se várias vezes. Uma delas, talvez a mais importante e não desprovida de simbolismo, foi quando a ex-secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, no cruzamento entre a Rua da Vitória e a Rua do Ouro, abraçou Paulo Raimundo.

A certa altura, o líder comunista, questionado pelos jornalistas sobre se tinha convidado os antigos secretários-gerais do partido para responder aos dirigentes das outras forças políticas, que nos últimos dias também seguiram esta receita, afastou esta ideia.

“Não. Olhe, o que os outros partidos não trouxeram foi as soluções para o país”, optou por destacar Paulo Raimundo, acrescentando que a CDU (coligação entre o PCP e o PEV) está “a trazer as soluções para o país, para os salários, para a habitação, para a saúde.

Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, ao centro, juntaram-se ao comício do PCP, no Rossio.
Álvaro Isidoro / Global Imagens

É isto que nós estamos a trazer para a campanha. E contamos com todos. E tenho muito gosto que o meu camarada Jerónimo de Sousa e o meu camarada Carlos Carvalhas estejam hoje aqui, mas têm estado pelo país fora a fazer campanha. Não têm acompanhado o secretário-geral, até agora.”

Interrogado sobre uma sondagem que estabeleceu como cenário a CDU à frente da IL, o secretário-geral comunista desvalorizou-a, sem surpresas. “Conhecem a nossa opinião sobre as sondagens. Continuo a dizer, elas condicionam muito e acertam pouco.

Nós estamos a construir o resultado todos os dias. Tenho falado convosco e isto está aqui. Esta é mais uma prova disso. E amanhã vai ser assim, vai ser assim na terça e na quarta e na quinta e na sexta e no sábado e no domingo”, prometeu.

Um dos temas mais marcantes desta fase pré-eleitoral é o número de indecisos, que podem vir a dar força a qualquer força política. Para responder a esta incerteza, Paulo Raimundo recuperou a ideia inicial, insistindo naquilo que o partido utiliza como estratégia.

“Uma das formas de resolver esta indefinição é também trazer para o debate os problemas que afetam as pessoas”, afirmou, enquanto referiu as respostas “ao salário, à saúde, ao problema da habitação, ao problema dos pais e das crianças - o acesso às creches”.

Sobre a forma como os partidos parecem não estar a conseguir convencer os eleitores, Paulo Raimundo admitiu que é verdade e garantiu que o partido está a construir o resultados diariamente.

“Hoje, estão aqui estes largos milhares, mas por esse país fora estão outros largos milhares a falar com toda a gente, a esclarecer, a mobilizar. E nós vamos conseguir não só alargar e crescer, como diminuir essa percentagem de indecisos para o nosso lado”, considerou o líder comunista.

Sobre o resultado de 2022 e o voto útil no PS, Paulo Raimundo acabou por afirmar que “é uma conversa que já não cola”. “As pessoas já perceberam que a vida só avança, não é com os votos que derem mais ao PS”, concluiu.

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