A comissão que está a tratar das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril já recebeu "mais de 200 propostas de iniciativas" por todo o país e são "propostas com grande dinamismo" e "grande imaginação", revelando que há uma "vontade de trazer Abril para as ruas" e "para as casas de todos os portugueses". Entrevistada pela Lusa, a comissária das comemorações, a historiadora Maria Inácia Rezola, revelou iniciativas que quer pôr em prática já este ano..Um dos exemplos que deu é o de uma campanha a lançar nas redes sociais, especialmente destinada aos jovens e intitulada #NãoPodias, onde se lembrará o que não se podia fazer antes do 25 de Abril. Não se podia beijar na rua, votar livremente, discordar, viajar, reunir, ser europeu ou ter acesso gratuito à saúde são alguns dos #NãoPodias que a comissão vai recordar..No próximo mês de abril será recordado o Congresso da Oposição Democrática realizado em Aveiro em abril de 1973, um ano antes da revolução dos cravos. "Enquanto em Lisboa vamos ter duas tardes de reflexão, sobre os temas que foram debatidos em 1973, na Universidade de Aveiro, com escolas do ensino primário, secundário e também estudantes universitários, vamos debater os temas da atualidade que movem os jovens e que os inquietam como questões ambientais, como questões de desigualdade, de exclusão", descreveu..Depois, o próximo Dia do Trabalhador, em 1 de Maio, marcará a abertura de uma exposição com o título "Unidos Venceremos", sobre "as greves e os protestos na reta final do regime", uma exposição comissariada por Pacheco Pereira, que terá um polo em Lisboa e outro no Barreiro..Até final do ano, será ainda evocada a primeira reunião plenária do movimento dos capitães (9 de setembro de 1973), que juntou 95 capitães, 39 tenentes e dois alferes, sendo considerada a reunião fundadora do Movimento dos Capitães, mais tarde rebatizado de Movimento das Forças Armadas (MFA)..O reencontro será no local onde aconteceu há 50 anos, no Monte do Sobral, em Alcáçovas, a 30 quilómetros de Évora (e que hoje é um empreendimento de turismo rural). Em dezembro, será lembrado outro encontro do movimento, realizado em Óbidos em 1 de dezembro de 1973, "tão decisivo e tão importante" porque foi nele que se "começou a perspetivar que o golpe de Estado era a via para acabar com o regime"..Rezola disse não acreditar que o crescimento da extrema-direita possa afetar as comemorações. E todas as datas relacionadas com Abril devem ser assinaladas, quer unam quer desunam: "Mais do que a questão se unem ou não unem, acho que o fundamental é que não caiam no esquecimento e que exista informação.".Assim, serão evocadas datas como o 11 de março de 1975 (intentona spinolista) ou o 25 de novembro do mesmo ano (que marca o fim do período revolucionário). Para a historiadora, o que importa é por os protagonistas da história a deixarem o seu testemunho aos mais jovens. É uma forma de evitar que se comemore o 25 de Abril como se fosse "a pré-história" ou que se "pareça com as celebrações do 5 de Outubro" de 1910, data da implantação da República e que diz "tão pouco aos jovens".