Rio: "Como posso dizer que voto contra uma coisa que nem existe?!"

Ao contrário do que disseram Montenegro e Hugo Soares, líder do PSD não antecipa voto no Orçamento. E desvaloriza um novo partido de Santana porque é "ao centro" que tem de ir buscar votos
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Rui Rio recusou dizer se o PSD vai votar contra o Orçamento do Estado para 2019 porque o documento "nem existe". Numa entrevista à TVI, esta terça-feira à noite, o presidente social-democrata recordou que há muitos, até no seu partido, que pedem que ele anuncie já um voto contra o OE que o Governo terá de entregar na Assembleia da República até 15 de outubro. "Como posso dizer que voto contra uma coisa que nem existe?!", insurgiu-se.

Ao contrário de Luís Montenegro e Hugo Soares, os ex-líderes parlamentares sociais-democratas que são reconhecidos opositores da atual liderança do PSD, que têm defendido que em circunstância alguma o PSD deve viabilizar o Orçamento do Governo socialista, Rui Rio prefere dizer que uma atitude dessas "não é credibilizador para a política".

"Quando somos contra só porque vem do outro lado", é uma forma de estar na oposição que o líder social-democrata não quer seguir. E Rio insistiu numa linha que tem defendido na liderança, a de que "primeiro está Portugal, só depois é que está o PSD". "Quem gosta disto, pode bater palmas, quem não gosta, não vai gostar até ao fim."

O presidente do PSD acha no entanto que socialistas, bloquistas e comunistas "se vão entender e vão aprovar o Orçamento". "O que é lógico é que eles consigam um Orçamento e que o consigam aprovar. Se fosse o contrário, era mau para todos. Não é uma questão de interesse nacional, é uma questão de eles salvarem a pele", acusou.

Rio permitiu-se depois a um exercício teórico, argumentando que se a proposta do Governo chumbar, "em bom rigor, António Costa teria de viabilizar um governo do PSD/CDS".

Lembrando que Costa argumentou em 2015 que "só chumbou o governo de Passos Coelho porque não tinha uma maioria", se o Orçamento chumbar devia "em coerência" dizer: "Pronto, peço desculpa, apoio um governo do PSD e do CDS. O PSD foi quem verdadeiramente ganhou as eleições em 2015, foi o mais votado", atirou.

Na parte inicial da entrevista, o líder laranja já tinha criticado a política orçamental do Governo, ao afirmar que "o PS é muito mais a cigarra, que na história da cigarra e da formiga, em que a formiga durante o verão trabalha, no inverno tem o alimento produto do seu trabalho, e a cigarra não trabalha".

Para Rui Rio, só há uma maneira do líder da oposição "para ganhar eleições": "Chama-se credibilidade", que se traduz na soma de três características: "Seriedade", "coragem" e "competência". Sem modéstias, o presidente do PSD diz ter as três características, ressalvando que "não há nenhum primeiro-ministro que seja competente para tudo, tem é de ter uma equipa competente".

Santana não é problema

Rui Rio argumentou que a eventual saída de Pedro Santana Lopes não é um problema para o PSD, beliscando apenas um pouco o eleitorado social-democrata, mas apostando noutros alvos. "A margem de crescimento que eu procuro não é à direita", disse, colando o seu adversário nas diretas sociais-democratas a essa direita. "É ao centro" que o PSD tem de ir buscar votos, defendeu.

Naqueles que votaram PS e estão desiludidos com a governação de António Costa e nos que se abstêm porque não encontram quem seja credível. E mais uma vez, argumentou, é por isso que Rio disse esta a fazer um caminho "credibilizador" da política.

Objetivo nas europeias: subir número de votos

Reconhecendo que o PSD parte de uma posição baixa para as eleições europeias de maio do próximo ano (e que será o seu primeiro teste eleitoral), o presidente social-democrata defendeu que "o que é fundamental nas europeias é o PSD subir e preferencialmente ganhar".

Se correr mal, disse, não se esconderá. Mas também não se demitirá. "Não compromete" a sua permanência à frente do partido, argumentou. "As europeias vão ser em maio", disse, para acrescentar entre risos: "Não sei se era em agosto que queriam trocar de líder de partido, por isso [a liderança] não está minimamente em causa." Depois rematou: "Agora naturalmente, se o PSD tiver um resultado mais fraco, é mau. Se não subir, é mau. Se ganhar, aí é que é bom."

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