Como os organizadores de casamentos neutralizam drones de paparazzi
Não há nada mais empolgante para um paparazzi do que captar os momentos mais íntimos das celebridades. Aqueles a que poucos - ou ninguêm - têm acesso. Muitas vezes, na impossibilidade de transporem certas barreiras, os profissionais do mundo da fama veem-se obrigados a recorrer a drones. A técnica - conhecida como dronearazzi - desagrada não só às figuras públicas, que veem a sua privacidade invadida, mas a um grupo muito específico de Hollywood: os organizadores de casamentos.
Marcy Blum viu-se, pela primeira vez, perante uma intrusão dessas há cerca de dois anos. Na Croácia, a produtora de cinema Fabiola Beracasa - sua cliente - preparava-se para trocar alianças com Jason Beckham, quando viu sobrevoar um drone. Na verdade, nenhum dos noivos era suficientemente conhecido para ser alvo, mas Blum veio mais tarde a descobrir que quem o dispositivo tinha na mira era Angelina Jolie e Brad Pitt. O casal, que se separou há pouco mais de três semanas, acabou por enganar os paparazzi e só alguns meses depois, em França, com espiões fora de vista, subiu ao altar.
"Não pudemos fazer nada na altura", recorda Blum, em conversa com a Vanity Fair, referindo-se à cerimónia que foi perturbada em Dubrovnik. "Mas no evento seguinte eu estava preparada." A profissional começou a contratar peritos na utilização de armas que disparam redes, para que os drones fossem imobilizados assim que surgissem no ar. Outra das suas "histórias de guerra" remonta a 2004, ao casamento de Billy Joel e Katie Lee em Long Island, Nova Iorque, quando estabeleceu um acordo com o controlo de tráfego aéreo para garantir que nada sobrevoasse o espaço. Sempre que o nível de mediatismo o exige, essa é outra das suas formas de combate.
Já JoAnn Gregoli, que lida com este tipo de situações, nos eventos por si organizados há vários anos, tem optado por um sistema de reação diferente. "Os paparazzi usam táticas de guerra. É uma operação secreta. É como fazer parte da CIA [Agência Central de Inteligência dos EUA]", explica. A resposta ao problema é, aparentemente, simples: drones de interferência."Temos de ser tão sorrateiros quanto eles. Normalmente, dizemos aos nossos clientes que, por uma questão de segurança e privacidade, colocámos drones a sobrevoar o espaço e que poderão assistir a algum combate."
A ideia surgiu há pouco mais de um ano, quando Gregoli, especialista em casamentos da alta sociedade norte-americana, preparava uma cerimónia nos Hamptons, na costa este dos Estados Unidos. Assim que ouviu o ruído de um drone de paparazzi, correu até ao repórter de imagem de serviço, que tinha o seu próprio dispositivo para fotografar o casamento com perspetiva aérea, e ordenou: "Envia o teu drone para cima!". "Desde então, contrato sempre pessoas que tenham drones para servirem de diversão, para que os paparazzi não consigam obter as imagens".
A utilização da tática dronearazzi passou a ser proibida no ano passado, na sequência da aprovação de uma lei pelo governador da Califórnia, Jerry Brown. Mas Marcy Blum não prevê que o comportamento dos fotógrafos sofra alterações. "Eles preferem ser multados. Preferem ser atingidos na cabeça, se a fotografia valer a pena. Por isso, se é legal, se não é legal, o que é que lhes interessa?".
Nos últimos meses, uma nova forma de proteger as celebridades começou a ganhar adeptos: treinar aves, vivas, para identificarem e derrubarem drones. Blum está hesitante em enveredar por esse caminho. "Isto pode parecer estúpido, mas sou a favor dos direitos dos animais. Eu não queria usar falcões ou águias, mas ao que parece eles não saem prejudicados. Basicamente, limitam-se a puxar as máquinas para baixo, como se fossem presas".
Cada organizador de casamentos responde à sua maneira, mas a verdade é esta: "Estamos todos em modo de superespião", conclui Blum.