Pescanova com concurso de credores para "proteger" trabalhadores, credores e acionistas

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A empresa espanhola Pescanova apresentou hoje o concurso de credores, para evitar que um credor solicite a insolvência da empresa, depois de uma reunião de mais de 12 horas do seu Conselho de Administração que terminou durante a madrugada.

"O Conselho de Administração (CA), para preservar a continuidade empresarial da Pescanova e proteger os interesses afetados, deliberou solicitar voluntariamente perante o tribunal mercantil competente a declaração de concurso de credores", referiu o CA, num comunicado remetido à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV).

"A Pescanova pretende apresentar no curso do procedimento uma proposta de convénio aos seus credores, que garanta, por um lado, a salvaguarda dos direitos e interesses dos seus trabalhadores, credores e acionistas e, por outro, a gestão continuada da assinatura", sublinha a nota.

A reunião decorreu um dia antes do prazo limite dado pelo regulador, a CNMV, à empresa, para que esta apresente as contas finais referentes a 2012, cuja apresentação foi adiada depois da Pescanova anunciar a renegociação da sua dívida.

O encontro do CA decorreu praticamente um mês depois da Pescanova ter solicitado o pré-concurso de credores, com uma dívida de cerca de 2.700 milhões de euros, ou 1.200 milhões de euros acima do que figura no passivo auditado (1.522 milhões de euros no final do terceiro trimestre de 2012), segundo fontes da empresa.

Durante a reunião, os membros do CA aprovaram ainda substituir o auditor de contas, BDO Auditores S.L., por uma "auditor forense" que analisará todos os dados financeiros de 2012.

Cerca de 1,6 mil milhões de euros que constituem a dívida pertencem à 'holding' (casa-mãe) do grupo de pescas galego estando atualmente a ser constituída uma comissão diretora para negociar com a Pescanova, que deverá incluir o Bankia, CaixaBank, Banco Popular, Sabadell, RBS e o Deutsche Bank.

Para conseguir liquidez, a Pescanova realizou em março de 2010 uma emissão de obrigações convertíveis em ações, no valor de 110 milhões de euros, com vencimento a cinco anos e, em abril de 2011, concluiu entre os investidores qualificados e institucionais uma outra emissão também de obrigações convertíveis, no montante de 180 milhões de euros, que vence a 17 de abril de 2017.

Atualmente, a Pescanova aguarda pela venda do negócio de aquacultura, o qual tem registado "avultados prejuízos" devido à grande oferta de salmão que levou à queda do seu preço, disseram fontes que pediram o anonimato.

Um dos dez maiores grupos da indústria pesqueira mundial, o grupo Pescanova tem uma forte presença em Portugal onde em junho de 2009, em Mira, inaugurou a Acuinova, a maior unidade do mundo para a criação de pregado em aquicultura.

O investimento inicial nesse projeto foi de 140 milhões de euros.

Nos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2012, últimos divulgados pela empresa, a Pescanova registou lucros líquidos de 24,9 milhões de euros, mais 2,2% que no mesmo período do ano passado.

A faturação cresceu 8,9%, sendo que o crescimento fora do mercado espanhol foi de 14% e a empresa acumulava um passivo de 1.522 milhões de euros no final de setembro, dos quais 459 milhões de euros correspondem a credores comerciais.

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