Ser verde como a Noruega

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Como outros países europeus, a Noruega adotou uma estratégia para uma economia hipocarbónica até 2050, com metas para redução de emissões ainda mais ambiciosas que na UE - está atrasada no seu cumprimento, embora bem menos que os países da UE.

Para além da elevada produção de eletricidade por via hidroelétrica (92%), a Noruega é a campeã mundial de veículos elétricos (EV)/per capita.

Portugal é 6.º país da UE na produção de energia por fontes renováveis, mas não dispõe das condições naturais da Noruega no setor hidro. E, apesar de partilhar uma forte consciência verde na população, o consumo de EV é baixo devido ao seu alto custo e à incapacidade financeira do Governo de criar generosos incentivos (e penalizações).

Portugal e a Noruega são dos países europeus com maiores zonas económicas exclusivas e plataformas continentais.

A Noruega, um país com 5,5 milhões de habitantes, sem recursos naturais e um clima inóspito, percebeu (c. 1960!) que aproveitar a economia do seu mar era uma oportunidade única. Para o efeito, promoveu a exploração de petróleo e gás na sua plataforma continental e foi um dos pioneiros na energia eólica offshore.

A exploração de petróleo e gás pela Equinor (controlada a 67% pelo Estado norueguês) permitiu criar dois fundos de petróleo (que detêm 1,5% de todas as ações de empresas cotadas a nível mundial), que providenciam recursos financeiros que financiam uma modelar economia social de mercado, do mesmo passo que garantem que as gerações vindouras disponham de recursos adequados.

Em Portugal, a mera tentativa de promover a prospeção da plataforma continental foi bloqueada. Como é possível que, ainda antes de se discutir se, e em que termos, queremos explorar os recursos da nossa plataforma continental, se recuse querer saber que riquezas nela se encontram? De caminho omitindo-se que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (de que Portugal é parte signatária) permite essa exploração e que a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos tem vindo a autorizar a sua exploração na “Área” (as plataformas continentais fora das jurisdições nacionais). Após 20 anos de discursos, não há políticas públicas delineadas para a exploração do mar. Um bom exemplo do “empenho” de sucessivos Governos é que andamos há 16 anos a fazer a recolha seletiva de amostras geológicas da plataforma continental alargada com 1 (um!) ROV

A Noruega é um bom exemplo de como é possível conciliar a exploração de recursos energéticos com políticas públicas visando um desenvolvimento sustentável.

As próximas gerações de portugueses beneficiarão muito se as nossas elites (e os gGvernos) abandonarem os complexos de fidalguia arruinada e seguirem o exemplo da Noruega.

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