Rentrée
Terminou oficialmente a silly season. Correu mal ao Governo, quase tão mal como podia correr - com exceção da acalmia que, felizmente, se viveu em termos de incêndios no continente. Nota positiva para a reforma estrutural da gestão da prevenção e da proteção civil, bom exemplo do “caos” que a AD acusava o anterior Governo de deixar ao país.
Mas o verão quente que tantos levou de férias, protegendo o Governo de maior escrutínio, acabou mesmo por torrar a novel Ministra da Saúde. A escolha de provocar a demissão do diretor executivo do SNS e fazer aprovar um Plano de Emergência apressado já para o verão de 2024, veio a revelar-se um dos maiores erros políticos do novo Executivo.
O primeiro-ministro, provavelmente aconselhado pela sua voluntariosa ministra-gestora de hospitais, achou ingenuamente que resolveria os problemas mais complicados em meia-dúzia de meses. Na cabeça e narrativa da AD, só havia problemas no SNS porque os seus antecessores eram, no fundo, incompetentes e profissionais do caos. Parece que estavam profundamente errados... O simplismo com que o Governo encara problemas complexos é confrangedor.
Chegado o verão, chocaram com a realidade, e o fecho contínuo de Urgências foi uma constante, batendo recordes que ninguém queria bater. A responsabilidade política desta “minicrise” de verão do SNS foi evidente, tanto que os médicos já criticam abertamente a ministra, que segue muito fragilizada.
Os problemas mais significativos do SNS, de gestão e de concorrência por parte dos privados, alimentados por seguros públicos e privados, estão por resolver. O Plano de Emergência foi um falhanço total aos olhos dos portugueses. E quando se trata da saúde, as pessoas reparam mesmo e o assunto não fica esquecido.
Luís Montenegro lá foi tentando fugir, prometendo uns aumentos de pensões, obviamente sem os discutir ou consensualizar com o PS, de quem precisa dos votos no Orçamento. O seu líder parlamentar, em paralelo, vai desancando o PS, e dizendo que é inimaginável não viabilizarem o Orçamento.
Pedro Nuno Santos defende-se como pode, propondo até a aprovação de um Retificativo, caso o verdadeiro Orçamento não passe. O problema é que quanto a Retificativos, Montenegro já o ignorou uma vez…
O líder do PS chegou a setembro a falar alto e bem contra as atoardas do PSD, mas ciente da pressão que sofrerá nas próximas semanas, vinda de todo o lado, e em sentidos muito diferentes. Será muitas vezes recordado das posições que teve no tempo do segurismo, ou nas recentes eleições internas do PS.
Mas de tudo isto, o que é realmente novo? Apenas o falhanço do Plano de Emergência do Governo. O resto é tudo o que se esperava já, quando se marcaram eleições e se aceitou a formação de um Governo fraco, ensanduichado entre o Chega e o PS, apenas obcecado com a sua sobrevivência.
18 valores: Atletas paralímpicos
Se das Medalhas Olímpicas pouco se fala, apenas de quatro em quatro anos, o que dizer dos nossos campeões maiores, os paralímpicos? Merecem todo o nosso respeito e que sonhemos, talvez um dia, em ter apenas umas olimpíadas - em que as provas paralímpicas se disputam no mesmo calendário dos Jogos Olímpicos.