AD rebate críticas do PS e atira culpas para anterior gestão do SNS
Filipe Amorim / AFP e Reinaldo Rodrigues / Global Imagens. Fotomontagem DN

AD rebate críticas do PS e atira culpas para anterior gestão do SNS

Socialistas acusam Governo de degradar os serviços. Mas o Executivo diz que herdou o resultado de oito anos e relembra que há negociações em curso e um plano para aplicar até 2025.
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A acusação de Pedro Nuno Santos chegou num tweet. Os “inúmeros Serviços de Ginecologia e Obstetrícia encerrados” nos últimos dias são a evidência de que “o Plano de Emergência e Transformação na Saúde da AD está a falhar”. Assim, está em curso um plano “de degradação, não de transformação”. E esta situação reflete a “instabilidade que o atual Governo introduziu na Área da Saúde”, atirou o líder socialista.

Do lado do Governo, há a consciência de que “a situação é crítica”. Mas, aponta Miguel Guimarães, deputado do PSD, “é o reflexo da forma como o PS deixou esta área”.

Ouvido pelo DN, o também ex-bastonário da Ordem dos Médicos refere que “ao longo dos últimos anos, a economia tornou-se mais importante do que o Estado Social, que se foi degradando”. E não há como esconder: “O estado do SNS é crítico.”

Esta situação, acusa Miguel Guimarães, foi herdada do PS e ouvir socialistas a criticá-la “é profundamente injusto”. “É preciso descaramento para dizer o que o doutor Pedro Nuno Santos disse. São declarações profundamente injustas”, afirma.

Referindo ainda que o PS “não conseguiu alargar a reorganização dos Serviços de Urgência”, Miguel Guimarães diz ainda que “a população médica reflete um pouco a população do país: está envelhecida e isso prejudica os serviços hospitalares” por causa das restrições profissionais, devido à idade.

Além disso, acrescenta ainda o deputado social-democrata, “o Plano de Emergência é para ser aplicado até 2025. Não se resolvem todos estes problemas de um dia para o outro, são situações que levam o seu tempo”.

Na sequência dos vários encerramentos de Urgências, os socialistas já manifestaram a sua intenção em reunir-se com as administrações das Unidades Locais de Saúde que tiveram Urgências de Ginecologia/Obstetrícia e Pediatria encerradas. Pela voz do deputado João Paulo Correia (que coordena a Área da Saúde no grupo parlamentar do PS), o partido considera que estas reuniões permitirão ter “um nível de informação importante passar para o público e para a opinião pública”.

Reagindo ao caso da grávida das Caldas da Rainha, que lhe viu negada a assistência na Urgência mesmo estando a sangrar e com um feto morto num saco após um aborto espontâneo, João Paulo Correia atirou, na rede social X: “O Serviço Nacional de Saúde está nas mãos de uma Direção Executiva e de um Plano de Emergência impostos pelo atual Governo. Há grávidas a fazer 200 quilómetros da sua zona de residência. A Ministra da Saúde [Ana Paula Martins] está em silêncio. O primeiro-ministro tem de se explicar ao país.”

O Bloco de Esquerda foi no mesmo sentido. Em declarações à Lusa, a deputada Marisa Matias exigiu a Luís Montenegro que venha a público falar sobre o assunto, apresentando soluções para resolver o problema. A situação atual, disse, acontece devido a “um acumular de casos”, com as populações a não estarem a ser servidas continuamente. Com isto, defendeu, Montenegro “não pode continuar com esta barreira de silêncio”.

Lembrando que o PSD “criticou muito” o modelo de rotatividade das Urgências, Marisa Matias acusou os sociais-democratas de “não só” terem deixado as críticas de lado após serem Governo, mas também “passou a achar que era normal”. Com isso, “tem feito uma enorme confusão em relação às Urgências, porque primeiro quis retirar a informação do acesso público, depois ,afinal, após muitas críticas e denúncias voltou a colocar essa informação ao público, mas cheia de erros”.

Durante o fim de semana, já em reação aos encerramentos, o diretor executivo do SNS, António Gandra de Almeida, admitiu ser necessário repensar a rede de Urgências de Obstetrícia. Em declarações à Rádio Renascença, o responsável admitiu que refletir sobre a rede deve servir também para pensar “no futuro” da resposta “das maternidades no país”. Reconhecendo ainda que houve grávidas a serem transferidas para o privado, Gandra de Almeida assumiu que o número pode ser maior do que as seis que foram tornadas públicas, mas garantiu que nenhuma mulher ficou por atender.

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