Oposição de Cabo Verde considera "negativo" o estado da Nação

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Os partidos da oposição de Cabo Verde criticaram hoje o estado da Nação cabo-verdiana, colocando a tónica nas áreas da insegurança, desemprego, falta de energia e água. No seu discurso no debate sobre o Estado da Nação, que decorre no Parlamento, o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Carlos Veiga, falou sobre a "insegurança que o país vive" e instou o chefe do executivo, José Maria Neves, a "mudar de rumo".Carlos Veiga lembrou os últimos acontecimentos, como o caso do atentado ao juiz Faustino Varela, a droga que deu à costa em São Miguel (em Santiago) e que "andou nas mãos de miúdos e graúdos" e dos pacotes de cocaína que desapareceram das instalações da Polícia Nacional (PN)."O governo tem-se mostrado incapaz de garantir a segurança das comunidades e, na base de tal incapacidade, está um mal que vem gangrenando toda a Administração e, de um modo mais largo, outras instituições fundamentais", acusou.Os sucessivos cortes de água e energia também mereceram críticas da oposição, que entende que estes problemas põem em causa a produtividade do país."A Nação não pode estar bem quando os cidadãos sofrem cortes diários de energia e problemas prolongados no abastecimento de água, ou quando os empresários têm défice de produtividade em resultado da crise energética", referiu."Ao iniciar o terceiro mandato, ainda vai a tempo de mudar o modelo económico e recuperar o tempo perdido. Se ontem era importante, hoje é imperioso que se desenvolva uma política económica voltada para a criação de emprego e com incentivos fiscais à criação de novos postos de trabalho", defendeu.O líder do MpD acrescentou que o país aproxima-se "perigosamente, do seu momento da verdade", sublinhando tratar-se do "momento em que as ilusões vendidas ao longo dos últimos anos vão desaparecer como fumaça, dando lugar à realidade"."Uma realidade dura, muito difícil, cada vez mais difícil, que já está a bater à nossa porta e vai continuar a bater com mais força nos próximos anos, mesmo que tenhamos enterrado a cabeça na areia, porque não há cortina de fumo que a possa esconder", assegurou.Carlos Veiga disse ainda que a bancada "ventoinha" registou, "com apreço", os investimentos feitos nos últimos 10 anos nos vários sectores da economia, com ênfase especial para as infraestruturas. Na mesma linha, o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) acusou o primeiro-ministro de estar em campanha eleitoral "há um ano", em vez de governar o país, aludindo à participação de José Maria Neves nas presidenciais de 7 de Agosto.António Monteiro, o líder dos democratas cristãos cabo-verdianos, salientou que, perante este cenário, seria "impossível" ter um Estado da Nação diferente."Estamos aqui a falar num espaço compreendido entre Agosto de 2010 e Julho de 2011 e, neste espaço, muitas coisas aconteceram. E destas, muitas coisas ruins estão aqui", precisou, citando como exemplos a questão da segurança nacional e as dificuldades energéticas."É triste termos um país onde a insegurança campeia por qualquer lado. É triste vermos a incapacidade deste Governo em resolver esta situação", lamentou.António Monteiro acusou ainda o Governo de continuar a marginalizar as empresas e os empresários nacionais nas adjudicações directas, esquecendo-se de que os nacionais também pagam impostos."Temos um problema grave de emprego. Um nível de desemprego muito grande para a nossa sociedade e para os nossos jovens", salientou, indicando que, perante este cenário, a avaliação do estado da Nação é "negativa".O debate termina hoje ao fim da tarde.

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