Após as declarações do primeiro-ministro, vem agora na sua esteira o secretário de Estado da administração Interna (SEAI), defender a necessidade de equipas de polícia mistas. Percebe-se a bondade das declarações dos membros do Governo, perante uma Segurança Interna enorme, pesada e confusa, onde Órgãos de Polícia Criminal (OPC) não faltam e os há para todos os gostos. Valha-nos por ora o Sistema de Segurança Interna que através de uma carta tipo mercator e de alguns pioneses de cores diferentes, lá vai sabendo por onde andam os policias, possibilitando que uns não estraguem as investigações dos outros..Todos estes OPC´s são detentores das suas próprias estruturas, umas são civis, outras são militares, outras são militarizadas, outras tem diretores que não são policias, outras tem militares que são policias, outras tem mesmo policias, umas fardam de azul escuro, outras fardam de azul claro, outras fardam de verde, outras não fardam, enfim, temos para todos os gostos, e como tal, lá diz o provérbio popular “se não os consegues vencer, junta-te a eles”..Ora é aqui que esta o busílis da questão, na multiculturalidade policial, que de semelhante só tem mesmo o nome de POLÍCIA, porque em tudo o resto são diferentes, se não vejamos, com a extinção do SEF a PSP ocupou as fronteiras nos aeroportos, o que podemos ver neste momento em Lisboa, são cabines de fronteira, com agentes da PSP e Inspetores da Judiciária a fazer o mesmíssimo trabalho mas com ordenados muitíssimo diferentes, com subsídios de risco diferentes, com fardas diferentes, com sistemas de proteção na doença diferentes, com horários diferentes, com estatutos profissionais diferentes, com academias diferentes, com idades de reforma diferentes, em tudo são diferentes, mas ambos são POLÍCIAS!.Outro dos exemplos tem a ver com os portos comerciais nacionais onde a polícia marítima (PM) já esta há mais de 100 anos implantada. Com os novos modelos policiais, no mesmo cais, temos a GNR a fazer controlo de passageiros, a PSP a fazer ordem pública, a PM a fazer verificação das condições de segurança do navio e se houver um crime de competência reservada, mesmo com tantos e diferentes polícias no cais, pasme-se o senhor leitor, teremos de chamar a PJ. Para compor o quadro de “Una Familia” de Botero, ainda podemos chamar a ASAE a fim de intervir no bar do Cais comercial se assim houver necessidade..Serão deste tipo as equipas mistas a que os nossos governantes se referem? Será este o modelo adequado a uma Segurança Interna ainda assente num paradigma antiquado, obsoleto, onde a vida, o risco, a idade e o conhecimento de cada POLÍCIA tem um valor hora diferente?.Deixemo-nos de uma vez por todas de discursos piedosos e avancemos com máquina avante a toda a força com espírito reformista sobre Portugal, por forma a edificar um sistema policial mais justo, mais equitativo e onde todos os polícias portugueses vejam reconhecidos os seus direitos constitucionais de igual forma..É hora de avançar com uma reflexão sobre um novo modelo organizativo das forças de segurança que defina para todas as forças e seus profissionais, direitos e deveres mais equitativos assim como princípios orientadores da carreira comuns.Uma possível fusão de forças e serviços policiais não só pode trazer eficiência operacional, mas também contribuir para a construção de uma segurança interna mais justa e responsiva pelo que é hora de encetar um diálogo aberto e franco entre todas as partes interessadas e a sociedade civil por forma a garantir a sua aceitação e eficácia de um novo modelo..*Associação Socio Profissional da Polícia Maritima