Rumo a 2030, ninguém pode ficar para trás
O mundo está diferente, mais acelerado, avançado, tecnológico e, há quem diga, mais desumano. A pandemia que enfrentamos confrontou os países considerados mais desenvolvidos com cenários de retrocesso que se julgavam irrepetíveis mas, num momento em que a vacinação avança rapidamente em alguns pontos do planeta, constatamos que a "aldeia global" vive a velocidades dramaticamente diferentes. O impacto da covid-19 tem sido particularmente severo junto das comunidades mais vulneráveis e, apesar do esforço, só quando toda a população mundial estiver vacinada é que teremos controlado, eficazmente, a doença.
Celebrámos, há poucos dias, o 47.º aniversário da Revolução de Abril e o 45.º aniversário da Constituição da República Portuguesa, uma das mais progressistas do mundo e que soube acolher, na sua redação, um profundo respeito pelos Direitos da Humanidade. Com tanto, ainda, de Abril e da Constituição por cumprir, este é um tempo que nos exige coragem na defesa e na concretização dos valores democráticos. O processo de "retoma" tem de conduzir-nos, não ao ponto onde estávamos no final de 2019, mas mais além. É nossa obrigação reconstruir de forma mais saudável, sustentável, inclusiva e segura.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 representam uma visão transversal e ambiciosa - mas não utópica - que faz da presente década um momento charneira para a construção de um futuro com qualidade, que abranja todas/os, sem exceção. E é, muitas vezes, ao nível local que encontramos respostas para os grandes problemas.
Enquanto autarca, reconheço no poder local democrático e nas cidades um papel determinante e mobilizador nesta construção, que deve ser próxima, transparente e participada. O município de Palmela está profundamente comprometido com os ODS e tem vindo a trabalhar em rede, com parceiros como o Instituto Marquês de Valle Flôr ou o CESOP local - Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, determinante para clarificar e integrar conceitos, divulgar e potenciar o envolvimento das/os cidadãs/ãos, instituições e agentes locais, capacitar as equipas, adaptar estas metas globais à realidade local, com a sua identificação e integração nas diferentes áreas de intervenção municipal, e monitorizar, permanentemente, a sua evolução.
O Plano Local de Adaptação às Alterações Climáticas, em elaboração na sequência do plano já concluído, de base metropolitana, o Plano Municipal para a Igualdade de Género, a aposta na energia verde e na mobilidade suave, a defesa da água pública e para todas/os, a Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo, Saudável e a Relação entre Gerações 2021-2025 "Palmela Maior", a Estratégia Local de Habitação e os processos de participação cidadã dinamizados junto de públicos diversos, sob o chapéu "Eu Participo!", são alguns exemplos concretos do trabalho que estamos a realizar, de forma transversal, em alinhamento com os ODS.
O estabelecimento de parcerias é, sem dúvida, um objetivo basilar da Agenda 2030. No contexto covid, o aumento de projetos solidários e de redes de voluntariado na região, o envolvimento da cidadania e a crescente responsabilidade social das empresas com as comunidades em que se inserem deixam-nos convictos de que estamos, coletivamente, alinhadas/os e de que será possível chegar a 2030 com uma consciência ampliada e os alicerces para um novo mundo.
Presidente da Câmara Municipal de Palmela