Respirar para um futuro mais saudável

Neste Dia Mundial do Pulmão nunca é demais reforçar a importância da saúde respiratória para um futuro mais saudável. É fundamental melhorar a qualidade do ar, também no interior das casas em que vivemos.
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É bem conhecido o impacto da poluição atmosférica em doenças como a asma, o cancro do pulmão e a chamada Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), assistindo-se por isso a um aumento destas doenças pulmonares. Porém, a qualidade do ar no interior das casas não tem recebido a mesma atenção, embora, segundo a Organização Mundial da Saúde, possa ser a causa de mais de 3 milhões de mortes a nível global. 

Com os dados disponíveis a indicar que, nas nações industrializadas, a maioria das pessoas passa 80 a 90% do tempo dentro de casa, podemos antever as implicações que uma má qualidade do ar interior poderá ter no futuro da saúde respiratória.

A qualidade do ar interior, nomeadamente a sua boa renovação, mede-se pela concentração presente de dióxido de carbono (CO2). Quanto maiores os níveis de CO2, menos o ar está a ser renovado, contendo por isso maiores níveis de contaminantes potenciais, como agentes infecciosos. Durante a pandemia da COVID-19 passou a dar-se maior atenção à monitorização dos níveis de CO2, utilizando sensores simples e de baixo custo. Investigadores da Universidade de Bristol no Reino Unido indicaram recentemente que, para além dos níveis de CO2 serem um indicador indireto do risco de infeções virais, quanto maiores forem as suas concentrações, maior é a estabilidade do vírus SARS-CoV2, aumentando por isso a sua infecciosidade. 

Por isso mesmo, controlar o nível de ventilação dos espaços, através dos níveis de CO2, pode dar informações muito válidas da qualidade do ar interior e do risco infeccioso. Se este controlo da ventilação for adotado e bem controlado, nomeadamente em ambientes fechados ligados aos cuidados de saúde - como hospitais, clínicas, centros de saúde -, mas também ambientes escolares, poderemos reduzir significativamente os riscos de infecções.

Outro dos parâmetros muito utilizado para avaliar a qualidade do ar interior é o dos níveis de partículas microscópicas, as chamadas PM2,5, que estão muito associadas à poluição atmosférica e incêndios florestais, com um impacto muito elevado nas doenças respiratórias crónicas, já que conseguem viajar facilmente até ao pulmão profundo.  

Estudos recentes vieram revelar a capacidade destas PM2,5 para perturbar o sistema imunológico e alterarem a população de microorganismos do trato respiratório, contribuindo para o agravamento das doenças respiratórias crónicas. Um ensaio clínico da iniciativa da Universidade de John Hopkins, nos EUA, o chamado  estudo “CLEAN AIR”, demonstrou que, se os doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica usarem um purificador do ar nas suas casas, melhoraram significativamente os sintomas e diminuem a taxa de agravamento.

O que se veio também a saber, através de um estudo realizado em escolas primárias nos Estados Unidos, é que as taxas de ventilação nas salas de aula e os níveis internos de PM2,5 estão significativamente associados a ausências relacionadas com doenças nas crianças. Pelo contrário, um ambiente de sala de aula adverso pode levar a condições de saúde agravadas e também à diminuição do desempenho académico.

Portanto, neste Dia Mundial do Pulmão nunca é demais reforçar a importância da saúde respiratória para um futuro mais saudável. Destaco a responsabilidade individual e os esforços globais para melhorar a qualidade do ar, assim como a redução do tabagismo, no combate às doenças pulmonares, como a asma, a DPOC e o cancro do pulmão.

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