Trabalho: diversidade e futuro
No mundo do trabalho a diversidade é cada vez maior. A maioria das organizações, principalmente quando a dimensão é maior, tem o reflexo da sociedade dentro de portas. Nesta diversidade encontramos diferentes eixos, como a idade, a nacionalidade, a cultura ou a neurodiversidade.
Atualmente existem cerca de cinco gerações a colaborar nas organizações. Esta amplitude geracional potencia uma variação ao nível da formação formal e informal, da forma de trabalhar, da utilização ou escolha das ferramentas. Também cada vez mais existem diferentes perfis nas organizações, com variações cognitivas ou até perturbações. E claro, com a globalização, diferentes nacionalidades e culturas, na mesma organização.
Com o crescimento da inteligência artificial, algumas funções com tarefas mais rotineiras e processuais tendem a desaparecer ou necessitam de ser adaptadas. Mas todas as tarefas que envolvem pensamento crítico, inovação, experiência, destreza, capacidade de adaptação vão sempre necessitar de pessoas. Aqui está o grande desafio para as áreas de suporte nas organizações.
Se a capacidade de olhar para o capital humano da empresa, conhecer as suas competências, necessidades, mais-valias e de colocar cada um no sítio mais produtivo já era importante, daqui em diante será cada vez mais. Esta capacidade de mobilidade interna e de ajustamento será inevitável. É fundamental reforçar a competência e formação dentro das áreas de suporte para ter esta visão da pessoa e não do processo ou do código associado.
Por outro lado, é preciso fazer o trabalho inverso, ou seja, compreender como é que o trabalho pode ser ajustado à pessoa. Por exemplo, que características do trabalho podem ser adaptadas, o desenho do próprio trabalho ou até as condições do espaço e materiais necessários. Olhar para a pessoa e para a função, e criar esse ajustamento será um passo gigantesco na ótica do aumento da produtividade e, consequentemente, nos objetivos de negócio.
Além de equipas capacitadas para este olhar humano para o trabalho, numa primeira fase, também é preciso começar a trabalhar e sensibilizar as pessoas para estas mudanças. Tornar comum a adaptação e a diferença em vez de procurar a normalização. Porém, esta adaptação tem de ter um racional bem comunicado, explicado e justo para que seja entendido como algo normal e positivo para todos e não como um favorecimento em alguns casos.
Olhar, ter a capacidade de ver e orientar essas diferenças será um diferenciador nas organizações que querem ser realmente competitivas. Se é um passo gigante? Sem dúvida nenhuma, mas ganhamos todos: pessoas, organizações e sociedade.
*Rita Alves Feio é Psicóloga Organizacional