Sobreviver ao stress das férias em família

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Passamos o ano inteiro em contagem decrescente para as férias e, quando elas chegam... é um stress! Pois é, mesmo as situações muito desejadas, como ter um tempo de descanso, originam frequentemente a sensação de que a balança do stress e desequilibrou - sentimos que não temos recursos suficientes para lidar com a exigência das situações.

Nas férias tendemos a idealizar cenários paradisíacos, pessoas felizes e em harmonia, com o chilrear dos passarinhos como pano de fundo. Acreditamos ainda que vamos conseguir fazer as 30 mil coisas que andámos a adiar e que teremos todo o tempo do mundo. Mas a realidade não é bem assim... começa pela escolha do destino de férias, nem sempre consensual, passando depois pelos preparativos para a viagem, quando tentamos acomodar as malas que transbordam e nos fazem questionar se não estaremos, afinal, a mudar de casa. Os miúdos gritam e batem nos irmãos, fazem birras a toda a hora e desafiam a paciência dos mais santos. Os adolescentes vivem com a cabeça enfiada no telemóvel, a dizerem mal de tudo e de todos e com cara de quem faz frete (e faz mesmo). Os pais, sogros, primos e primas que não se viam há algum tempo, as conversas incómodas e as perguntas às quais ninguém quer responder. Os casais tensos, o telemóvel do trabalho que não para de apitar e aquela sensação de que os dias, afinal, têm bem mais do que 24 horas...

Neste contexto, sentimo-nos irritados e sem paciência, refilamos com as pessoas à nossa volta e tendemos a descarregar nos cigarros, nos cafés ou no álcool que se revelam, afinal, óptimas formas de anestesiar o stress.

Mas serão estas as melhores soluções? Como sobreviver ao stress das férias em família?

Se não podemos alterar as circunstâncias que induzem stress (lamento, mas não existem fórmulas mágicas para trazer os adolescentes de volta à vida real nem para dotar de bom senso alguns familiares), podemos, sim, alterar a forma como pensamos sobre elas. Isso depende de nós.

Tente pensar em cada obstáculo ou dificuldade como um desafio que vai conseguir superar. Aprenda também a relativizar. Porque quando mudamos a forma de pensar, também o que sentimos e fazemos se altera.

Sugestões para sobreviver ao stress das férias em família:

1) Seja realista e parta do pressuposto de que as férias irão ter, naturalmente, apectos menos positivos e geradores de stress. Antecipar possíveis obstáculos a umas férias tranquilas, como as filas de trânsito, os tempos de espera nos restaurantes e as brigas dos miúdos, ajuda-nos a estar mais preparados para os enfrentar.

2)Assuma como expectável a existência de conflitos e momentos de tensão entre as várias pessoas, mais prováveis agora que estão juntas durante mais tempo. Fomente a negociação, sendo certo que nem sempre se encontram soluções que agradam a todos. Ok, hoje vamos à praia e amanhã ficamos no hotel a fazer atividades. Cada um tem o que deseja, mas à vez.

3)Os casais não se resumem ao papel de pais e precisam de algum tempo para estar a sós. Aproveitem a presença de amigos ou familiares e deleguem um pouco a tarefa de cuidar das crianças. Elas também beneficiam com isso e agradecem os mimos exagerados dos avós!

4)Mantenha-se focado naquilo que tem conseguido fazer (como ler, nadar, ouvir música, passear), ao invés de se centrar no que ainda não fez.

5)Controle o consumo de tabaco, café e álcool. Se, numa primeira fase, o consumo ajuda a relaxar, acaba depois por transformar-se num fator indutor de stress. Lembre-se que anestesiar o stress não o resolve.

6)Mantenha uma alimentação e rotinas de sono equilibradas, aceitando sem se autoflagelar que possa cometer alguns excessos. Seguir um ideal de perfeição não ajuda em nada!

7)Dedique algum tempo só para si, para fazer aquilo que lhe apetecer. Mesmo que seja fazer nada. «Eu tenho o direito a ter alguns momentos para mim» é uma ideia que deve interiorizar e passar à prática.

8) Aceite que as crianças precisam de descomprimir, especialmente este ano, após meses fechadas em casa! E equilibre esta compreensão com a definição de regras e limites. Acredite, dizer «não» nunca traumatizou criança alguma!
Modere o nível de exigência face aos filhos adolescentes. Sabemos que, para eles, estar apenas com os pais e irmãos «é uma seca brutal, tipo, não tenho nada para fazer». Deixe-os interagir com os amigos, nem que seja através das redes sociais... acredite, esta fase um dia vai passar.

10)E socorra-se do humor... muito humor, em doses exageradas e superlativas, ajuda a minimizar o impacto negativo do stress.

«A minha família não é perfeita, mas eu não a trocava por nenhuma outra!»
Diga lá se não é verdade?

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