Portugal e os fogos: é urgente uma política de Ordenamento Florestal

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Faz anos consecutivos que os sucessivos governos se negam a políticas florestais, entrando numa espiral de aumentos de fogos.

Passo a explicar o meu ponto de vista: se não houver políticas florestais, esta atividade perde a rentabilidade, se perder a rentabilidade, leva ao abandono do mundo rural/florestal, por consequência, as terras ficam abandonadas e com isso uma espiral de abandono rural e de aumento dos fogos.

Não vale a pena dizer que a culpa é dos eucaliptos, pois grande parte dos fogos são em mato.
Também não é solução a proibição dos eucaliptos, dado que o mundo gastará mais papel, basta ver que no início da pandemia o primeiro produto a esgotar nos supermercados, (e não foi só em Portugal), foi o papel higiénico. Outro exemplo é o de que cada governo propagandeia sempre o pedido de faturas para evitar a fuga fiscal, assim as empresas têm a cada ano que passar um maior número de pastas de documentos contabilísticos. Olhemos para as nossas casas e para as casas dos nossos pais, sem dúvida que temos muito mais papel que os nossos antepassados. O papel é e será cada vez mais importante, e, com isso, temos que aumentar a produção de eucaliptos, é inevitável.

Também a desculpa do ambientalismo não é pura, pois qualquer ambientalista usa o mesmo papel higiénico que os normais comuns, assim como defendem os sacos de papel, contra os sacos de plástico, não é por isso motivo de guerra, antes sim de união em defesa da floresta.

Também não é solução dizer às populações para saírem das suas casas/aldeias, pois cada um tem que defender o que é seu, e para tal, antigamente tocavam-se os sinos das Igrejas, para que a população se unisse ao redor das aldeias para as defender, pelo que as populações rurais são fundamentais no combate aos fogos.

Torna-se por isso demasiado importante a política florestal!

Vejamos outra perspetiva: os governos mundiais incentivam a agricultura para a alimentação mundial, com isso existe um ordenamento agrícola, onde não existe fogo praticamente. Ora, a agricultura, tal como a floresta, são fortes contribuintes para o balanço de oxigénio, não tem discussão, pelo que a única opção futura será a politica/ordenamento florestal, facto que não é complicado. A cada ano que passa, a população mundial tem um maior consumo de energia, pois a vida atual assim o exige. Há por isso que apoiar a retirada de massa florestal (pouco rentável) das florestas, incentivar a uma arborização ordenada, com faixas de proteção, construção de estradas agrícolas para corte de fogos e acesso de bombeiros ou de carros de apoio ao combate, apoio à construção de charcas, para que exista água disponível de proximidade ao combate aos fogos.

Tudo isto é incomparavelmente mais barato que o combate aos fogos, é mais produtivo, assim como toda a energia prejudicial da queima nos fogos, seria aproveitada em prol da população, e aumentaria fortemente a produção de oxigénio.

Tudo isto é simples, qualquer leigo pode entender, mas para tal é necessário que os nossos políticos se interessem. Nesta matéria, os políticos dizem que durante o verão não se fala desta matéria, pois estaríamos a discutir a quente, durante o outono, inverno, e primavera os políticos não se interessam, pois, essa matéria não dá votos

A questão da redução dos fogos é sim uma questão política e não qualquer outra!

Duarte Leal da Costa, Diretor Executivo da Ervideira

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