Persistência é o segredo para construir uma empresa multimilionária

Bolt, LaunchDarkly e Rappi partilharam, na manhã desta quinta-feira, a receita para o sucesso, partindo da sua experiência no mundo dos gigantes tecnológicos. "Nunca se esqueçam dos clientes", sugere Edith Harbaugh.
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No último dia de Web Summit, a organização juntou três empreendedores que, com persistência e arrojo, conseguiram transformar uma boa ideia num negócio competitivo e, mais importante ainda, multimilionário. "Building a Billion Dollar Company" contou com moderação do jornalista Mike Butcher, do TechCrunch, e a participação de Markus Villig, CEO da Bolt, Edith Harbaugh, CEO da LaunchDarkly, e Juan Pablo Ortega, cofundador da Rappi, que partilharam a sua experiência e perspetiva sobre a dificuldade de transformar uma ideia num negócio, mas sobretudo de conseguir financiá-la.

Para o homem-forte da Bolt - que hoje oferece serviços de mobilidade, micromobilidade e entrega de comida -, é fundamental que as empresas mantenham "uma atitude de startup" mesmo após atingirem o sucesso. "Diria até que essa é a principal razão pela qual estamos aqui", afirma, recordando que desenvolvem atividade "numa das indústrias mais competitivas do mundo". Markus Villig explicou, no entanto, que o processo de angariação de financiamento não foi fácil e que foi preciso insistir durante muito tempo até que os investidores olhassem para a Bolt como algo promissor.

Hoje avaliada em 4 mil milhões de euros, a tecnológica não parecia atrair quem quisesse investir. "Todos nos diziam que a equipa parecia fantástica, mas que esta indústria estava morta", lembra. Não estava, como o tempo viria a provar. Aliás, Villig refere ainda que a Uber conseguiu "angariar mais financiamento do que qualquer outra empresa tecnológica na história", tornando mais difícil para a Bolt continuar a competir no mercado. "Decidimos continuar porque tínhamos confiança que o nosso modelo era melhor e que os clientes e motoristas iam gostar. Continuámos até eventualmente atingir uma escala que não permitisse aos investidores ignorarem-nos. Quando conseguimos ter acesso ao financiamento, foi quando conseguimos explodir", aponta.

Edith Harbaugh e Juan Pablo Ortega enfrentaram as mesmas dificuldades, mas por razões diferentes. Quando, em 2014, a CEO da LaunchDarkly participou na Web Summit para procurar conquistar investidores, ninguém parecia entender o potencial da ideia que apresentava - a criação de uma plataforma que pudesse ser integrada no ciclo de desenvolvimento de software das empresas, poupando custos e tornando a testagem de funções mais rápida e eficiente. "Eles não percebiam a visão. O que aconteceu depois foi que conquistámos clientes de sucesso que se continuaram a expandir", diz, explicando que foi essa atenção que permitiu, mais tarde, conseguir rondas de investimento. Hoje, o negócio está avaliado em 3 mil milhões de dólares. "Nunca se esqueçam dos clientes", sublinha.

Ortega viu o acesso ao investimento vedado "porque os investidores não queriam apostar em empresas da América Latina". "Foi um enorme desafio abrir uma empresa na Colômbia. Quando os abordámos pela primeira vez, disseram-nos que era uma boa ideia, mas que não queriam investir na América Latina", explica o cofundador da Rappi, uma startup dedicada à entrega de bens alimentares e não só. O passo seguinte implicou reunir o primeiro milhão de dólares através de amigos e conhecidos, que permitiu fazer avançar o projeto e conquistar, gradualmente, novos clientes. "Alguns meses depois de lançarmos o projeto, mostrámos aos investidores que tínhamos milhares de clientes e de encomendas", afirma. A partir deste momento, o financiamento não voltou a ser um problema e hoje a empresa está a expandir-se para o México e Brasil. "Convencemos os investidores que não havia problema em investir na América Latina", conta.

Ser persistente, reunir uma equipa apaixonada e dedicada, com atitude permanente de startup, é o segredo para vingar em qualquer que seja o sector de atividade, acreditam os três empreendedores.

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