A narrativa dos dias em pleno século XXI é em alguns domínios completamente surpreendente, inquietante sobretudo quando partidos políticos que deveriam pelo estrito e crucial respeito pelo Estado de Direito Democratico agir em conformidade com o teor constitucional e não vou fazem.. O que vemos e ouvimos é ainda mais inóspito quando se viola os Artigos 6 e 7 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de Dezembro de 1948. Face ao Artigo 6, o mesmo refere e cito que " todos têm o direito ao reconhecimento em todos lugares da sua personalidade jurídica" e para reforçar este direito fundamental, está plasmado no Artigo 7 da DUDH que " todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação ". Será difícil esta interpretação jurídica e sociológica para perceber que o ódio não é o caminho? Será difícil perceber que o ódio gera ódio num momento em quem em termos globais precisamos cada vez mais de ouvir a palavra Paz? A Paz e o diálogo plural e justo em torno dos Direitos Fundamentais de cada pessoa, de cada Povo e Nação estão inscritos na Carta das Nações Unidas e devem ser um ponto de honra para perceber e respeitar diferenças sem ofender, nem odiar. .O conteúdo integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos está ratificado pela República Portuguesa no seu Ordenamento Jurídico Interno. Tais disposições deviam ser respeitadas, aplicadas,cumpridas por um imperativo de Não Violência e de Não Discriminação. Não é tolerável,nem tão pouco aceitável que o Presidente de um orgão de Soberania de Portugal ou mesmo que fosse em qualquer outro Estado, concorde que um parlamentar possa dizer o que quer centrando -se num estereótipo e preconceito relativamente a um povo nos termos em que proferiu ou a outro Povo. .O Presidente do segundo Orgão de Soberania de Portugal ao concordar que o inqualificável comentário insere-se na fundamental "Liberdade de Expressão", é contrariar em toda a sua extensão o que é e deve ser a Liberdade de Expressão numa Democracia que se quer sólida e pilar estruturante do Estado de Direito Democratico. Importa cada vez mais um Agir consciente Local ,mas um Pensar Global sem dogmas e sem estímulos à prática de violência, do ódio, do estigma, do rótulo. Na política como na vida não vale tudo. Não. O Presidente da Assembleia da República portuguesa José Aguiar Branco recebe os seus homólogos na base da nacionalidade, da" raça", ou da Liberdade de Expressão como está definida na Constituição?.O sagrado valor da Liberdade de Expressão devia aceitar no debate profundo de ideias, no Olhar da diversidade cultural global e na reflexão de justas políticas publicas e claramente no direito à informação e não na deturpação e em palavras que geram práticas de ódio.O mundo precisa de um grande farol de Paz. .Adam Rutherford em entrevista à jornalista do Diário de Notícias Filomena Naves a 16 de Novembro de 2019 disse que " falar de raças do ponto de vista genético não tem sentido". Nessa entrevista, o especialista britânico em Genética e Escritor salientou que o entendimento e conhecimento da História Humana " só conhecemos a molécula do ADN há 50 anos e só temos a compreensão de como funciona de forma mais sofisticada há 20", fim de citação. A par desta significativa reflexão a UNESCO, com base no documento Declaração das "Raças" de 18 de Julho de 1950, destaca em quinze pontos várias interpretações e convém distinguir o alegado conceito "raça" e o mito construído..No ponto um deste histórico está bem definido que os "cientistas estão de acordo , de um modo geral , em reconhecer que a Humanidade é uma e que todos os homens pertencem à mesma espécie, Homo sapiens". .Como disse de forma sábia o Presidente Nelson Mandela e relembro, " ninguém nasceu odiando outra pela cor da sua pele, pela sua origem ou ainda pela sua religião.Para odiar , as pessoas precisam , aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar". Os desígnios da Humanidade não podem ser um retrocesso aos tempos da Escravatura, da Colonização, do Apartheid, do Holocausto, de perseguição e recorrente violação dos Direitos Humanos. A inteligência,o mérito, a capacidade de pensar e reflectir, o talento, o carácter e singular condição de ser-se Pessoa não tem epiderme, nem local de origem. Incluir no discurso político contemporâneo visões distorcidas por conveniência política não é contribuir para a necessidade crescente de solidificar a Democracia em qualquer lugar . Como exprimiu Winston Churchill, "a noção de Liberdade de Expressão para algumas pessoas é que elas são livres para dizer o que quiserem ,mas se alguém diz algo de volta elas ficam indignadas ".. O Olhar do discurso político não pode aceitar em qualquer prática de Discriminação..Jornalista/escritor