Cinto de segurança obrigatórios nas aulas de condução.
Cinto de segurança obrigatórios nas aulas de condução.Arquivo DN

Cintos de segurança e "poluição moral"

No primeiro dia de 1974 tornou-se obrigatório o uso de cinto de segurança nas aulas de condução. “Um começo de habituação”, dizia o DN. Num país há 50 anos a discutir um novo aeroporto, admira que a obrigatoriedade geral só tenha demorado depois 20 anos.
Publicado a
Atualizado a

A manchete da primeira edição do DN em 1974 fez-se com a mensagem de Ano Novo dirigida “aos portugueses de todo o mundo” pelo Presidente da República, almirante Américo Tomás. O jornal transcrevia a mensagem na íntegra, na capa e depois em quatro densas colunas na página 7.

O almirante afirmava-se “assaltado” pelo “avolumar constante das apreensões” que sentia ao  ver “os homens responsáveis pelo destino do Mundo Ocidental e da sua civilização” a serem cada vez mais “ultrapassados pelos acontecimentos”. Além disso, queixava-se da “propaganda marxista” e dos seus efeitos: uma “degradação moral”que atingia “sobretudo os jovens” mas também deixando alguns adultos “contaminados”. “A poluição moral é a mais nefasta de todas as poluições”, concluía.

Tomás elogiou ainda aqueles que, “com galhardia” e  “há quase treze anos”, defendiam de “intrusos armados equipados, sustentados e impelidos por países estrangeiros” os “sagrados e queridos rincões do território nacional” no Ultramar . Era da Guerra Colonial que falava.

A informação do DN sobre o assunto resumia-se a meia coluna na página 9, no caso sobre a Guiné, garantindo “pesadas derrotas infligida aos terroristas” pelo Exército.  Mas também se reportava que uma patrulha portuguesa fora vítima de uma emboscada  feita por um “grupo inimigo fortemente armado e equipado com armas automáticas e lança granadas-foguete”.

Além disso, revelavam-se atos de “gatunagem desenfreada em Lisboa e nos arredores”: “Mais de duas dezenas de assaltos - arrombamentos de montras, escalamento e por meio de chave falsa - foram participados à PJ no passado fim de semana”.

Em  Setúbal, dois “gatunos de automóveis” tinham sido surpreendidos em flagrante. Um fugiu mas o outro não: “Um tal Pantaleão, de 20 anos, que se diz marceneiro e natural de Pampilhosa da Serra.”

Sobre a província, contava-se que em Aldeia do Bispo, Penamacor, “quando o sr. José Joaquim Rosa Oliveira, de 31 anos, casado com a srª D. Rosa Bragôa, conduzia um trator carregado de madeira numa propriedade pertencente ao sr. António da Silva Carloto, no sítio da Serra, nesta localidade o veículo voltou-se e o condutor ficou sob o mesmo, pelo que teve morte imediata”. Deixou dois filhos menores.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt