Salvar Portugal é Agora!
No início da presente década, os portugueses, em geral, e os pensionistas, em particular, continuavam a enfrentar um agravamento significativo das suas condições de vida. A pobreza entre os aposentados atingiu níveis alarmantes, com a taxa a fixar-se nos 17,2%, o valor mais elevado dos últimos nove anos. Estes dados revelam um preocupante aprofundamento do fosso entre gerações, com os mais velhos a sofrerem, de forma desproporcional, os impactos da estagnação económica e da fragilidade das políticas sociais.
Este cenário revela um claro contrassenso, uma vez que em 2010, quando a taxa de pobreza entre os pensionistas atingiu o seu pico (19%), o país era governado há seis anos pelo Partido Socialista, antes da intervenção externa de 2011. O início desta década, já marcado por fragilidades estruturais, foi duramente atingido pelos efeitos acumulados da pandemia e pela guerra na Europa, que agravaram ainda mais a pobreza, a exclusão social e levaram ao surgimento de novos sem-abrigo em Portugal.
Se os dados até 2020 já revelavam um cenário preocupante, os quatro anos seguintes, até aos dias de hoje, agravaram dramaticamente a realidade do país. Os indicadores sociais e económicos tornaram-se alarmantes, com consequências visíveis não só no aumento da pobreza e da exclusão, mas também na deterioração de áreas fundamentais como a segurança, a saúde e a proteção social. A situação tornou-se, em muitos casos, insustentável e exigiu respostas urgentes e estruturais.
A taxa de pobreza entre os reformados atinge em 2024, os 19,6%, um aumento de quatro pontos percentuais face a 2022. Quando somamos a esta realidade os dados da exclusão social que abrangem famílias com fraca inserção no mercado de trabalho e com graves carências materiais, o cenário torna-se ainda mais preocupante: mais de dois milhões de portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza, segundo os dados do Portugal Balanço Social 2024. Se tivermos em conta o impacto dos baixos níveis das prestações sociais, estima-se que mais de 45% da população nacional se encontre em situação de pobreza. Em termos absolutos, falamos de mais de 4,5 milhões de cidadãos, números que, no final de 2024, representam o pior registo dos últimos quinze anos.
O baixo rendimento disponível da maioria das famílias, tem um impacto devastador sobre a população portuguesa e o apoio corretivo do Estado revela-se insuficiente e mal direcionado, agravando um panorama social já de si alarmante sobretudo entre os reformados e os desempregados de longa duração ou inativos de setores cruciais.
Em contraciclo, Portugal encontra-se na iminência de desperdiçar milhares de milhões de euros, fruto da alarmante ineficácia na execução dos fundos comunitários. O exemplo mais evidente é o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que, apesar do seu caráter estratégico e da sua importância para o futuro do país, regista uma taxa de execução de apenas 33%. Este atraso representa não apenas uma falha de governação, mas uma oportunidade histórica comprometida para o desenvolvimento económico, social e estrutural do país.
A missão coletiva que temos pela frente é clara: salvar e reerguer Portugal, eliminar desperdícios, promover uma economia próspera e combater, de forma eficaz, a pobreza e a exclusão social. Não podemos continuar a desperdiçar recursos públicos sem resultados concretos. É imperativo que os fundos europeus, em particular os do PRR, sejam executados com rigor, transparência e responsabilidade. Esta é uma oportunidade única de transformar o país. Só com uma governação séria, comprometida com os portugueses e focada nas verdadeiras prioridades nacionais, seria possível garantir um futuro com mais dignidade, justiça social e crescimento sustentável. Não podemos falhar. Portugal precisa de uma liderança firme, competente e com visão.
Economista e deputado à Assembleia da República