Que adultos estamos a formar nas escolas?

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Os dados revelados pela PSP esta segunda-feira, davam conta de que foram encontradas 52 armas em recintos escolares, no ano letivo passado. Houve mais de 2700 ocorrências de natureza criminal a ser reportadas nas escolas nacionais e este número devia preocupar-nos a todos. Não porque as nossas escolas se estejam a transformar em sítios perigosos – não estão, pelo menos para já – mas porque nos mostram o que podemos esperar dos adultos que estamos a formar.

Quando falamos das estatísticas da violência crescente em Portugal, esquecemos de olhar para onde tudo começa: para a escola, para a casa, para a família. Não será por acaso que os dados pioram: se uma criança cresce num ambiente violento – sim, a violência doméstica também tem aumentado; se a escola não encontra formas de lidar com a violência crescente – sim!, a proibição de utilização de telefones dentro do recinto escolar já vem tarde; e se o que vemos na sociedade é uma banalização da violência – já todos percebemos, de forma empírica, como até no trânsito toda a gente está com os seus limiares de tolerância demasiado baixos – como é que queremos educar crianças e jovens empáticos, tranquilos e com capacidade para enfrentar as suas frustrações?

Algumas das recomendações da PSP para este início de ano escolar, que acontece esta semana, são de que as crianças não exibam dinheiro, bens materiais ou outros valores. Naturalmente, a polícia quer prevenir o aumento das ocorrências criminais em contexto escolar. Mas na lista de recomendações não consta, para nossa reflexão, nada sobre a necessidade de educar os nossos filhos, as nossas crianças, a não serem violentas. A não cobiçar e tirar o que não lhes pertence. A ouvirem os seus colegas, a escolher os seus amigos com cuidado e a tratá-los como gostariam de ser tratados. E, creio, devíamos todos começar por aí, não excluindo tudo o resto.

Editora-executiva do Diário de Notícias

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