Voa, mas voa baixinho
Grandes pistas de aviação estão às portas de Lisboa e do lado de cá do rio Tejo. Não exigem a construção de uma nova ponte nem o investimento em barcos ou a reinvenção de linhas de transportes fluviais. Estão aqui, mesmo debaixo do nosso nariz, e hoje já lá aterram gigantes dos ares, sejam militares sejam civis.
Alverca e Sintra são as opções óbvias para uma solução que alivie a Portela do imenso tráfego aéreo. As pistas estão lá, os comboios estão à porta - sobretudo no caso de Alverca, cuja estação está literalmente colada à pista de aviões e ao Museu do Ar - e as autoestradas também passam por ali. Porém, um estudo vem agora defender que o Montijo é a única "opção tecnicamente viável" para a Portela. É da autoria da Eurocontrol - Organização Europeia para o Controlo Aéreo Europeu.
Se as pistas das bases militares não fossem seguras, estariam os aviões militares e os aviões civis, que ali fazem manutenção, a aterrar, por exemplo, em Alverca?
Será que Alverca ou Sintra, por já terem tanta infraestrutura construída, não vão dar a ganhar o suficiente a alguém neste país? Vale a pena fazer a pergunta. É sabido e assumido que a solução Portela+1 não resolve o problema no longo prazo, seja em Alverca, Sintra ou Montijo. Mas todos já sabemos que no curto/médio prazo é necessária uma solução rápida, perto de Lisboa, segura e com baixo investimento.
Economistas de norte a sul já tinham defendido Alverca como a mais razoável e sustentável para o país, por oposição a Alcochete. Hoje, com o gigante desafio económico que o país tem pela frente, sem tempo nem dinheiro para gigantismos, a outra pergunta a fazer é porquê optar pela pista do Montijo, que fica mais distante da capital?
Os pilotos têm estado algo divididos nas opções discutidas até aqui. Os militares, já se sabe, não pretendem ceder nenhuma das pistas sem fortes contrapartidas. E o governo defende-se com o estudo que valida a base aérea n.º 6 no Montijo como a melhor opção para complementar o aeroporto de Lisboa, enquanto não for construída uma infraestrutura aérea de raiz.
É preciso ter em conta que esta pode vir a ser a opção mais cara e, pior, está dependente da cedência de frações de espaço militar, tanto em Sintra como em Monte Real. O uso de espaço militar será um osso duro de roer para os homens de farda e uma pedra no sapato do ministro Pedro Marques. O governante prometeu uma solução em breve para o aeroporto de Lisboa e diz que o processo será desencadeado em 2017. Olhe-se à volta e encontrem-se soluções rápidas, sem investimentos megalómanos.