Rita Chantre/Global Imagens
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50 anos do 25 de Abril. Celebrar o passado para salvar o futuro

Comissão organizadora quer que as comemorações sirvam para "discutirmos e perspectivarmos o futuro do país e da democracia", com atenção especial aos jovens.
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O programa final dinamizado pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril ainda não é conhecido, dependente que está de um ok definitivo do Presidente da República, mas algumas ideias já foram avançadas e o DN dá contas delas.

Maria Inácia Rezola, comissária executiva da Comissão, afirma que 2024 será um "ano de viragem" nas comemorações, iniciadas em março de 2022 e que se prolongarão até 2026. Depois do período inicial ter sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o 25 de Abril de 1974, 2024 será focado no Movimento dos Capitães/Movimento das Forças Armadas e na descolonização. Em 2025 será o ano para celebrar a democratização do regime - potencialmente o ano mais controverso, dados os 50 anos do 25 de novembro de 1975, uma data cada vez mais fraturante. Em 2026 as comemorações estarão focadas nas questões do desenvolvimento. Ou seja: os três D do 25 de Abril - Descolonizar, Democratizar, Desenvolver - distribuídos por três anos: 2024, 2025 e 2026.

"O propósito da Comissão é promover um maior conhecimento sobre o passado recente, para que este se aumente o nosso domínio e compreensão sobre o presente, e nos dote de ferramentas para, de forma esclarecida, discutirmos e perspetivarmos o futuro do país e da democracia."

Maria Inácia Rezola afirma: "A nossa expectativa é que o próximo ano [2024] seja um ano de festa, de celebração de 50 anos de democracia, e o ponto de partida para uma reflexão sobre os próximos 50 anos. Acredito que isso acontecerá, quer através das iniciativas pensadas e desenvolvidas pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, quer através das levadas a cabo por todas as outras entidades que, de norte a sul do país, estão entusiasticamente envolvidas na preparação das celebrações."

A ideia é mesmo celebrar o passado para salvar o futuro: "O propósito da Comissão é promover um maior conhecimento sobre o passado recente, para que este se aumente o nosso domínio e compreensão sobre o presente, e nos dote de ferramentas para, de forma esclarecida, discutirmos e perspetivarmos o futuro do país e da democracia."

E para isso pretende-se "tirar partido destas datas para promover junto dos mais jovens a importância de se valorizar as conquistas de Abril e chamá-los para que tomem parte na construção de uma sociedade melhor, mais justa, mais livre, mais participada e mais democrática".

Em parceria com o ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual) está a ser organizado o concurso "Cinema pela Democracia", que vai atribuir 790 mil euros a "projetos de produção cinematográfica e audiovisual de ficção, documentário ou animação; organização de seminários, conferências, workshops ou atividades similares; ações de formação; realização de mostras/ciclos de cinema e audiovisual português" que que se enquadrem nas Comemorações dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974 e que contribuam para a reflexão sobre a sua relevância na atualidade".

Além disso, o concurso "O 25 de Abril e a democracia portuguesa" atribui 500 mil euros para "projetos de investigação nos domínios das ciências sociais e humanidades sobre este período da história do país".

Ao mesmo tempo, em parceria com a Direção-Geral das Artes, tem vindo a ser organizado o concurso "Arte pela democracia" que, com um fundo total de um milhão de euros, financia projetos artísticos relacionados com o 25 de Abril. "A edição de 2023 selecionou um total de 45 projetos, 19 nas áreas artísticas de cruzamento disciplinar; nove de teatro; e seis de música. No domínio artístico da criação, serão apoiadas 27 iniciativas; no da programação, sete; no da circulação nacional, quatro. Foram ainda selecionados seis projetos no domínio da edição e um no domínio das ações estratégicas de mediação", diz a Comissão.

Há também uma parceria com a Tinta da China, intitulada "O 25 de Abril Visto de Fora", para a edição de dez livros relativos à revolução, a maioria de autores estrangeiros, numa coleção dirigida pelo politólogo António Costa Pinto. E ainda uma "campanha dirigida às escolas sobre os direitos humanos consagrados na Constituição da República Portuguesa, que contempla a divulgação de um conjunto de cartazes desenvolvidos por 16 reconhecidos ilustradores portugueses".

Várias outras entidades se mobilzaram para celebrar o cinquentenário da revolução. O Parlamento terá um programa cujo ponto alto será a sessão solene do 25 de Abril, com todos os chefes de Estado da lusofonia convidados (e a eventual presença de Lula promete novamente suscitar controvérsia à direita).

Ontem o Presidente da República promulgou o decreto que "determina as condições da criação do centro interpretativo do 25 de Abril", o qual será edificado no Parlamento.

O programa parlamentar incluirá uma "homenagem aos deputados eleitos em democracia que foram vítimas de prisão política durante a ditadura", uma outra homenagem à Comissão Nacional de Socorro dos Políticos, debates públicos "O 25 de Abril, hoje", a organizar pela Assembleia da República em todos os círculos eleitorais, com a participação de deputados. No Salão Nobre, entre abril e junho, estará a exposição "Vieira da Silva e a Liberdade"

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