Mais cores no arco-íris

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Portugal não tem barreiras altas, ao contrário do que por exemplo ocorre na Alemanha, para a representação no parlamento nacional. Para entrar no Bundestag, um partido precisa de ter pelo menos 5% dos votos das eleições federais. No caso português, é a matemática do método proporcional que tem funcionado como obstáculo menor, mas ainda assim efectivo.

Por isso, ontem, o resultado eleitoral de maior destaque é, sem dúvida, a entrada de novas forças políticas em S. Bento. Na verdade, de 4 novas forças políticas, pois a enorme subida eleitoral do PAN, com a passagem a um grupo parlamentar com quatro deputados constitui uma autêntica metamorfose, um momento de refundação de um partido que parece ter aceitado o desafio de alargar a sua visão do mundo, assumindo a responsabilidade de contribuir para a alteração do seu curso em todos os domínios.

Não me parece que o acesso ao parlamento da Iniciativa Liberal signifique um início seguramente promissor. Os liberais lusos sempre estiveram dispersos pelos partidos da direita tradicional. Só os ventos que varrem os dois navios principais da direita parecem explicar a necessidade de embarcar numa vela própria. O futuro dirá se a IL é uma nova fragata ou um simples batel para dias tempestuosos.

A entrada do "Chega" é simbolicamente penalizadora. Portugal passa a ter um deputado extremista. Mas é só isso. Não se pode comparar com a entrada em tropel de 91 neonazis no simpático edifício parlamentar junto ao rio Spree. Nos próximos anos, veremos o niilismo e o vazio desta "força" a fazer pensar duas vezes os seus eleitores na (in) sensatez do voto que lhe foi confiado.

Finalmente, uma palavra para a importância da eleição da deputada Joacine Moreira do "Livre". Ela vai permitir que o partido fundado por Rui Tavares possa ajudar a enriquecer a formação das nossas políticas públicas. Joacine Moreira representa não apenas a maior presença da grande maioria feminina, até agora menorizada no parlamento, como também a presença das minorias étnicas dessa diversidade cultural que é o que de mais vivo deve ser respeitado e alimentado da nossa herança imperial. A ela cabe também a única referência da noite (tanto quanto é do meu conhecimento) à importância de governar para as "gerações futuras".

Na verdade quem pensa que será possível defender um país e um mundo mais justo em 2019, sem colocar no centro da acção política o combate ao imenso fardo que estamos a deixar sobre os ombros dos mais novos e dos que ainda não nasceram, ou está enganado, ou meteu-se na política pelas piores razões.

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