Filipe Alves, diretor do DN, recebe o almirante Gouveia e Melo na Conferência do DN sobre Cibersegurança.
Filipe Alves, diretor do DN, recebe o almirante Gouveia e Melo na Conferência do DN sobre Cibersegurança.FOTO: PAULO SPRANGER

Gouveia e Melo: "Podemos mitigar a fuga de talento com a velocidade com que produzimos talento"

Num painel na Grande Conferência do DN sobre Cibersegurança, o almirante Gouveia e Melo apontou estratégias para reter talento na sociedade portuguesa. O dono do Grupo Bel, Marco Galinha, disse que o talento "não se vai embora das empresas, vai-se embora de um chefe".
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O Almirante Gouveia e Melo apontou hoje três estratégias para reter talento nas sociedades autuais, dando o exemplo do que foi seguido nas Forças Armadas portuguesas. Estas estratégias passam por aumentar a velocidade com que se produz talento (para compensar as saídas); formar um ‘exército’ de colaborares subalternos, não apenas oficiais; e massificar o conhecimento entre as pessoas da organização.

Gouveia e Melo, que falava no decorrer da Conferência do DN sobre Cibersegurança, salientou que vivemos em “sociedades altamente competitivas e tecnológicas, que tornam muito difícil reter talento”. “Isto porque o que o Estado consegue remunerar é insuficiente para competir com as empresas”, apontou.

“Uma das estratégias que temos para mitigar isto é a velocidade com que produzimos talento. É o estamos a fazer nas Forças Armadas, repondo rapidamente os que vão saindo. Mas a consequência é que muita da experiência vai-se perdendo. Estamos sempre num nível de experiência médio/baixo, porque esta se vai perdendo” para outros sectores que remuneram melhor, salientou.

Outra estratégia é “massificar o conhecimento”. “Qualquer indivíduo que entra nas Forças Armadas deve ter um conjunto de competências que contribuam imenso para o crescimento” e também para a segurança. Por outro lado, disse Gouveia e Melo, nas Forças Armadas as pessoas entram para um sítio mais estruturado, capaz de proporcionar auto-estima e realização. Esse sentimento de pertença a um objetivo ou a uma estrutura que obtém resultados e faz qualquer coisa de útil para a sociedade é outro dos atrativos das FA “para tentar reter talento”, sublinhou.

A terceira estratégia, disse o almirante, passa por contornar o mercado, que está, sobretudo, a procurar pessoas altamente qualificadas, como engenheiros e outras profissionais com alta formação. Mas “não é só com oficiais [que se ganha], é com sargentos e praças”. “Este é um também processo que começa a dar resultados nas Forças Armadas”.

No mesmo painel, Marco Galinha – proprietário do Grupo Bel e acionista do Grupo Global Media, dono do DN – salientou que há outras formas de reter talento, além da frieza dos números que constam nos relatórios e contas. “Estamos muito habituados a ver as contas e os relatórios, mas os recursos humanos são, de longe, o mais importante numa empresa”, disse o dono do Grupo Bel.

“E nenhum trabalhador se vai embora de uma empresa, vai-se embora de um chefe”, considerou. “É por isso”, disse, “que os líderes são tão importantes na retenção de talento”.

“Para os reter é fundamental que eles se sintam em casa. No grupo criámos uma creche interna, uma escola de dança. Isso afeta as contas? Sim, mas a nossa corrida não é para ser o homem mais rico do cemitério”, sublinhou Marco Galinha.

“Estou a olhar para o CEO do DN, que tem problemas, mas estas pessoas têm missões impossíveis e nunca baixam os braços. É uma enorme montanha [de pessoas], que resistem e que lutam e que fazem”, disse Marco Galinha.

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