Tagus Roundtable reúne no ISEG

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Numa altura em que na Europa e nos EUA se questiona o papel dos temas ESG e do financiamento climático, a Tagus Roundtable reúniu-se pela quarta vez consecutiva no ISEG, para discutir e encontrar soluções concretas de produtos financeiros que promovam a inclusão da mitigação e adaptação climática no mundo financeiro.

Assim, nos dias 8 e 9 de maio de 2024, o ISEG foi palco da Tagus Roundtable, um evento exclusivo que reuniu líderes e inovadores na área de finanças sustentáveis. Com o objetivo de conectar criadores de conceitos promissores de finanças sustentáveis com líderes da indústria e investidores a Tagus Roundtable estabeleceu-se como um importante fórum para discutir e promover práticas financeiras que pretendem contribuir para aos desafios climáticos atuais.

A Tagus Roundtable consiste num encontro anual que ocorre no ISEG em Lisboa, e que reúne peritos internacionais de casas de investimento, organizações multilaterais e bilaterais de desenvolvimento, fundações, centros de investigação, bancos e outros especialistas que criam produtos financeiros verdes inovadores e os aplicam nos vários continentes. O encontro é apenas por convite, sendo nestes dias apresentados novos produtos financeiros em desenvolvimento para serem discutidos e melhorados com os cerca de 40 participantes. Sendo estes produtos financeiros climáticos vocacionados para os países em desenvolvimento, muitas das discussões são muito inspiradoras para potenciais produtos que poderiam ter lugar também em Portugal.

Numa sessão aberta ao público no dia 8 de Maio, intitulada “Tagus 2025 em Foco: Novos Conceitos e Finanças Climáticas na Prática”, foi possível partilhar com a audiência alguns dos produtos financeiros climáticos em desenvolvimento: a Enosis Capital dos EUA, apresentou a sua abordagem à estruturação de dívida para “debt-for-nature swaps”, onde as garantias podem assumir um papel relevante; a⁠Anthropocene Fixed Income Institute do Reino Unido, apresentou um produto financeiros onde as obrigações poderiam ter um cupão variável associado a metas de resiliência; a empresa Violet do Brasil apresentou o ecossistema de financiamento montado para financiar 1200 agricultores brasileiros, e a Maze, de Portugal apresentou também a sua abordagem de fundo de impacto.

Este evento veio assim evidenciar que existe todo um mercado financeiro que tem investidores que procuram usar as suas poupanças em projetos que possam ajudar as economias a ficarem mais resilientes aos problemas climáticos que o planeta defronta. Atualmente, ou seja com as políticas existentes, estima-se que a temperatura do planeta aumente 3,2ºC até ao final do século. Vale a pena lembrar que, há milhões de anos atrás, quando o planeta atingiu +4C Portugal e Espanha eram desertos.

Será que ficamos todos indiferentes com a possibilidade de, dentro de 75 anos, Portugal ser um país próximo de um deserto? Que economia teremos nesse contexto? Quem viverá em Portugal? Quem comprará bens e serviços? Uma reflexão urgente a nível politico em Portugal.

É urgente voltar a colocar o tema do financiamento climático e das práticas de ESG no centro das políticas públicas e no centro da gestão das organizações. Trata-se de uma gestão de risco, não de uma ideologia ou crença moral. Trata-se de economia e estabilidade social.

PhD, CEO da Systemic

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