Pai lança jogo para ajudar a vencer o medo da morte

"O objetivo é que o jogador confronte e ultrapasse o seu medo da morte através desta experiência", resumiu o programador Josh Larson. "Não era para ser um jogo, mas agora [que Joel perdeu a batalha contra o cancro] é uma forma de homenageá-lo", adiantou.

O documentário com o "making of" do jogo ("Thank you for playing") que será lançado durante este ano foi apresentado há dias no festival de cinema Tribeca, nos EUA.

Diagnosticado com um tumor em 2010, o pequeno Joel Gren era o penúltimo de quatro filhos de Ryan e Amy Green, um casal norte-americano que decidiu relatar em "That Dragon, Cancer" a batalha "de dor e de esperança" de forma a ultrapassar o desafio e explicar aos outros filhos por que motivo Joel tinha mais necessidades.

Ryan Green, o pai, explicou que espera que o jogo ajude a facilitar a comunicação e ajude outros a sentirem-se confortáveis quando falam sobre a dor.

Neste jogo que se distingue de outros porque não há níveis a passar ou pontos para atingir, os jogadores são convidados a viver o dia-a-dia da família Green, que ali expõe sentimentos sem rodeios, descobrindo não só as dores, mas também "a esperança arrebatadora, que pode surgir (mesmo) perante a morte".

De acordo com o The Wall Street Journal, os jogos que permitem ao utilizador viver uma narrativa "pesada" são a nova tendência. Depois de anos e anos de supremacia dos jogos promotores de adrenalina, surgem jogos sobre depressão ("Depression Quest"), outras doenças "Tourette's Quest"), imigração ("Papers, Please"), dificuldades de gestão trabalho/família ("Gravitation"), trabalho em "call centers" ("I Get This Call Every Day") e sustento da família com rendimentos incertos ("Cart Life"), entre outros.

"Nesta altura, temos pelo menos duas gerações de indivíduos que cresceram com jogos e têm opiniões tão vincadas sobre os jogos que acaba por fazer parte do ADN desses indivíduos expressarem-se dessa forma", analisou Tracy Fullerton, docente do programa de Media Interativos e Jogos na Universidade do Sul da Califórnia, citado pelo jornal.