Será o cancro do ovário uma doença silenciosa?
Desde sempre que nos referimos ao cancro do ovário como uma “doença silenciosa”, devido à sua natureza insidiosa. É o oitavo cancro com maior incidência e a quinta maior causa de morte por cancro nas mulheres, na Europa, mantendo-se como a causa mais frequente de morte por cancro ginecológico.
Em Portugal, em 2020, foram diagnosticados cerca de 560 novos casos, tendo-se verificado, no mesmo ano, 408 mortes.
Entre 60% a 70% dos cancros do ovário são diagnosticados em estádios avançados. Assim, a sua deteção precoce, embora desafiante, é fundamental. Apesar do apelido de longa data, existem sintomas que devem ser conhecidos. São mais frequentes nos estádios avançados da doença e podem incluir dor abdominal ou pélvica, sangramento vaginal, obstipação, abdómen distendido, diarreia, sensação de cansaço extremo e necessidade frequente de urinar.
A questão é que estes sintomas, muitas vezes, são associados a outras situações, como envelhecimento, intolerâncias alimentares ou síndrome do intestino irritável. Por exemplo, uma mulher pode inicialmente sentir apenas uma leve dor abdominal, que é facilmente confundida com um desconforto gastrointestinal comum. À medida que a doença progride, os sintomas podem tornar-se mais intensos e frequentes, levando eventualmente ao diagnóstico. Como tal, mulheres que tenham começado a ter queixas frequentes e contínuas, no último ano, devem conversar com o seu médico, já que podem ser candidatas a uma avaliação mais aprofundada.
Os principais fatores de risco de cancro do ovário são ter 50 ou mais anos, primeira menstruação precoce e uma menopausa tardia, nunca ter tido filhos, endometriose e uma história prévia de radioterapia pélvica. A componente genética também está bem presente neste tipo de patologia.
Apesar disto, há algumas medidas que podem ajudar a prevenir a doença, nomeadamente, manter um peso corporal adequado e um estilo de vida ativo, praticando regularmente exercício físico. A amamentação e o uso de contracetivo hormonal oral também são protetores do cancro do ovário.
Em conclusão, diz-se que o cancro do ovário é uma doença silenciosa também porque é necessária uma maior consciencialização. Através da educação, podemos melhorar a deteção precoce e promover tratamentos com melhores resultados. Tanto as doentes como os profissionais de saúde devem ser informados sobre os sintomas: é fundamental que se verifique um elevado índice de suspeita em mulheres com possíveis sintomas, para evitar atrasos no diagnóstico.