Política
20 janeiro 2022 às 23h10

Carlos Moedas acusa o PS de "jogo político" e "má vontade" e diz que PCP é "exemplar"

Moedas diz mesmo que "há um certo Partido Socialista que pensa que manda no país". "Não é uma coisa partidária, é um certo Partido Socialista. Isto tem que mudar", acrescentou.

DN

Carlos Moedas acusou esta quinta-feira o Partido Socialista de "jogo político" e de "má vontade", poucas horas após a votação do orçamento da Câmara Municipal de Lisboa ter sido adiada por o PS ter alertado para "um erro de 40 milhões de euros".

"Os trabalhadores da Câmara Municipal trabalharam dia e noite para termos um orçamento e são os mesmos trabalhadores do que quando o PS tinha a Câmara Municipal. O PS teve uma má vontade incrível. Não posso confiar, não tenho essa confiança", afirmou o edil lisboeta na Edição da Noite da SIC Notícias.

Moedas diz mesmo que "há um certo Partido Socialista que pensa que manda no país". "Não é uma coisa partidária, é um certo Partido Socialista. Isto tem que mudar", acrescentou.

O autarca da capital diz que tem "procurado sempre consensos e nada muda" e que "gostava de ver outra atitude por parte do PS", dando o exemplo da sua relação com o Partido Comunista. "Eu trabalho muito bem com o PCP, tem sido exemplar, aquilo que diz é aquilo que faz", frisou o autarca, que quando questionado sobre a campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro assumiu que se vê numa arruada ao lado de Rui Rio na baixa lisboeta.

O adiamento da reunião de discussão e votação do orçamento e das Grandes Opções do Plano para 2022-2026, que começou pelas 13:25 e que foi suspensa cerca das 19:30, sem que os trabalhos ficassem concluídos, foi motivado "pela invocação por parte do PS de uma desculpa para não permitir que o orçamento fosse votado já e, no fundo, fosse viabilizado na sequência da declaração de voto que eles próprios já tinham comunicado", disse à Lusa o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro das Finanças.

Fonte da vereação do PS indicou que o adiamento foi decidido após uma intervenção do vereador socialista João Paulo Saraiva, que chamou à atenção para "a existência de erros técnicos nos mapas do orçamento", inclusive que a verba destinada à habitação é de 76 milhões de euros em vez dos 116 milhões de euros anunciados pelo executivo, o que significa "menos 40 milhões de euros", isto porque há ações que estão "mal classificadas" nos documentos.

A governar a cidade sem maioria absoluta, o executivo presidido por Carlos Moedas (PSD), com sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), deverá conseguir a viabilização da proposta de orçamento, uma vez que os cinco vereadores do PS já anunciaram que se vão abster e justificaram esse sentido de voto "por uma questão de princípio democrático e de salvaguarda da estabilidade na gestão da autarquia", ressalvando que "não significa concordância".

Os vereadores do PCP, Bloco de Esquerda, Livre e a vereadora independente Paula Marques (eleita pela coligação PS/Livre) também já anteciparam o sentido de voto, que é contra a proposta de orçamento.

Este é o primeiro orçamento municipal do mandato 2021-2025, sob a presidência do social-democrata Carlos Moedas, em que a proposta apresentada prevê uma despesa de 1,16 mil milhões de euros para este ano.

No atual mandato (2021-2025), o executivo é composto por sete eleitos pela coligação "Novos Tempos" (três do PSD, dois do CDS-PP e duas independentes), que são os únicos com pelouros atribuídos, sete pela coligação "Mais Lisboa" (cinco do PS, um do Livre e uma independente), dois da coligação PCP/PEV (ambos do PCP) e uma do BE.

No anterior mandato, sob a liderança do PS, a Câmara de Lisboa aprovou o orçamento municipal para 2021, de 1,15 mil milhões de euros, menos 11% em relação ao de 2020 (1,29 mil milhões), com os votos favoráveis do PS e do BE (com quem os socialistas tinham um acordo de governação do concelho) e os votos contra das restantes forças políticas (CDS-PP, PSD e PCP).

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