Violência política

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Este fim de semana foi marcado pela tentativa de assassinato de Donald Trump, num comício da sua campanha para as Eleições Presidenciais americanas.

O ambiente político nos Estados Unidos está novamente polarizado até a um limite inconcebível.

Donald Trump repetiu durante semanas a promessa de um banho de sangue, caso viesse a ser derrotado nas futuras eleições. Na memória de todos os americanos estão ainda os incitamentos à insurreição contra o Congresso, para que não fosse confirmada democraticamente a sua derrota nas eleições anteriores.

Do lado de Biden, após umas semanas muito difíceis, que se seguiram ao debate televisivo com Trump, vieram os ataques diretos nos últimos comícios, recordando as condenações de Trump, incluindo por violação de uma mulher, e aos gritos de “prendam-no” dos seus apoiantes (os mesmos que Trump e os apoiantes gritavam anos antes nos comícios contra Clinton).

Ninguém pode saber as consequências plenas deste momento. Mas pode adivinhar-se que Trump capitalizará a imagem de força que deixou na memória dos americanos, ao abandonar o local do comício, ensanguentado, mas desafiante, de punho cerrado, dando força aos seus apoiantes.

O caminho democrata para a presidência estreitou-se ainda mais este fim de semana. Biden tem feito um mandato muito positivo, conseguiu finalmente a aprovação de alguma legislação que sistematicamente era bloqueada por um Congresso dividido, conseguiu liderar a economia americana à saída da crise covid e através dos aumentos dos preços da energia, com resultados muito bons. Mas a sua idade é um tema recorrente e que muito o desgasta.

E já se notava de há muito (tal como aqui na Europa) a frustração das expectativas dos americanos, que esperavam ver os benefícios do crescimento chegarem a muitos e não apenas a alguns. A gestão da fronteira com o México foi um elemento divisivo, os americanos (tal como aqui na Europa) sentem-se inseguros com a entrada de imigrantes e refugiados. A desilusão com a classe política grassa (tal como aqui na Europa).

A violência contra a democracia, nas palavras e nos atos, é o novo normal. Poderá o fim da história ser afinal um período de definhamento das democracias?

Aqui na Europa, em eleições sucessivas recentes, foi travado o crescimento da extrema-direita. A democracia resistiu. Mas a coligação pela democracia tem de estar vigilante. Agir, pelos cidadãos, pela cidadania, contra o medo, contra o ódio.

Nos Estados Unidos, o Partido Democrata é a única barreira contra o extremismo de Trump. Mas a campanha mudou com os eventos deste fim de semana. A democracia americana vai ser novamente testada nos seus limites.

17 valores:
La Roja

A seleção espanhola ganhou com brilhantismo o Campeonato da Europa de Futebol. Com uma equipa entusiasmante, recheada de jovens estrelas, vindas das várias partes de Espanha, foi bonito ver aqueles jovens, alguns catalães e bascos, vários filhos de imigrantes, a celebrar o título com o seu rei. Foi um momento simbólico de unidade da Espanha.

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