“Resiliência a choques”
A intervenção no BES trouxe ao de cima algumas práticas comerciais mais agressivas que se revelaram fatais para muitos clientes e para a própria instituição.
Os empréstimos com garantia das ações ou de títulos de dívida do banco ou de empresas do Grupo [Espírito Santo] empréstimos para comprar ações de empresas do grupo em aumentos de capital ou a comercialização dos produtos do Grupo nos balcões do banco, revelaram-se autênticos conflitos de interesse, uma vez que os incentivos comerciais sobrepunham-se aos reais interesses dos clientes, que muitas vezes não sabiam onde estavam realmente a investir.
Desde então assistimos a inúmeras alterações no que diz respeito aos investimentos, com as entidades de supervisão a definirem regras mais estritas quanto à comercialização de produtos de investimento e a obrigarem as instituições financeiras a salvaguardarem os riscos reputacionais e a mitigarem conflitos de interesse.
A banca reestruturou-se, alguns bancos mudaram de dono, outros desapareceram ou foram incorporados em grupos financeiros. A recente subida dos juros evitou que outras instituições, ainda debilitadas, necessitassem de intervenção uma vez que os juros elevados permitiram um aumento da rentabilidade que, de outra forma, seria muito difícil alcançar para equilibrar contas.
O Sistema Financeiro está, dez anos depois, muito forte, com mais capital, maior nível de avaliação de risco dos seus clientes e maior resiliência a choques internos e externos.