Prato: 'Hamburger'; Acompanhamento: IA

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Se te disserem que vais almoçar um hamburger com IA talvez não acredites. Mas a verdade é que as cadeias de fast food estão a investir forte em IA para acompanhar a sua oferta à mesa.

A McDonald’s atribui o seu sucesso à oferta de uma grande variedade de produtos (o que é mais uma perceção do cliente do que uma realidade efetiva), que os clientes adoram, servidos rapidamente (claro, estamos numa fast society), com uma das melhores relações qualidade-preço. A empresa começa, igualmente, a adicionar uma "dose" interessante de inteligência artificial (IA) à sua oferta, através da introdução de aplicações desenhadas para melhorar a eficiência dos colaboradores e aumentar a satisfação dos clientes, beneficiando a sua experiência (CX). Ao ponto de os três principais focos do negócio da McDonald’s serem, neste momento, proteínas, molhos e Inteligência Artificial em 43.000 restaurantes.

Os restaurantes podem ser muito stressantes. Clientes ao balcão, clientes no drive-thru, motinhas para entregas em casa, entregas à porta do cliente, e por aí fora, criam incontáveis movimentos e trazem stress ao negócio. A IA será o ingrediente que permitirá baixar esse stress. Para melhorar a experiência do cliente a IA estará presente em todos os interfaces com os clientes. Também atrás do balcão, a McDonald’s planeia utilizar a IA para facilitar várias atividades dentro das lojas.

Haverá ligação dos equipamentos de cozinha à internet, equipando-os com sensores que fornecem dados em tempo real e que as aplicações de IA generativa irão analisar e providenciar respostas. À medida que isto vai ocorrendo, a tecnologia irá alertar as equipas sobre máquinas que mostrem sinais de desgaste excessivo, que precisem de manutenção ou que estejam perto de avariar. As aplicações também irão garantir a monitorização contínua dos stocks para ajudar os restaurantes a evitar roturas. Trata-se de usar IA proactivamente.

O mais interessante do restaurante - além dos habituais McFlurry e Big Mac - será o potencial de uso, em forma adaptada, de reconhecimento facial, permitindo que programas de IA verifiquem imagens das refeições prontas para os clientes e garantindo que todos os itens correspondem aos pedidos feitos. As aplicações também irão auxiliar os gerentes de loja em várias tarefas administrativas que consomem muito tempo, como a elaboração de horários, turnos e a adaptação desses horários conforme necessário.

Um dos principais objetivos por detrás da adoção da IA é impulsionar vendas em queda. Devido, em parte, à redução do fluxo de clientes e ao consumo mais baixo por visita, a McDonald’s reportou que as suas vendas comparadas nas lojas dos EUA caíram 1,4% no quarto trimestre de 2024, apesar dos esforços para reter os clientes afetados pela inflação providenciando menus com descontos.

A KFC, a Taco Bell, a Pizza Hut, a Chipotle, a Wendy’s e várias outras anunciaram igualmente que estão a investir em IA nas suas várias localizações. A introdução de IA tem como objetivo facilitar tarefas para os gerentes dos restaurantes e oferecer sugestões para adaptar a programação, horários de abertura, abastecimentos e automatizar operações, entre outros.

As possibilidades de uso de IA são quase infinitas num setor onde a rendibilidade está diretamente ligada à redução dos gastos operacionais. E é exatamente por isto tudo que está a acontecer que recentemente escrevi neste mesmo jornal que Portugal precisa de formação em IA para todos. Mas todos mesmo. Temos de acordar de uma vez por todas se quisermos relançar a produtividade das nossas pessoas. O futuro está traçado: IA é a componente das componentes.

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