Uma nova cidade, um novo futuro
O paradigma urbano das cidades está a mudar, e isso é uma boa notícia para os cidadãos. Os espaços para as pessoas estão a ganhar terreno aos automóveis e a materialização e consolidação deste modelo vai induzir uma nova cultura de fruição do espaço citadino. O caso de Pontevedra é um bom exemplo da transformação cultural que uma nova organização citadina é capaz de induzir. Há cerca de 20 anos a cidade baniu os carros do centro, restringindo ao máximo a circulação do automóvel. As ruas transformaram-se num grande passeio pedonal e os carros viram a sua circulação altamente condicionada e em muitos casos mesmo até proibida. Criaram-se parques de estacionamento de periferia e o tempo fez o resto. Hoje, 70% de todos os deslocamentos no centro de Pontevedra são a pé ou de bicicleta. Ali, é um prazer passear nas ruas, estar numa esplanada, ir às compras no comércio de rua. Todos ficaram a ganhar. As pessoas ganharam espaço público, os automobilistas ganharam o tempo que perdiam nas filas de trânsito , o ambiente ficou mais puro (as emissões de CO2 caíram drasticamente), o comércio de rua tornou-se mais atrativo.
É isto que faz sentido. Não há ninguém que prefira o ruído das buzinas, o cromático dos automóveis e o cheiro dos escapes ao som da música de rua, ao movimento das pessoas, ao cheiro do pão fresco das padarias.
Em Vila Nova de Famalicão estamos a trabalhar neste sentido. A nossa cidade está a sofrer um conjunto de obras de requalificação do espaço urbano que vão mudar o modelo de vivência da cidade num futuro muito próximo. Um novo Mercado Municipal (aberto desde o dia 25 de abril), com espaço para comércio de proximidade, gastronomia, cultura e lazer. Uma rede de ciclovias urbanas em construção e a requalificação em curso de um centro que privilegia a circulação pedonal, em detrimento dos automóveis.
Sob o mote "Um novo centro. Uma nova cidade", este é um dos maiores investimentos públicos de sempre na requalificação de um espaço público citadino famalicense. São mais de oito milhões de euros que estão a ser aplicados numa cidade mais amiga das pessoas, do ambiente e do comércio de proximidade.
Por esta altura, desconfia-se do projeto, estranham-se as raízes da obra, chateiam as obras, o pó, o ruido, mas o tempo vai dar razão a uma cidade projetada para ser amiga das pessoas. Vamos ter uma melhoria significativa da qualidade de vida das populações residentes, uma maior atratividade da cidade em termos turísticos, um melhor ambiente, um melhor comércio.
A esta intervenção de requalificação urbanística juntam-se as obras de construção da rede de ciclovias urbanas, que vão interligar estações de transportes públicos, zona escolar e serviços públicos de Famalicão.
É também uma infraestrutura decisiva para a mudança de hábitos dos famalicenses na sua relação com a cidade. Hoje ainda são poucos os que utilizam a bicicleta como meio de locomoção, mas já são muitos os que a utilizam para lazer e prática desportiva. A mudança cultural só será possível com condições de segurança e de conforto. Não vale a pena acreditar na primeira sem a segunda.
As pessoas são a razão de ser das políticas públicas. Proporcionar-lhes condições para uma vida mais tranquila, com mais saúde, com mais qualidade, exige muitas vezes cortar com o passado. Tenho a certeza de que o futuro dará razão a esta nova tendência. Hoje, gerir um território está longe de ser um exercício de valorização e gestão do presente. É também um olhar sobre o amanhã, sobre o espaço que vamos legar às futuras gerações. É a qualidade de vida dos nossos filhos e netos que está em causa. Afinal de contas, todos queremos o melhor para eles, não é assim!?
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão